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Coluna Vitor Vogas

Quem sairá maior das urnas no ES na noite deste domingo? Respondemos

Os partidos e os líderes políticos que sairão fortalecidos destas eleições municipais, já pensando na próxima eleição estadual, em 2026. Fazemos, aqui e agora, algumas previsões importantes, a partir de meses de apurações que culminam com este momento

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Arnaldinho na convenção conjunta dos 12 partidos que o apoiam em Vila Velha. Foto: assessoria de Arnaldinho

Arnaldinho na convenção conjunta dos 13 partidos que o apoiam em Vila Velha (20/07/2024). Foto: assessoria de Arnaldinho

Quando os votos dos mais de 2 milhões de eleitores capixabas forem totalizados nos 78 municípios na noite deste domingo (6), saberemos quem terá saído politicamente mais forte destas eleições municipais. Não me refiro só aos candidatos vitoriosos, mas também a partidos, dirigentes e líderes políticos do Espírito Santo, já tendo como horizonte a próxima eleição estadual, em 2026 – da qual este pleito municipal é, ante de tudo, uma “escala preparatória”.

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As urnas sempre nos reservam uma ou outra surpresa, mas me arrisco a fazer, aqui e agora, algumas previsões importantes, com base em uma série de pesquisas eleitorais e em meses de apurações que culminam com este momento, incluindo o longo período de articulações pré-campanha (as quais ajudam a definir uma eleição antes mesmo de a campanha oficial começar, bem longe das vistas dos eleitores).

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Podem me cobrar.

Na categoria “partidos”, haverá, numericamente, cinco grandes vencedores em território capixaba, não necessariamente nesta ordem:

. o Podemos – presidido no ES pelo deputado federal Gilson Daniel;

. o Progressistas (PP) – cujo presidente estadual é o deputado federal Josias da Vitória, desde abril de 2023;

. o Partido Socialista Brasileiro (PSB) – comandado no Estado, há décadas, mesmo sem cargo de presidente, pelo governador Renato Casagrande;

. o Republicanos – dirigido no ES, desde 2022, pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa Erick Musso;

Um passo atrás:

. o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – conduzido no ES, há um ano, pelo vice-governador Ricardo Ferraço.

Podemos, PP e PSB vão disputar qual dos três consegue eleger prefeitos no maior número de cidades. Esse deverá seu o pódio.

Podem me cobrar também:

Esses cinco partidos, juntos, conseguirão eleger, no mínimo, 65% (ou dois terços) dos prefeitos capixabas, ou seja, pelo menos 52 dos 78 prefeitos eleitos no Espírito Santo (ressalvando, é claro, que a decisão na Serra terá de esperar até 27 de outubro e talvez também em Vitória).

Isso considerando o universo de 78 cidades, que vai de quase “vilas” com menos de 10 mil habitantes a uma cidade como a Serra, com mais de meio milhão.

Façamos, então, outro recorte, restringindo nossa análise às 10 cidades mais populosas do Estado: Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina, São Mateus, Guarapari e Aracruz.

Considerando apenas essas dez cidades, que respondem por bem mais da metade da população capixaba, os prefeitos eleitos tendem a ficar restritos apenas a quatro partidos: Podemos, PP, Republicanos e MDB.

O Podemos seguramente reelegerá o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo. Tem chances muito grandes de fazer o de Linhares, com Lucas Scaramussa. Ainda pode eleger o de São Mateus, com Marcos da Cozivip. Viana não entrou na nossa lista, mas o prefeito Wanderson Bueno, também do Podemos, está reeleito com os dois pés nas costas.

O PP na certa elegerá o da maior cidade do sul, Cachoeiro de Itapemirim, com o retorno apoteótico do lendário Theodorico Ferraço (merece uma biografia, aliás, por que ainda não escreveram?). Em Aracruz, pelo mesmo partido, o prefeito Doutor Coutinho está virtualmente reeleito. O partido de Da Vitória também está no páreo em Guarapari, com Zé Preto, além de ter chances enormes de ir para o 2º turno na Serra, com Audifax Barcelos.

Pelo MDB, o prefeito Euclério Sampaio, de Cariacica, será reeleito. E o de Colatina, Guerino Balestrassi, tem boas chances, numa ótima disputa local com o ex-deputado Renzo Vasconcelos (PSD).

Republicanos: all or nothing

Quanto ao Republicanos de Erick Musso, chega ao dia da votação numa situação meio inusitada. O partido foi bem seletivo: não lançou candidatos em um número exagerado de cidades, mas tem candidatos bem competitivos em diversos municípios estratégicos.

Se fosse um jogo de pôquer, poderíamos dizer que o Republicanos vem para este domingo num all or nothing, “ou tudo ou nada”: pode tanto “quebrar a banca”, elegendo os prefeitos de muitas cidades importantes, como acabar morrendo na praia em muitas delas, onde o candidato republicano está em disputa acirrada com outro postulante.

Em Guarapari, o candidato do Republicanos, Rodrigo Borges, chega ao grande dia com algum favoritismo, a julgar pelas pesquisas mais recentes… Mas o vereador está num páreo duríssimo com Zé Preto (PP), e a chegada é imprevisível.

Imprevisível também é o desfecho da eleição em São Mateus, onde Carlinhos Lyrio, do Republicanos, está numa eleição à parte com Marcos da Cozivip, do Podemos.

Em Linhares, o atual prefeito, Bruno Marianelli (Republicanos), ainda tem chances concretas, embora Lucas Scaramussa (Podemos) tenha aberto certa vantagem sobre ele nos últimos dias.

Na Serra, Pablo Muribeca pode chegar (ou não) ao 2º turno…

Em Vitória, joia da coroa e prioridade máxima do Republicanos, ninguém duvida que Lorenzo Pazolini será o candidato mais votado neste domingo e que, na pior hipótese, já está no 2º turno. A questão é exatamente esta: conseguirá o prefeito atingir mais da metade dos votos válidos e resolver o problema hoje, ou terá de enfrentar um 2º turno, contra João Coser (PT) ou Luiz Paulo (PSDB)?

E quanto ao PSB?

O PSB veio para esta eleição no ES com uma estratégia parecida com a do PT em âmbito nacional: em cidades importantes, privilegiou o fortalecimento de parceiros estratégicos de outros partidos, inclusive de centro-direita, já visando à preparação de uma frente ampla para as eleições de 2026 (Senado e sucessão de Casagrande no Palácio Anchieta).

Tipo assim: “Vamos nos dispor a perder aqui e ali, abrir mão de cidades importantes em favor de aliados estratégicos, para começar a formar uma frente ampla visando à eleição de Casagrande para o Senado em 2026 e à sucessão do governador…”

Com isso em mente, o PSB lançou muitos candidatos, mas, basicamente, em cidades pequenas. Poderá até fazer mais de 15 prefeitos, mas, somando todas as cidades governadas, talvez não alcance a população de uma Serra ou de uma Vila Velha…

Nos dez maiores municípios listados, o PSB só lançou uma candidata a prefeita, em Cachoeiro: Lorena Vasques, aliada do prefeito Victor Coelho, também do PSB. Ela não tem a menor chance de vitória.

E Casagrande?

Casagrande entrou pessoalmente (participando de atos de rua ou mandando declarações de apoio) na campanha de aliados em dezenas de cidades no ES. Vamos nos ater às principais.

No saldo geral, a balança política do governador tende a ser positiva: participou de corpo presente de atividades de Arnaldinho, Euclério e Wanderson Bueno. Os três se elegerão tranquilamente. Fez o mesmo na Serra, mais de uma vez, com Weverson Meireles (PDT). O candidato de Sergio Vidigal (PDT) tem boas chances de chegar ao 2° turno.

Em Cachoeiro, ele gravou para Lorena Vasques, mesmo sem chances de vitória… Mas não dá para pôr essa derrota na conta do governador. Declarar apoio à única candidata do PSB em uma cidade do top ten capixaba era quase uma obrigação moral…

Agora, a “prova dos nove” para Casagrande estará mesmo em duas cidades-chave, onde ele realmente arriscou seu prestígio político na reta final da campanha: Colatina e Guarapari. Ele declarou apoio, respectivamente, aos aliados Guerino Balestrassi (MDB) e Zé Preto (PP). A ver os resultados mais tarde…

Possíveis candidatos ao Governo do ES e ao Senado: quem sai fortalecido para 2026

É consequência do tópico “partidos que saem mais fortes”. Na categoria “líderes com aspirações eleitorais majoritárias em 2026” (Palácio Anchieta ou Senado), sairão fortalecidos, respectivamente:

. Gilson Daniel, dono da máquina do Podemos no ES: pode ser candidato a governador.

. Da Vitória e Evair de Melo. O primeiro pilota o PP no Estado. O segundo é o 02 do partido no ES. Ambos querem concorrer ao Palácio Anchieta.

. Erick Musso e seu grupo político, albergado no conservadoríssimo Republicanos. O “me dei bem e cresci para 2026” pode incluir Pazolini, dependendo do próprio resultado eleitoral em Vitória. Se reeleito, mais ainda se reeleito neste domingo, se tornará automaticamente o pré-candidato do Republicanos a governador.

. Correndo por fora, Ricardo Ferraço também fez seu dever de casa e, se for candidato ao Palácio Anchieta em dois anos (ou à reeleição, caso Casagrande renuncie para disputar o Senado), deverá ter uma “base emedebista” espalhada pelo ES para sustentar a candidatura. Se Luiz Paulo chegar ao segundo turno e surpreender Pazolini, nem se fala…

. Renato Casagrande, eminência parda do PSB. Elegendo um bom número de aliados na Grande Vitória e um batalhão de prefeitos pelo PSB no interior, ele facilita seu próprio caminho para ficar com uma das duas vagas do ES no Senado… Mas, mesmo com duas cadeiras, será uma eleição difícil (há os extremos: PT e PL…).

Para fortalecer a provável candidatura ao Senado, Casagrande na certa terá de fazer uma boa composição com a centro-direita, como de fato começou a construir neste pleito municipal, com o PSB privilegiando parceiros desse campo na Grande Vitória.

. O presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil), é outro que deve ver a vitória de dezenas de candidatos apoiados pessoalmente por ele, de maneira suprapartidária, de norte a sul do Estado. Marcelo, a princípio, é candidato a deputado federal em 2026.

Arnaldinho, Euclério e Weverson: prefeitos terão lugar à mesa

Dada a votação consagradora que deverão obter, Arnaldinho (Podemos) e Euclério Sampaio (MDB) também poderão reclamar um lugar à mesa com os políticos citados acima e entrar no mesmo carteado, embaralhando ainda mais o jogo sucessório do Palácio Anchieta.

Wanderson Bueno (Podemos) também deverá obter votação estupenda (talvez a maior da Grande Vitória, percentualmente). Por governar um município pequeno como Viana, falar em Palácio Anchieta é demais para o jovem político em franca ascensão. Mas ele certamente se colocará na “plataforma de lançamento dos foguetes”, em posição de pleitear coisas maiores na política estadual nos próximos anos – a exemplo do seu mentor político, Gilson Daniel.

Vidigal não pode ser esquecido

Por fim, se conseguir levar Weverson para o 2º turno (primeira parte da missão) e elegê-lo no dia 27 (segunda etapa), Vidigal também se colocará bem no jogo visando às próximas eleições majoritárias estaduais.

Consagrado e “aposentado por cima” em seu reduto (nada menos que a maior cidade do ES), o atual prefeito poderá tirar uns meses sabáticos e então começar a pavimentar candidatura ao governo pelo PDT em 2026, ancorada no maior colégio eleitoral do Estado, governado então pelo seu aluno. Não terá absolutamente nada a perder.

Mas repito: a viabilidade do projeto depende de eventual sucesso do “Plano Weverson”. Como ninguém neste processo eleitoral no ES, Vidigal foi para o risco total, encarando praticamente um tudo ou nada.

Se o plano der certo, ele alcançará um feito inédito. Fará barba, cabelo e bigode, saindo como o maior vencedor destas eleições municipais no Estado e ficando muito fortalecido para um voo maior em 2026. Se não der, ele ficará sem a prefeitura e sem base de lançamento alguma para 2026. Sairá derrotado do pleito jogando em casa, sem ter conseguido fazer seu sucessor mesmo tendo a máquina na mão. Aí, adeus 2026.


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