Coluna Inovação
Apesar de tudo, o mundo é melhor agora
Do Iluminismo ao presente, o progresso tem redefinido nosso mundo. Mas será que todos têm acesso a esses avanços? Uma reflexão necessária
Se você tivesse que escolher um momento na história para nascer e não soubesse de antemão quem você seria – não soubesse se iria nascer em uma família rica ou em uma família pobre, em que país nasceria, se seria homem ou mulher -,[…], você escolheria agora. Palavras de Barack Obama, alinhada com a conclusão do excelente livro “O Novo Iluminismo” de Steven Pinker, professor do departamento de psicologia em Harvard.
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O iluminismo floresceu no século XVIII, com impactos fundamentais: baixa mortalidade infantil, abundância de alimentos, água limpa nas torneiras, vasos sanitários, comprimidos contra infecções, filhos que não são mandados para a guerra, filhas que andam em segurança, opositores que não são presos ou fuzilados, o conhecimento e a cultura mundiais disponíveis no bolso. E uma avalanche de Revoluções: direitos civis, das mulheres, dos homossexuais, das crianças, dos animais. Mas tudo isso são realizações humanas. Época exuberante de ideias, todas ligadas por quatro temas: razão, ciência, humanismo e progresso.
No iluminismo defendeu-se o critério da razão para entender o mundo, em vez de ilusões místicas. O segundo tema, a ciência, é o refinamento da razão para entender o mundo. Um inglês instruído em 1600 acreditava em bruxas, lobisomens, geração espontânea de ratos, transformar metal em ouro, e que a Terra é imóvel e o Sol gira em torno delas. Todos os fenômenos naturais metiam medo.
O terceiro tema é o humanismo, que busca o bem-estar das pessoas acima da tribo, raça, nação ou religião, e depois de séculos de carnificina religiosa: as Cruzadas, a Inquisição, as caças às bruxas, as guerras religiosas. Condenou-se também a escravidão, o despotismo, as execuções por ofensas triviais, e as punições sádicas como açoitamento, amputação, empalação e incineração na fogueira.
Os três temas permitiram o quarto: o progresso. Instituições como governos, leis, escolas, mercados e organismos internacionais contribuíram para aplicar a razão no melhoramento da nossa espécie.
A tecnologia permite comprar coisas que não existiam, por exemplo, refrigeração, eletricidade, instalações sanitárias, vacinas, telefones, contracepção e viagens aéreas. O conceito de pobreza fica diferente. Em 2011, mais de 95% dos lares americanos abaixo da linha da pobreza pela renda possuíam eletricidade, água corrente, vasos sanitários com descarga, geladeira, fogão e TV em cores. Um século e meio antes, os milionários Rothschild não tinham nada dessas coisas.
Apareceu também com o iluminismo a primeira análise racional da prosperidade. Não como a riqueza é distribuída, mas como ela surge. Adam Smith mostrou como um indivíduo cuidando da sua família e de si mesmo pode atuar em benefício de todos.
Isso nos levou a outro ideal do iluminismo: a paz. A guerra foi o passatempo natural dos governos, e a paz, mero intervalo entre conflitos.
O mundo fez um progresso espetacular para o bem-estar humano. Esses ideais necessitam de uma defesa entusiasmada. Será que no Brasil também vivemos todo esse novo iluminismo ou apenas parte dele? Há controvérsias.
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