Coluna Vitor Vogas
Quem deve fazer parte da equipe de governo de Weverson na Serra
E mais: os secretários de Vidigal que seguramente serão mantidos; a pasta a ser assumida pela vice-prefeita eleita; a provável representante do PT no 1º escalão do pedetista; os partidos que serão representados no secretariado; a reforma administrativa planejada por Weverson; as três áreas priorizadas para se transformarem nas marcas da gestão
“Continuidade com renovação”. Esse foi um dos lemas da campanha de Weverson Meireles (PDT), candidato de Sérgio Vidigal (PDT), à Prefeitura da Serra – assim como “a mudança segura”. O lema está sendo levado em conta na formação da equipe de governo do sucessor de Vidigal. A montagem do secretariado de Weverson refletirá essa mescla de “continuidade” com “renovação”, mas o que tende a prevalecer no momento, com base em nossa apuração, é a ideia de continuidade: grande parte dos atuais secretários municipais deverá ser mantida, ainda que alguns troquem de pasta.
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É bem provável, ainda, que uma antiga secretária volte para a equipe e que a vice-prefeita eleita, Delegada Gracimeri Gaviorno (MDB), assuma uma secretaria. Poucas efetivas “novidades” deverão ser anunciadas.
Na atual estrutura administrativa da Prefeitura da Serra, existem 22 cargos com status de secretário municipal, hoje ocupados por 17 pessoas (alguns acumulam o comando de duas pastas ou até três). É certíssimo que alguns dos atuais secretários permanecerão no cargo. Entre eles, podemos destacar:
. Henrique Valentim será mantido na Fazenda, secretaria comandada por ele durante toda a atual administração de Vidigal. De perfil técnico, o especialista em gestão pública municipal tem o trabalho muito bem avaliado internamente.
. Ricardo Pandolfi é o atual secretário de Gestão e Planejamento, além de comandar interinamente a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo. Deve continuar à frente da primeira pasta.
. Izabela Roriz, também bem avaliada e com viés técnico acentuado, seguirá no comando da Secretaria de Obras.
. Enivaldo Pereira continuará à frente da Secretaria de Serviços. Dirigente municipal do PDT, ele é muito ligado à atual primeira-dama, Sueli Vidigal (PDT).
. Também militante do PDT e muito bem relacionada com Sueli, além de bem avaliada internamente, Lilian Pereira é a atual secretária de Políticas Públicas para as Mulheres e responde interinamente pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania. No governo de Weverson, deve assumir o comando da Secretaria de Educação, alvo de grande disputa entre partidos aliados ao PDT na Serra. Ainda não há substituto definido para Lilian nas duas secretarias tocadas por ela.
. Cláudio Denicoli é o atual secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e acumula a chefia de outras duas pastas: a de Agricultura e a de Meio Ambiente. Tem enormes chances de permanecer no alto escalão, em uma dessas secretarias.
. Na cobiçada (e sempre muito delicada) Secretaria de Saúde, Weverson chegou a cogitar uma mudança. Mas é provável que seja mantida a atual secretária, Fernanda Coimbra Mota da Silva. Aqui também se verifica o dedo de Sueli – muito ativa e influente, como se pode perceber, na escalação da equipe do sucessor do marido.
. Também é muito provável que o atual procurador-geral do município, Edinaldo Loureiro Ferraz, permaneça no cargo.
Portanto, a julgar pela montagem da equipe de governo de Weverson, na passagem de bastão de Vidigal para ele, a continuidade começará predominando sobre a renovação.
Gracimeri Gaviorno fortemente cotada para a Defesa Social
Eleita na chapa de Weverson, a delegada aposentada da Polícia Civil certamente assumirá uma secretaria municipal, acumulando-a com as funções institucionais de vice-prefeita. Duas opções estão na mesa: a de Políticas Públicas para as Mulheres (já chefiada por ela na Serra) e a de Defesa Social, hoje comandada por Joel Lyrio Junior. É bem mais provável que ela assuma a de Defesa Social, sempre muito visada e equivalente à de Segurança Pública no Governo do Estado.
A próxima secretária de Comunicação
A jornalista Renata Salgueiro deve assumir a Secretaria de Comunicação da Serra. Ela já trabalhou com a também jornalista e ex-secretária estadual de Comunicação Andréia Lopes, que, desde a campanha, presta serviços particulares de assessoria de comunicação a Weverson. Houve conversas entre os dois, aliás, mas Andréia seguirá na iniciativa privada, tocando sua empresa de consultoria.
Secretariado deve ter integrante do PT
A vereadora Elcimara Loureiro, filiada ao PT, tem grandes chances de assumir a Secretaria de Assistência Social, ou melhor, de voltar a chefiar a pasta, já comandada por ela por quase oito anos, entre 2013 e 2020 – durante os dois últimos governos quase inteiros de Audifax Barcelos. A atual secretária é Cláudia Maria da Silva.
No atual mandato, a se encerrar na próxima terça-feira (31), Elcimara foi a única vereadora do PT na Câmara da Serra. Na verdade, ela se elegeu em 2020 pelo Progressistas (PP), mas, no meio do mandato, mudou de partido com uma carta de anuência da direção estadual, por conta dos rumos tomados pelo PP na política nacional (muito misturado ao bolsonarismo) e na política local (abrigando a candidatura de Audifax a prefeito, contra o grupo de Vidigal).
Primeira secretária da Mesa Diretora da Câmara, Elcimara fez parte da base de apoio de Vidigal na atual administração. Disputou a reeleição pelo PT, mas não conseguiu se reeleger.
Na eleição para a Prefeitura da Serra, o PT teve candidato próprio no 1º turno: o ex-deputado estadual Roberto Carlos, timidamente votado. O 2º turno foi marcado por uma polêmica entre PT e PDT. A direção municipal do PT chegou a aprovar e indicar apoio formal a Weverson, mas o candidato e o PDT recusaram publicamente esse apoio. O então presidente do PDT da Serra, Alessandro Comper, chegou a divulgar uma nota afirmando isso.
A recusa peremptória ficou ruim para o PT, mas foi uma evidente estratégia da campanha de Weverson para evitar atrair o antipetismo e a rejeição de parte do eleitorado à esquerda, numa disputa que àquela altura ganhava contornos mais ideológicos com o adversário Pablo Muribeca (Republicanos).
Agora, mesmo que Elcimara não seja necessariamente uma “indicação partidária”, mas escolhida por seu perfil e experiência na Assistência Social – as duas coisas, aliás, não se excluem –, o fato é que o governo de Weverson, se confirmada a nomeação, terá uma representante do PT em seu primeiro escalão.
Elcimara não tem a menor intenção de se desfiliar do partido.
Os partidos que serão representados
Por falar nisso, além do PDT (com o maior número de secretários) e do PT (com Elcimara), três partidos deverão ter representação no secretariado de Weverson: MDB, PSB e Podemos. Foram justamente as três agremiações mais importantes na coligação do candidato pedetista, desde o 1º turno.
Comandado na Serra pelo ex-deputado estadual Luiz Carlos Moreira, o MDB deve indicar um quadro para ocupar uma pasta (além de Gracimeri Gaviorno, que, como vice, não entra nessa cota).
Já o Podemos, representado na Serra pelo deputado estadual Alexandre Xambinho, trabalha para emplacar dois secretários, até para compensar a derrota no cabo de guerra com o MDB na escolha da candidata a vice-prefeita. Uma, pelo menos, é certa: o partido deve indicar o próximo secretário de Esportes e Lazer (pasta que será desmembrada, passando a ter estrutura própria).
Enquanto isso, o PSB do governador Renato Casagrande – que foi para a rua fazer campanha para Weverson – também preencherá um espaço. Tocado na Serra pela ex-vice-prefeita Márcia Lamas, o partido queria indicar a próxima secretária de Educação (talvez a própria), mas a pasta, como visto acima, deve ficar com Lilian Pereira.
Márcia Lamas foi secretária de Educação duas vezes, no primeiro governo de Sérgio Vidigal e no terceiro (2009-2012). Mas os dois se distanciaram porque ela foi vice-prefeita de Audifax de 2017 a 2020.
Pablo Lira foi convidado, mas seguirá no Instituto Jones
Diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) desde o começo de 2023, o professor e pesquisador Pablo Lira (PSB) foi o coordenador da equipe de transição de Weverson, cujos trabalhos se encerraram nesta semana, com a apresentação do relatório final, na última segunda-feira (23).
Pablo foi convidado por Weverson para participar da sua equipe de governo. Não chegaram a especificar um espaço.
No entanto, ele preferiu permanecer à frente do IJSN por ter um compromisso prévio, com o governador Renato Casagrande, de permanecer até o fim do governo, e por ser servidor de carreira do órgão. Pablo é servidor concursado no cargo de especialista em políticas públicas e gestão governamental, lotado no próprio IJSN desde 2010.
“Vou seguir ajudando a gestão do Weverson no Instituto Jones”, conta ele.
A equipe de transição de Weverson foi formada por seis membros: Pablo Lira, o ex-secretário da Fazenda de Vitória Alberto Borges e a subsecretária estadual de Planejamento, Andressa Pavão (indicados por Weverson); o secretário municipal da Fazenda, Henrique Valentim, o secretário municipal de Gestão e Planejamento, Ricardo Pandolfi, e o procurador-geral do município, Edinaldo Loureiro Ferraz (indicados por Vidigal).
Os três últimos permanecerão nos respectivos cargos.
Reforma administrativa a caminho
A partir do seu plano de governo e do relatório da equipe de transição, Weverson deve enviar à Câmara da Serra, logo no começo do mandato, projetos de lei visando implementar uma reforma administrativa. A ideia será mudar o desenho de algumas secretarias, a fim de valorizar e dar maior enfoque a três áreas identificadas como prioritárias para o sucesso do seu governo.
A primeira delas é o turismo. Hoje, existe no organograma a inchada Secretaria Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer. Essa pasta será desmembrada em duas. Possivelmente, uma delas será só de Esportes e Lazer, enquanto a outra será a Secretaria de Cultura e Turismo, conectada à pauta da economia criativa.
Com a regulamentação da reforma tributária, aprovada no fim deste ano pelo Congresso Nacional, o turismo é considerado uma das áreas que poderão compensar a perda de arrecadação a ser fatalmente amargada, nos próximos anos, por municípios como a Serra, com alta produção industrial, mas baixo poder de consumo.
A segunda pauta prioritária é a do desenvolvimento econômico e empreendedorismo. Hoje, já existe uma secretaria específica da área, mas a ideia é que, na gestão de Weverson, ela passe a ser mais conectada com as pautas de trabalho e geração de renda e também com os grandes investimentos privados previstos ao norte da Serra.
Em Aracruz e Linhares, está prevista a construção do Parque Logístico Espírito Santo (Parklog/BR), abrangendo três futuros portos privados: Barra do Riacho, Portocel e Imetame. Bem ao lado, está instalada a primeira Zona de Processamento e Exportação (ZPE) privada do país, anunciada no ano passado pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), com potencial para atrair, nos próximos anos, a instalação de muitas empresas interessadas em escoar sua produção por esse novo complexo portuário.
O da Imetame, por exemplo, um porto de águas profundas, deve começar a receber atracações já no ano que vem. Com isso, a dinâmica de movimentação de cargas na área direta e indireta da ZPE começará a se intensificar durante a administração de Weverson. Aliado às obras do Contorno de Nova Almeida e do Contorno de Aracruz, isso abre uma grande possibilidade de crescimento logístico – e desenvolvimento econômico – no norte do município da Serra nos próximos anos. É uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.
O terceiro e último eixo que Weverson pretende priorizar é o de ciência, tecnologia e inovação.
Na região de Laranjeiras, será construído o Parque Científico e Tecnológico da Serra – parceria do Ifes com Governo do Estado, Prefeitura da Serra e Associação dos Empresários da Serra (Ases). A implementação do projeto inaugura uma avenida de investimentos a ser aproveitada pelo município.
Hoje, a prefeitura já tem a Secretaria Municipal de Inovação, Ciência e Tecnologia, mas esta deverá ser mais valorizada, inclusive com um orçamento mais robusto no decorrer da administração de Weverson.
Se as apostas derem certo, essas três pautas poderão se transformar nas marcas do governo do sucessor de Vidigal.
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