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Coluna Vitor Vogas

Pode isso? Nova Mesa Diretora da Ales une deputados do PL e do PT

Saiba o que dizem João Coser, Danilo Bahiense e Casagrande sobre essa estranha junção. E mais: as comissões que têm disputa na Assembleia; o aceno do governador a Ferração; os maiores climões na posse dos deputados em plenário

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João Coser e Danilo Bahiense agora são companheiros de Mesa

O que a eleição na Assembleia uniu nem as ideologias separam. Formada por sete integrantes, a nova Mesa Diretora da Casa é marcada por um curioso detalhe: a presença de um deputado do PT de Lula e de um parlamentar do PL de Jair Bolsonaro.

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O 1º secretário da Mesa agora é João Coser (PT); o 2º vice-presidente é o Delegado Danilo Bahiense (PL). Os dois compuseram a chapa única encabeçada pelo deputado Marcelo Santos (Podemos), o novo presidente, eleita com o apoio de 27 dos 30 deputados na última quarta-feira (1º).

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A coluna ouviu Coser, Bahiense e o governador Renato Casagrande (PSB), principal cabo eleitoral da chapa, sobre esse inusitado “encontro”.

Casagrande: “Diálogo fácil”

Ao governador, perguntamos se a inclusão de Bahiense na chapa foi endossada por ele. O deputado do PL foi encaixado na chapa de Marcelo no acordo firmado entre o candidato do governo e Vandinho Leite (PSDB). Foi uma das condições de Vandinho para topar recuar da disputa.

Segundo Casagrande, a entrada do deputado do PL, apoiador de Manato (PL) contra ele no ano passado, não dependeu do endosso do Palácio Anchieta, mas foi informada previamente. Ele aposta no bom diálogo com Bahiense:

“Não, isso foi informado ao Palácio Anchieta. Eles fizeram essa negociação. Mas nós não temos problema nenhum. O deputado Bahiense é uma pessoa de fácil diálogo, e a gente tem certeza de que vai ter um bom diálogo com ele”, disse o governador.

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Bahiense: “Carinho e respeito mútuo”

Já Bahiense chamou Coser de amigo e disse ter respeito e carinho não só por ele como também por Iriny Lopes, a outra integrante da bancada do PT:

“Eu tenho um carinho muito grande pelo João, como tenho pela Iriny. Nós temos respeito mútuo. Então não vejo dificuldade nisso. Aqui é o Parlamento, e nós precisamos falar com todos. João é um grande amigo, de muitos anos. Eu atendo a Iriny desde, salvo engano, 2001, dando apoio às demandas dela, como delegado de Proteção à Pessoa. A gente tem um carinho muito grande um pelo outro, a gente brinca muito aqui, então não vejo dificuldade nenhuma.”

Coser: “É natural e é mais correto”

Por sua vez, o novo 1º secretário da Mesa disse que esse tipo de arranjo é normal e é “a coisa mais correta” em uma “Casa de composição”:

“Acho extremamente normal e natural porque é assim que funcionam as Casas Legislativas. É uma Casa de composição. Do ponto de vista político, no plenário e nas comissões, as pessoas vão expressar suas opiniões. Vejo isso como a coisa mais natural e inclusive, na minha avaliação, mais correta. Tenho relacionamento excelente com Danilo e não tenho nenhuma dificuldade com nenhum deles, pelo menos os que já conheço.”

Comissões em disputa

A presidência da Comissão de Finanças está entre Mazinho dos Anjos (PSDB) e Tyago Hoffmann (PSB), com vantagem para o segundo.

A de Segurança é disputada por Denninho Silva (UB) e Danilo Bahiense (PL).

A de Cooperativismo está entre Hudson Leal (Republicanos) e Allan Ferreira (Podemos).

E a de Agricultura, sempre muito cobiçada, é disputada por Janete de Sá (PSB), Adilson Espindula (PDT) e Lucas Scaramussa (Podemos).

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A ausência de Ricardo

Na posse dos deputados estaduais, não passou despercebida a ausência do vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB). Ele realmente ficou em situação muito delicada, pois os dois maiores derrotados pelo movimento do Palácio Anchieta foram os deputados Theodorico Ferraço (PP) e Vandinho Leite (PSDB), respectivamente seu pai e o presidente estadual do seu partido.

O afago de Casagrande em Ferraço

Theodorico Ferraço já declarou que foi empurrado para a oposição ao governo. Não por acaso, para amansar a fera, Casagrande fez um belo afago no deputado durante seu discurso da tribuna: “Ferraço chega a seu 15º mandato. Parabéns! Porque chegar a 15 mandatos delegados pela população é, de fato, serviços prestados”.

Lado a lado com o inimigo

Por falar em situações delicadas, em dado momento da cerimônia, Casagrande ficou sentado à mesa de autoridades bem ao lado do jovem e novato deputado Lucas Polese, do PL. Há alguns anos, Polese faz oposição pesada ao governo Casagrande nas redes sociais, e o governador já moveu alguns processos contra ele por danos morais.

Casagrande e Lucas Polese lado a lado na cerimônia de posse dos deputados estaduais (01/02/2023)

Choque geracional

Outro perfilamento curioso foi o do mesmo Lucas Polese (26 anos) com Theodorico Ferraço (85 anos), separados por quase seis décadas de vida e experiência política. Ferraço poderia ser avô ou até bisavô de Polese.

Lucas Polese e Theodorico Ferraço lado a lado na cerimônia de posse dos deputados estaduais (01/02/2023)

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Choque de valores

E esse não foi o único choque testemunhado na sessão de posse. Para discursar em nome dos 14 deputados reeleitos, foi convidada Iriny Lopes (PT); em nome dos novatos, foi chamado Alcântaro Filho (Republicanos).

Em seu pronunciamento, denotando um estilo progressista, Iriny referiu-se duas vezes a “todos, todas e todes”.

Já Alcantaro levou à tribuna uma grande edição da Bíblia e citou o Evangelho segundo Mateus, capítulo 20, versículo 28: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir”. “Que sejamos seguidores fiéis do Evangelho de Cristo no amor ao próximo”, conclamou o deputado de Aracruz. E arrematou, erguendo a Bíblia: “Deus, família e Espírito Santo!”

“Muito prazer!”

Vamos dar um desconto porque a legislatura mal começou e há muitos recém-chegados, mas os deputados definitivamente ainda precisam se conhecer melhor. Ao convidar Alcântaro para discursar, Ferraço chamou o deputado de “Alcântara”.

Duelo de chapelões

Não passou batido o look de dois deputados novatos: Pablo Muribeca (Patriota), da Serra, e Zé Preto (PL), de Guarapari, protagonizaram um duelo de chapelões na cabeça durante a eleição da Mesa. “Nós somos da turma do chapéu, eu e o Muribeca”, disse o segundo, ao votar na chapa de Marcelo.

“Foi mal, galera!”

Polese já trouxe um ar da sua geração ao plenário. Fazendo as vezes de secretário da Mesa durante a eleição, ele ficou encarregado de colher e contar os votos dos pares. Logo no começo, pulou um nome e, percebendo o erro, desculpou-se assim: “Opa! Comi um aqui, galera! (risos)”

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O Deputado do Futuro

A propósito, Polese é tão jovem, mas tão jovem, que ainda nem nasceu. É o que se pode deduzir de sua data de nascimento publicada, obviamente com erro, na página oficial da Assembleia. De dar inveja ao Marty McFly e ao Exterminador do Futuro.

O choro de Vandinho

Ainda na sessão de posse, ao receber de Ferraço um diploma com uma homenagem entregue a todos os eleitos, Vandinho Leite não se segurou e foi às lágrimas, consolado pelo próprio Ferraço e por Hudson Leal, seus dois principais aliados na chapa que tentou desafiar o Palácio Anchieta, mas acabou desmanchada. Vandinho precisou tirar os óculos para enxugar os olhos antes de posar para as fotos exibindo o diploma.