Coluna Vitor Vogas
Giro 360: Tyago Hoffmann revela seus planos eleitorais em 2024 e 2026
E mais: o delicado estado de saúde do deputado Bispo Alves; a crescente aposta para a vaga de Sérgio Borges no TCES; o que diz Marcelo Santos sobre prova de fogo no plenário amanhã; o “jeitinho” buscado para Vandinho conseguir emplacar sua CPI; o duelo de Denninho com Vandinho; o ingrediente final (colorau) no tempero do rompimento de Gandini com o governo Casagrande
Estreante em mandatos eletivos, o deputado estadual Tyago Hoffmann (PSB) já definiu quando dará seu próximo passo eleitoral: pretende ser candidato novamente em 2026, mas não à reeleição. “Meu plano é disputar outra eleição em 2026 que não a de deputado estadual.”
Ou seja, Tyago quer subir. Sua inclinação, hoje, é concorrer a deputado federal. “A que enxergo como uma eleição que agrada ao PSB e onde o partido tem necessidade de ampliar os seus quadros é a de federal. Mas não tenho martelo batido. Isso vai depender de como for o meu mandato e de como for este governo Casagrande.”
E 2024?
Com base nas declarações do ex-secretário estadual de Governo, podemos deduzir que ser candidato a alguma prefeitura no próximo ano, em Vitória ou outra cidade, está fora de questão para ele, certo? Praticamente descartado, diz ele:
“Não pretendo ser candidato em 2024. Se eu for candidato a prefeito, só se for a prefeito de Vitória. A depender de determinada conjuntura, posso até ser. Não descarto totalmente, mas diria que a chance é muito baixa.”
Essa baixa probabilidade se explica não só pela extensa fila de aliados de Casagrande interessados na sucessão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), mas também porque, na eleição do ano passado, Tyago obteve uma votação bastante pulverizada de norte a sul do Espírito Santo (recebeu votos nos 78 municípios, incluindo quatro em Água Doce do Norte).
O plano para chegar à Câmara
E é assim, abrangendo todo o Estado, que ele pretende conduzir o seu recém-iniciado mandato na Assembleia, visando à eleição para a Câmara Federal em 2026.
“Não sou um outsider da política. Não sou estrela. Não vou conseguir votos em redes sociais. Meu caminho para disputar uma vaga na Câmara em 2026 passa por fazer um bom mandato, conseguindo colaborar com políticas públicas e com entregas para a população. As pessoas enxergam o parlamentar como alguém que faz a interlocução das comunidades com o Executivo, com entregas. E essa é uma marca do governo Casagrande: privilegiar os parlamentares da base com entregas. Daí a importância de manter uma boa relação com o Executivo.”
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Preparar, em 2024, a cama para dois anos depois
Não ser candidato em 2024 não significa passar longe da próxima eleição municipal. Ao contrário, Tyago quer aproveitar sua liberdade para ajudar o PSB e partidos aliados a eleger o maior número de prefeitos e vereadores, fortalecendo o grupo de Casagrande (e dele próprio) para a eleição seguinte, em 2026.
“Pretendo trabalhar fortemente a política partidária em 2024, principalmente através do PSB, mas não só. Tenho uma preocupação com a sucessão estadual de 2026. Por isso, vou trabalhar para que possamos eleger bons prefeitos e bons vereadores em 2024, para preparar uma sucessão segura em 2026, sem dar margem para a ascensão de um aventureiro.”
Vaga no TCES: caminho aberto para Diniz
Como o plano de Tyago é seguir crescendo na política e emendando mandatos, ele está praticamente riscado, ou autoeliminado, da sucessão do conselheiro Sérgio Borges no Tribunal de Contas do Estado (TCES), em janeiro de 2024. Alguns chegam a citar a chefe de gabinete de Casagrande, Valésia Perozini (PSB), como nome do governador para a vaga. Mas o nome que explode mesmo na bolsa de apostas é o do chefe da Casa Civil de Casagrande, Davi Diniz.
O estado de saúde do Bispo Alves
Também estreante na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (já foi deputado na do Rio), o pastor evangélico Bispo Alves (Republicanos), da Igreja Universal do Reino de Deus, está passando por um quadro de saúde delicado. No último dia 15, o deputado foi submetido a uma cirurgia renal, realizada no Hospital Moriah, em São Paulo.
Primeira cirurgia
Como ele mesmo relatou à coluna, um de seus rins estava com a capacidade de filtragem do sangue muito comprometida. “Perdi o funcionamento de um rim. Ele parou e ficou só com 40% funcionando. A minha pressão subiu muito. Tive que colocar e usar uma sonda permanente. Mas o procedimento cirúrgico foi bem-sucedido e graças a Deus meu rim já voltou a funcionar.”
Segunda cirurgia
Nesta semana – possivelmente após a sessão de quarta-feira –, o deputado passará por uma segunda operação, no mesmo hospital, dessa vez para corrigir um problema na próstata, resultante do mau funcionamento renal.
Nada de licença médica
Ele chegou a cogitar tirar uma licença médica do mandato, mas garante que não o fará: “Farei tudo para não precisar tirar a licença. Segunda, terça e quarta já estarei na batalha”.
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E nada de lugar nas comissões
Focado na sua recuperação, o deputado acabou ficando de fora das cobiçadas comissões permanentes da Assembleia. Não entrou como membro efetivo de nenhuma das 17. Ficou só como suplente de duas: a de Defesa do Consumidor e a de Turismo e Desporto.
“Vi que meus colegas estavam muito animados, mas tenho que tratar da minha saúde primeiro. Sem saúde, você não tem nada”, justifica.
Marcelo: “Casa pacificada”
Nesta segunda-feira (27), o presidente da Assembleia, Marcelo Santos (Podemos), pretende colocar em votação, em regime de urgência, o projeto de lei complementar do governo estadual que muda as regras de transição para a aposentadoria de praças e oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.
Na última sessão plenária antes da parada do carnaval, no dia 15, parte da base aliada se insurgiu, impondo ao governo uma surpreendente derrota em plenário – com a aprovação, por 13 votos a 12, de uma emenda de Fabrício Gandini (Cidadania) a outro projeto do Executivo, também pautado em regime de urgência.
Marcelo, porém, não acredita em nenhum risco de novas surpresas ou dificuldades para a aprovação do projeto sobre a aposentadoria de militares: “A Casa está pacificada”.
A conferir.
Falando em turbulências na Assembleia…
A primeira leva foi cancelada por problemas técnicos, mas, no último dia 16, antes da pausa para a folia, deputados puderam novamente protocolar requerimentos de abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Foi a nova “corrida maluca”. Cinco é o limite de CPIs que podem funcionar ao mesmo tempo na Assembleia, e o critério para abertura é a ordem de entrada no sistema de protocolo interno.
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As cinco CPIs (até o momento)
Pela ordem em que foram protocoladas, de acordo com publicação nas redes sociais da Assembleia, as cinco a serem criadas são as seguintes:
- Comercialização, uso e manuseio de explosivos e combustíveis (autor: Denninho Silva)
- Abuso sexual e violência contra crianças e adolescentes (autor: Dary Pagung)
- Licenciamentos ambientais (autor: Alexandre Xambinho)
- Maus-tratos contra animais (autor: Janete de Sá)
- Contratos de concessão de rodovias no Espírito Santo (autor: Tyago Hoffmann)
Um jeitinho para atender Vandinho
O “problema” é que, assim como na primeira vez, a CPI proposta pelo deputado Vandinho Leite, para apurar irregularidades em procedimentos de regularização fundiária e uma série de outras questões, acabou ficando de fora, em 6º lugar na fila.
Nos bastidores, o líder do governo, Dary Pagung (PSB), e Marcelo Santos estão buscando alguma maneira de atender Vandinho, ou seja, dar um jeito de emplacar a CPI do tucano.
Para isso, ou terão de alegar alguma nova questão técnica (encontrar pelo em ovo) para invalidar e tirar da frente alguma das CPIs protocoladas antes, ou terão de convencer algum proponente a desistir de instaurar a sua. Não será surpresa se ocorrer.
Por que todo esse contorcionismo?
Governo e governistas avaliam que a operação é imprescindível para satisfazer Vandinho e, assim, segurar de uma vez por todas na base o presidente estadual do PSDB.
Preterido por Casagrande na eleição da Mesa, Vandinho não esconde o descontentamento e viria fomentando focos de dissidência na base em plenário. Da tribuna, já mandou recados diretos ao governo, falando em “tratamento desigual” a aliados.
Naturalmente, a CPI de Vandinho, se vingar, não poderá mirar no próprio governo…
> Oposição quer abrir CPI das Emendas contra gestão Pazolini na Câmara de Vitória
Denninho x Vandinho
Não convide para a mesma mesa os deputados Vandinho e Denninho Silva (União Brasil). Aliás, não os convide para a mesma comissão.
“Comissão onde tem o deputado Vandinho fazendo parte, eu não participo. Pode vir o presidente da República me pedir. Eu não participo!”, me disse Denninho.
Segundo o deputado, ele pediu ao líder do governo e do seu bloco partidário, Dary Pagung, para retirar seu nome da Comissão de Defesa do Consumidor, presidida por Vandinho.
Mas Dary me informou que Denninho ainda não lhe comunicou o pedido de substituição. E, no site da Assembleia, o deputado ainda consta como membro efetivo da comissão.
Gandini: da geladeira ao freezer
Encerro a coluna e a seção “desavenças na Assembleia” retornando ao caso do deputado Gandini, que no último dia 16 anunciou em entrevista a este espaço seu rompimento com o governo Casagrande.
Um dos diversos motivos do cavalo de pau do presidente estadual do Cidadania é que, colocado na geladeira por Casagrande, ele não consegue uma agenda com o governador desde o processo eleitoral do ano passado.
Agora, para negociar um cessar-fogo ou rediscutir a relação, Gandini faz questão de ser recebido pessoalmente pelo governador… Isso, no entanto, não ocorreu desde o rompante dele em plenário e, por enquanto, não tem data para ocorrer. Talvez a geladeira tenha virado freezer.
> A guinada de Gandini: os motivos por trás do rompimento do deputado com o governo Casagrande
Gandini x PT
Duas últimas observações que nos ajudam a compreender a indignação de Gandini com o governo Casagrande.
Não é segredo para ninguém que o ex-vereador de Vitória não se dá com o PT e, particularmente, com João Coser. Ele surgiu na política em 2009 fazendo oposição ao então prefeito na Câmara Municipal.
Ora, em menos de um mês, Gandini foi prejudicado (ou passado para trás mesmo) pelo governo Casagrande duas vezes, ambas através de… agentes do PT.
Pequena humilhação 1
Na eleição da Mesa Diretora, o primeiro esboço da chapa liderada por Marcelo Santos, montada a dedo pelo Palácio Anchieta, tinha Gandini como 1º secretário. Na sequência das articulações, Gandini acabou substituído no posto por… ninguém menos que o próprio Coser.
Pequena humilhação 2
Já no último dia 15, o ex-líder comunitário de Jardim Camburi Anael Parente, braço direito de Gandini em seu berço político, foi exonerado do cargo comissionado que ocupava na Secretaria Estadual de Esportes por José Carlos Nunes. O novo secretário não só é filiado ao PT como é aliado de… ninguém menos que o próprio Coser.
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