Coluna Vitor Vogas
Do Val volta atrás e desiste de renunciar. Partido da suplente alfineta senador
Em entrevista coletiva, Do Val afirmou que há “zero possibilidade” de ele ceder o mandato para sua 1ª suplente, a pedagoga Rosana Foerste (Cidadania). Gandini e Roberto Freire afirmam que ela “honraria partido em Brasília” e dizem que Do Val “se envolveu em ação golpista”
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (2), o senador Marcos do Val (Podemos) deu sinais de que renunciou à ideia de renunciar ao mandato no Senado. Ou seja, voltou atrás e desistiu de renunciar ao mandato e abandonar a política.
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Em uma live feita por ele na última madrugada, Do Val disse ter sido coagido pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) a apoiá-lo em uma tentativa de golpe de Estado, para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Depois, ainda de madrugada, Do Val publicou um post no Instagram anunciando que estava saindo da política definitivamente e que pretendia voltar a trabalhar nos Estados Unidos.
Se Do Val renunciasse ao mandato, sua vaga no Senado seria assumida por sua 1ª suplente, a pedagoga Rosana Foerste, filiada ao Cidadania. Os dois não mantêm boa relação. Na citada entrevista coletiva, Do Val mudou sensivelmente o próprio discurso, indicando que reviu sua decisão de se afastar do mandato.
As declarações do senador na entrevista também confirmam algo publicado aqui pela coluna: sua suplente em 2018 foi escolhida praticamente ao acaso. Naquele pleito, Rosana trabalhou na campanha a deputado estadual do então vereador de Vitória Fabrício Gandini, presidente estadual do Cidadania. Do Val se candidatou e se elegeu pelo mesmo partido, antes de migrar para o Podemos. Ele relatou:
“Quando eu disse isso [intenção de renunciar], eu estava praticamente decidido mesmo a chegar aqui, reunir a equipe, para tomar a decisão se eu realmente iria sair. Deixar assumir a suplente? Não. Porque a suplente, na época da campanha, foi sem recurso, vocês sabem disso. Eu vendi o meu carro pra poder fazer campanha, foi R$ 90 mil. E eu não tinha nenhum nome para a suplência. Aí na hora tinha a secretária do vereador [Fabrício Gandini] e eu perguntei a ela se podia me emprestar os documentos e assinar [como] minha suplente. E aí pronto, fui eleito, e ela achou que… Aí eu tive um infarto logo no primeiro ano, que eu fiquei me dedicando muito. E aí ela me mandou mensagem dizendo ‘Olha, estou pronto para assumir’. Nem me perguntou se eu estava bem. Aí eu falei: ‘Olha, não foi acordado nada disso. Você esquece essa possibilidade”.
Do Val acrescentou que existe “zero possibilidade” de ele deixar sua suplente assumir o mandato em seu lugar. “Então, essa possibilidade de ter alguém assumindo em meu lugar, zero, porque eu não posso deixar todo o trabalho que construí até aqui ser destruído daqui a quatro anos. E eu também não posso largar a missão que assumi sozinho até agora, pra sociedade e pra imprensa quem prevaricou”, completou o senador, em referência à conversa mantida por ele com Bolsonaro e Daniel Silveira, preso na manhã desta quinta-feira, sobre um possível golpe de Estado.
Reação do Cidadania
O ex-deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania, e o deputado estadual Fabrício Gandini, presidente estadual da sigla, assinaram uma nota conjunta em que prestam solidariedade a Rosana Foerste e afirmam que “os capixabas se sentiriam honrados” em tê-la como representante em Brasília, além de alfinetarem Do Val por seu “envolvimento em ação golpista”.
Na matéria publicada no site do Cidadania, o texto diz que, “diante de uma possível renúncia do parlamentar com denúncia de que ele teria sido coagido a participar de um complô para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Do Val passou a atacar e desqualificar a sua suplente durante entrevista à CNN para que não assuma o cargo”.
A nota oficial do partido
O Cidadania se sentiria honrado em ter como senadora a pedagoga Rosana Foerste, que, em virtude de seus valores republicanos e seu profundo compromisso com a democracia, muito teria a contribuir, caso assumisse o mandato no Senado, com o País e, principalmente, com o Espírito Santo, retirando o estado das páginas policiais na qual [sic] se encontra hoje pelo envolvimento em ação golpista de um de seus representantes.
Os capixabas se sentiriam honrados em ter alguém com sua competência e caráter em Brasília.
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