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Coluna Vitor Vogas

Por onde anda Manato e quais são seus planos políticos?

Após chegar perto do governo em 2022, ex-deputado mergulhou. Em conversa com a coluna, ele conta sua grande ambição no momento e o que fará (ou não) nas próximas eleições

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Carlos Manato em frente à pousada que está construindo em Pedra Azul. Crédito: Manato

Se tivesse conseguido virar 82.634 votos de Casagrande (PSB) no 2º turno da eleição estadual no ano passado, o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) estaria sentado hoje à cadeira de governador do Espírito Santo no lugar do socialista.

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Após ter chegado tão perto do objetivo eleitoral, Manato decidiu se afastar da política, ao menos temporariamente. Furtou-se a assumir o papel de líder da oposição ao atual governo Casagrande, desejou sorte ao reeleito e foi cuidar da sua vida. Mais precisamente, dos seus negócios como empresário. Mergulhou (ou melhor, subiu a serra). Virou completamente a chave e, como afirma à coluna, só voltará a pensar em política em agosto.

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Por que em agosto?

É que, no mês anterior, Manato pretende inaugurar o empreendimento no qual, segundo ele, investiu todo o seu patrimônio: uma enorme pousada que ele está construindo no centro de Pedra Azul, município de Domingos Martins, com 21 apartamentos e um salão de festas anexo, com capacidade para 1 mil pessoas em pé ou até 600 sentadas. O hotel está sendo erguido em um terreno com área total de 10,6 mil metros quadrados, na soma de quatro lotes adquiridos por Manato entre 2020 e 2021.

“Botei todos os ovos numa única cesta”, conta o ex-deputado.

O investimento total no negócio, segundo Manato, é de R$ 14 milhões. Sua esposa, Soraya Manato, entrou como sócia. Até porque, como conta o ex-deputado, para levantar o capital, o casal precisou vender alguns imóveis partilhados, como um apartamento de frente para a praia de Camburi, em Vitória, uma casa na Serra e um terreno em Cocal, Vila Velha. A imobiliária de Manato também está à venda. Ele diz ter fechado o escritório na Mata da Praia. Hoje em dia, quase todos os seus dias são passados em Pedra Azul, numa casa alugada, enquanto ele faz o gado engordar com o olho do dono.

Segundo Manato, 65 anos, não é que ele tenha abandonado a política, mas seu foco no momento é 100% empresarial, mesmo porque, tendo posto todos os ovos numa cesta, ele não pode correr o risco de ver o empreendimento fracassar. O apoiador de Jair Bolsonaro resgata uma declaração dada por ele no dia 30 de outubro, logo após perder a eleição ao Palácio Anchieta:

“Estou mais na minha. Sou muito focado. Quando falei para vocês no dia da eleição ‘agora vou tocar minha vida privada’, botei isso na cabeça e vim tocar. Só vou falar sobre política em agosto, só depois que eu inaugurar minha pousada.”

Politicamente, Manato deu mesmo uma “sumida de cena” nestes primeiros seis meses após as eleições. Não tem feito movimentos políticos, nem nas redes sociais – em contraste com a presença ostensiva dos últimos anos, marcados por lives e posts em profusão. Ele explica a quarentena, mais uma vez deixando falar mais alto o homem de negócios:

“Ou eu faço uma coisa ou faço outra. Não tenho mandato, não sou presidente partidário, não sou dirigente partidário. Tem novos atores que estão fazendo esse papel. E não estou aqui para ficar criticando A, B, C, fazendo oposição ostensiva, um negócio bobo que não leva a nada. A gente tem que respeitar as pessoas que estão governando.”

Por isso, para Manato, está fora de questão assumir a condição de líder da oposição a Casagrande, pelo menos por enquanto. Mas e mais à frente? Mesmo sem mandato, ele pretende tomar para si esse papel?

“Sou um cara muito determinado e muito focado. Se eu fosse para a política para assumir um papel desse, eu não conseguiria tocar o negócio aqui em Pedra Azul e poderia até quebrar. Tudo o que produzi na minha vida está aqui na minha mão. Então eu não vou trocar a iniciativa privada pela política agora. A partir da inauguração da pousada, já posso começar a andar, ir mais aqui, ir mais ali, fazer algumas visitas. Agora, não vou ficar criticando o governo Casagrande. Ele criou um monte de cargos, mas isso é legítimo, ele ganhou, isso é problema deles. Quem perdeu deve vir para cá, ficar quieto e trabalhar. Estou tocando a minha vida e não posso ter problemas. Quero abrir o meu negócio e começar a ganhar dinheiro para pagar minhas dívidas.”

Médico de carreira do Estado aposentado desde 2019 pelo IPAJM, Manato não pensa em voltar a exercer a profissão.

Planos eleitorais: “Não sou candidato a nada”

Manato é peremptório em relação às próximas eleições municipais: “Não quero participar da eleição de 2024. Não sou candidato a nada”.

Filiado ao Partido Liberal (PL), sigla presidida no Espírito Santo pelo senador Magno Malta, Manato não planeja trocar de partido. “Não tenho nenhuma intenção de sair. Sou filiado ao PL. Entrei pela porta da frente. Estou sentado lá no banco de trás, quietinho. Se o PL me chamar para alguma missão depois de agosto, estou à disposição.”

Ou seja, Manato pretende sim participar do pleito em 2024, mas como cabo eleitoral, apoiando candidatos do PL ou outros parceiros políticos.

“Estarei à disposição para contribuir com quem achar que minha presença agrega valor. Não deixarei nenhum companheiro na mão. Agora, se disserem ‘pelo amor de Deus, não passa nem na BR que você vai atrapalhar’, tudo bem.”

Sobre uma terceira candidatura seguida ao Governo do Estado em 2026 (dessa vez não haverá no páreo Casagrande, responsável por suas duas derrotas), Manato evita fazer uma projeção tão distante. “Os atores de 2024 serão diferentes dos de 2026. Tem que ver quem vai sair fortalecido das urnas no ano que vem. Tem muita coisa para acontecer.”

Família: “Soraya viu que política não é a praia dela”

Carlos e Soraya Manato têm um casal de filhos. Ambos moram em São Paulo, são médicos como os pais e também são casados com médicos. A mais velha, 32 anos, está grávida. O parto está previsto para o próximo dia 30. Será o primeiro neto do casal Manato.

Já o mais novo, 30 anos, vai se casar no dia 29 de julho, precisamente no salão de festas da pousada do pai em Pedra Azul. Será um dos primeiros grandes eventos realizados na nova casa.

Quanto a Soraya, após sua breve passagem de quatro anos pela política – um mandato na Câmara Federal, de 2019 a 2022 –, a ex-deputada não pretende voltar a disputar eleições. Segundo Manato, sua esposa concluiu que a política “não é a praia dela”.

“Soraya não tem interesse em voltar. Ela está numa alegria que não vejo minha esposa feliz assim há muito tempo. Ela exerceu, viu como é, não é a praia dela… Mas a lei eleitoral foi injusta com ela no ano passado”, lamenta Manato.

Soraya se elegeu deputada federal em 2018 pelo PSL, partido do marido e de Jair Bolsonaro naquele pleito. No ano passado, disputou a reeleição pelo PTB. Bateu numa trave como futura primeira-dama do Estado, já que Manato teve 46% dos votos válidos, e na outra como deputada: com 59.988 votos, foi a 8ª candidata mais votada para o cargo no Estado, mas não conseguiu renovar o mandato porque a chapa do PTB não atingiu o quociente eleitoral.

Pelo jeito, a derrota pode ter sido uma boa para ela, pessoalmente.


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