Coluna Vitor Vogas
Neucimar Fraga assume PP em Vila Velha. Hércules quer entrar na sigla
Ex-deputado discorre sobre os três caminhos que podem ser trilhados pela sigla na cidade. Enquanto isso, PP filia aliados de Manato, e Da Vitória dá novos sinais de afastamento progressivo de Casagrande
Na noite da última segunda-feira (4), o ex-prefeito e ex-deputado federal Neucimar Fraga assumiu a presidência do Progressistas (PP) em Vila Velha, em evento realizado numa casa noturna de Itapuã. Neucimar discursou ao lado do presidente estadual do partido de centro-direita, o deputado federal Josias da Vitória.
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Em Vila Velha, o percurso eleitoral do PP ainda é incerto. Sob a presidência de Neucimar, o partido pode apoiar o próprio novamente a prefeito, cargo disputado por ele nas últimas quatro disputas municipais (2008, 2012, 2016 e 2020). Ganhou a primeira.
“Estou à disposição do partido, sem vaidade nenhuma, para ajudar a minha cidade”, discursou Neucimar. “Não tenho medo de eleição difícil. Aliás, tenho quer dizer que ganhei as eleições mais difíceis e perdi as mais fáceis”, pilheriou o ex-prefeito, que jamais perde a piada (nem em desfavor de si mesmo).
As alternativas
O PP também pode compor com Arnaldinho Borgo (Podemos) e apoiar a reeleição do atual prefeito – apoiado por Neucimar no 2º turno em 2020, contra Max Filho. Pode, ainda, buscar compor uma aliança de direita com o PL, presidido pelo senador Magno Malta no Espírito Santo.
Após muitos anos rompidos, Magno e Neucimar se reconciliaram politicamente em 2022. “Eu o apoiei para o Senado”, lembra Neucimar. Em comum, os dois são apoiadores extremados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Neucimar contou que, “por coincidência”, encontrou-se em Brasília há poucos dias – em momentos separados – com Magno e com o Arnaldinho. Com ambos, falou sobre o processo eleitoral.
Hércules quer ir para o PP
Quem também prestigiou o evento – em lugar de destaque, ao lado de Neucimar no palco – foi Hércules Silveira. O médico e ex-deputado estadual contou que quer se filiar ao PP para disputar uma vaga de vereador em Vila Velha, cargo exercido por ele por alguns mandatos antes de chegar à Assembleia Legislativa, em 2006.
Antes, porém, Hércules disse que fará uma consulta ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES). A questão para a qual busca resposta é se ele pode trocar de partido sem abrir mão de sua suplência na Assembleia. Hércules disputou a eleição de 2022 pelo Patriota e ficou como 1º suplente do deputado estadual Pablo Muribeca, eleito pelo Patriota, mas agora no Republicanos.
Há menos de um mês, o Patriota fundiu-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A fusão foi homologada no dia 9 de novembro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dando origem ao Partido Renovação Democrática (PRD).
“Dizem que Pablo pode ganhar a eleição a prefeito da Serra, e não quero perder o direito à suplência na Assembleia. Mas, se eu puder mudar de partido sem perder a vaga, minha ideia é disputar a eleição de vereador pelo PP”, ratifica Hércules.
Ivan, o Perpétuo
Ainda falando em Câmara Municipal, outro que marcou presença no evento de Neucimar (na plateia) foi o ex-vereador Ivan Carlini, presidente da Câmara de Vila Velha por seis biênios seguidos, de 2009 a 2020. Hoje, Ivan está no Podemos, partido de Arnaldinho Borgo. Está louco para voltar a concorrer a um lugar na Câmara, possivelmente por outro partido.
PP filia manatistas
O PP segue em franca expansão no Espírito Santo e tem emplacado muitas filiações de pré-candidatos competitivos. O que tem chamado a atenção é o perfil de alguns dos últimos líderes locais filiados, não pertencentes ao grupo político do governador Renato Casagrande.
O caso mais chamativo é o do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, adversário aguerrido de Casagrande na eleição estadual de 2022 e aliado do ex-deputado federal Carlos Manato – presente ao ato de filiação de Audifax na Serra, no último sábado (2).
Mas também chama a atenção a “prospecção” de prefeitos do interior notoriamente apadrinhados por Manato. Em setembro, o PP filiou o prefeito de Alegre, Nirrô. No próximo sábado, filiará o de Itaguaçu, Uesley Corteletti. Os dois são grandes “manatistas”.
Sinais…
Os movimentos podem ser lidos como mais alguns pequenos passos dados pelo líder máximo do PP no Estado, Da Vitória, na direção contrária à do grupo político liderado por Renato Casagrande. Não é de hoje que o deputado vem se deslocando para uma posição mais autônoma – muito embora o PP continue a fazer parte do governo Casagrande.
Um dirigente do PP desconversa. Diz que a filiação de prefeitos sob o raio de influência de Manato também pode ser interpretada do modo contrário: como uma tentativa do PP de “convertê-los” e atraí-los para a órbita política de Casagrande. Sei não…
… fortes sinais!
Também não passou despercebido que o mesmo Da Vitória tenha se encontrado com ninguém menos que o ex-governador Paulo Hartung (sem partido), eterno de adversário de Casagrande, na semana passada, em Brasília.
Presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Hartung foi à Capital Federal para dar uma palestra em um seminário promovido pela Fundação Ulysses Guimarães, entidade de formação política do MDB. De Da Vitória, ganhou um exemplar do livro “Retomada econômica com geração de emprego e renda no pós-pandemia”, lançado pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, dirigido pelo deputado.
Os dois têm se aproximado também por conta da agenda do empresariado no Congresso, onde Da Vitória tem sido relator de muitas matérias de interesse de setores empresariais.
Da Vitória fez questão de postar o momento em suas redes sociais, denotando também uma possível aproximação política. Ou, no mínimo, um “recadão”, como diria o próprio Hartung, para todos (mas para uma pessoa em especial): “Estou conversando com todo mundo. Todo mundo mesmo”.
Recordar não custa
Durante o último governo de Paulo Hartung, de 2015 a 2018, Da Vitória manteve-se leal a Casagrande. Foi um dos pouquíssimos deputados estaduais de oposição naquela quadra.
Frente de direita em 2026
Como já analisei aqui, o horizonte de Da Vitória, do PP como um todo e de boa parte dos players políticos do Espírito Santo neste momento é 2026. Seu olhar já está no pós-Casagrande, na eleição estadual daquele ano.
O governador não poderá se reeleger. Seu caminho natural será candidatar-se a uma das duas vagas abertas para o Estado no Senado. Ora, o que virá depois dele? Tão importante quanto: quem virá?
Pode ser, quem sabe, uma força de esquerda (leia-se do PT), principalmente se o governo Lula for bem-sucedido em nível nacional. Mas atores políticos situados no campo de direita não querem ficar assistindo a essa hipótese se concretizar. No seu flanco, têm se organizado e se unido a fim de chegarem fortes e competitivos, como opção para o eleitorado capixaba nesse pós-Casagrande em 2026.
Em termos práticos, isso tem se materializado numa aproximação muito forte no Espírito Santo, desde o primeiro semestre, entre três partidos posicionados no hemisfério ideológico da direita: o PP de Da Vitória e Evair de Melo, o Republicanos de Erick Musso e Lorenzo Pazolini e o PL de Magno Malta e companhia.
A primeira escala e teste dessa potencial frente estadual de direita será a eleição municipal de 2024, na qual os três partidos podem e devem formar alianças informais ou coligações formais em muitos municípios.
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