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Coluna Vitor Vogas

Luciana de Andrade: “Jamais houve rompimento entre mim e Eder Pontes”

Em seu último dia à frente do MPES, procuradora-geral de Justiça confirma que apoiou seu sucessor, Francisco Berdeal, e que discordou de Eder na escolha do candidato de seu grupo, mas nega enfaticamente que os dois tenham se apartado. Luciana também revela o cargo que assume a partir de agora na equipe do novo PGJ, na cúpula da instituição

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Luciana de Andrade e Eder Pontes

Em seu último dia no cargo de chefe do Ministério Público Estadual (MPES), Luciana de Andrade concedeu esta importante entrevista à coluna. Após quatro anos à frente da instituição – iniciados bem no auge da pandemia –, ela transmite nesta quinta-feira (2) o cargo de procuradora-geral de Justiça para seu sucessor, Francisco Berdeal, que tomará posse em cerimônia no fim da tarde. Sobre o seu sucessor, Luciana enfim o confirma publicamente: secretário-geral do Gabinete da PGJ durante sua gestão, Francisco foi seu candidato na eleição interna, contando com seu apoio declarado aos pares e com sua discreta campanha junto aos colegas mais próximos.

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Luciana nega, no entanto – e o faz com veemência –, que a escolha do seu próprio candidato tenha produzido distanciamento ou até rompimento político entre ela e o desembargador Eder Pontes. Ex-chefe do MPES, Eder foi o antecessor de Luciana no cargo, seu padrinho político e principal apoiador em sua ascensão ao topo da instituição, em maio de 2020. Como é público e notório, Eder preferia lançar o promotor de Justiça Danilo Raposo Lyrio, candidato efetivamente apoiado por ele, enquanto Luciana ficou ao lado de Francisco. A procuradora-geral de Justiça confirma ter havido essa discordância entre ela e Eder, mas afirma categoricamente:

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“Jamais houve rompimento ou distanciamento entre mim e Eder. Só nos dois podemos falar sobre isso e dar opinião sobre isso. Somos amigos e seguimos amigos. Só temos e tivemos opiniões diferentes, o que é natural, em relação a apoiar esse ou aquele colega. Essas falas de ‘racha’ e ‘distanciamento’ foram reverberadas. Isso é o que magoa a gente.”

Luciana agora deixa o cargo de comando do MPES, mas seguirá atuando na alta cúpula da instituição – aliás, não sairá do gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça. A convite de Francisco Berdeal, ela passa a exercer o cargo de subprocuradora-geral de Justiça Institucional, função ocupada em sua equipe por Alexandre Guimarães. “Aceitei o convite do Doutor Francisco, até pelo dever que me move, em reciprocidade ao que a instituição investe em nós”.

Abaixo, você pode ler a primeira parte da reveladora entrevista de Luciana Andrade (a segunda você encontra aqui).

Durante o processo eleitoral do MPES, a senhora não se manifestou publicamente sobre a escolha do seu sucessor. A senhora confirma que Francisco Berdeal teve o seu apoio nesse processo?

Confirmo.

Por que a senhora o escolheu como seu candidato?

Veja, nós ali somos um coletivo em funções de administração. A Procuradoria-Geral de Justiça não faz nada sozinha. Podem parecer piegas essas frases, esses chavões, mas é a realidade. O MPES hoje tem 2 mil colaboradores. É uma instituição pública complexa que tem muitos desafios na área finalística e na sua função administrativa, porque guarda autonomia e independência, por isso é preciso um coletivo para administrar. O líder, ou a líder no meu caso, tem o papel de observar as pessoas nas mais diversas funções. Todos os colegas possuem condições e estão preparados para assumir o cargo de procurador-geral de Justiça. Mas é natural que quem está ali na função, a partir dessas observações, tenha uma percepção mais aguçada e mais sistêmica daquele que se aproxima, na minha perspectiva, de ser o mais preparado.

Internamente, a senhora chegou a se apresentar como apoiadora de Francisco Berdeal, apontá-lo como o seu candidato e fazer campanha para ele?

Sim. Quando foi chegando na véspera da inscrição para o cargo, eu comecei a me apresentar como apoiadora de Francisco internamente. Eu respeitei o processo para que todos fossem se colocando como candidatos e para que fôssemos dialogando em nosso grupo, observando esses movimentos, e também por respeitar todas as candidaturas. Então, nas vésperas da inscrição, já fui me colocando publicamente, para os pares, como apoiadora do Doutor Francisco. Quanto a fazer campanha, para os colegas mais próximos que me consultaram a respeito do meu posicionamento, eu me posicionei no sentido de que o via como o mais preparado neste momento.

Por quê? Quais são as qualidades que ele reúne, na sua percepção, para chefiar o MPES?

Francisco tem várias qualidades, como vários colegas têm. Neste momento de vida, com a experiência no gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça, com o perfil de diálogo e de escuta, com a possibilidade familiar de estar intensamente dedicado à função… Então, é um conjunto de habilidades e de momento de vida que, juntos, fazem a oportunidade acontecer, neste caso, hoje, para o Francisco, respeitando os demais.

Encerrado agora o seu mandato como procuradora-geral de Justiça, a senhora continuará atuando na administração superior do MPES, como integrante da cúpula da instituição? Será nomeada por seu sucessor em algum cargo na equipe dele?

O Doutor Francisco me convidou para compor a sua equipe de gestão, até pela minha experiência nas funções de administração. Eu aceitei, até pelo dever que me move, em reciprocidade ao que a instituição investe em nós.

Qual é o cargo?

Serei subprocuradora-geral de Justiça Institucional, cargo exercido em minha equipe pelo Doutor Alexandre Guimarães.

Desde o início do processo sucessório no MPES, em meados do ano passado, muito se falou a respeito de uma discordância entre a senhora e seu antecessor na PGJ, o hoje desembargador Eder Pontes, justamente quanto à escolha do candidato do grupo à sua sucessão no comando do MPES. Enquanto a senhora preferia lançar Francisco Berdeal, ele tinha preferência pelo promotor Danilo Raposo Lyrio. Eu mesmo escrevi isso algumas vezes, com base em uma série de relatos. A senhora confirma que houve mesmo essa discordância com Eder Pontes? E isso de fato gerou um afastamento ou até um rompimento político entre vocês?

Primeiro: jamais houve rompimento ou distanciamento entre mim e Eder. Só nos dois podemos falar sobre isso e dar opinião sobre isso. Somos amigos e seguimos amigos. Só temos e tivemos opiniões diferentes, o que é natural, em relação a apoiar esse ou aquele colega. E também isso é natural por parte do Doutor Eder, porque Danilo compôs a equipe dele, assim como o Doutor Francisco compôs a minha. Essas falas de “racha” e “distanciamento” foram reverberadas. Isso é o que magoa a gente. Mas insisto: não houve entre nós briga ou fim de amizade, mas apenas uma visão diferente desse momento político e institucional. Danilo é uma colega super valoroso, muito preparado e que fez parte da minha equipe até esses dias. Após a escolha do novo procurador-geral de Justiça, ele voltou a atuar na Promotoria Cível de Linhares. Ele colocou seu nome à disposição na eleição interna, e isso precisa ser respeitado pela carreira e pela sociedade, assim como todos os demais. Todos que colocaram o seu nome à disposição estão de parabéns. Então o que quero enfatizar é que não houve rompimento entre mim e Eder. Isso foi da cabeça de alguns que enxergaram dessa forma. Cada qual apoiou o colega que entendeu como o mais preparado para o exercício da função. Acabou a eleição, acabou o campeonato. Tem um vencedor que vai seguir com essa classificação, mas o campeonato, para ser bacana, tem que ter todos os times jogando.

A senhora se considera vitoriosa nesse processo?

Eu me considero vitoriosa por ser Ministério Público, por ter exercido um honroso cargo de procuradora-geral de Justiça e por ter apoiado um colega que é fantástico, que vai agora nos liderar e que será PGJ de todos e de todas. É um processo muito dolorido. Talvez pudesse ser menos dolorido. Mas é essencial para a democracia capixaba, e o MPES deu exemplo de que podemos concorrer de forma respeitosa, entregar as melhores propostas e permitir que esse eleitorado escolha aquele que vai nos conduzir pelos próximos dois anos.

> PARTE 2 DA ENTREVISTA – Luciana Andrade: “Protegi a democracia. Faria de novo? Faria!”


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