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Coluna Vitor Vogas

Do barraco no morro ao Poder Legislativo: quem é o Professor Jocelino

Hoje contamos a história de um vereador novato com perfil, origem e trajetória extremamente raros para um ocupante de mandato em qualquer espaço de poder

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Vereador Jocelino Júnior em seu gabinete na Câmara de Vitória. Foto: assessoria

Vereador Jocelino Júnior em seu gabinete na Câmara de Vitória. Foto: assessoria

A mãe de Jocelino Júnior trabalhou a vida inteira como empregada doméstica. Sua patroa morava em um condomínio em Jardim Camburi. Um dia, ainda criança, Jocelino brincava com seu irmão e sua irmã, também pequenos, na piscina do residencial. Estavam de férias e haviam sido convidados pela patroa da mãe para desfrutar a área de lazer. Ao deparar com a cena, uma senhora, moradora do mesmo condomínio, ordenou que eles saíssem imediatamente da piscina: filhos de empregados não podiam utilizá-la. Eles obedeceram. “A praia está logo ali…”, indicou a mesma senhora. O episódio marcaria profundamente Jocelino. Foi uma das muitas manifestações de preconceito, em razão da cor de sua pele e/ou de sua origem social, experimentadas, ao longo da vida, pelo hoje vereador de Vitória.

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Em 2024, com 3.251 votos, o pedagogo da rede municipal, filho de Dona Isabel e do Morro da Piedade, elegeu-se para seu primeiro mandato parlamentar, inaugurado em janeiro, na Câmara Municipal da capital do Espírito Santo, após ter batido na trave em 2020 – quando ficou de fora com apenas 20 votos a menos que a correligionária Karla Coser, única eleita naquele pleito pela chapa do PT. Em 2024, o partido elegeu Karla e Jocelino. Ele entrou como o sexto mais votado.

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Desde o início do mandato, na oposição à gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), Jocelino tem chamado a atenção por conta dos embates travados em plenário com alguns membros da bancada mais conservadora – notadamente, Davi Esmael (Republicanos). Os dois têm protagonizado discussões acaloradas. Mas o que mais chama a atenção, antes de tudo, é a própria presença de Jocelino naquele espaço de poder, com uma origem humilíssima e uma trajetória raríssima para alguém que consegue galgar a um mandato para representar o povo.

Especificamente, o povo que ele quer representar, na Câmara de Vitória, é aquele cuja voz não costuma ter grande ressonância junto ao poder público, em qualquer grande cidade do Brasil: o da periferia, da qual ele mesmo é fruto.

O primeiro mandato parlamentar é mais um capítulo de uma história que começa num barraco no alto do Morro da Piedade, no Centro de Vitória, passa pelo samba, pelo Instituto Raiz, por um espírito de liderança política precocemente identificado por professores, pela participação no movimento estudantil e, acima de tudo, pela importância da educação como ferramenta transformadora na vida de um indivíduo.

“Para nós que nascemos na periferia e que somos negros, se não tivermos o caminho da educação, aproveitarmos as oportunidades que as escolas nos dão… Por isso a nossa defesa dos projetos do Governo Federal, de incentivar a nossa juventude a estar num Ifes, a estar numa universidade. Minha mãe e meu pai diziam a mim e aos meus irmãos: ‘O que eu posso dar para vocês é matricular vocês na escola. Aproveitem o que a escola pode dar a vocês’. E eu fiz isso. Aproveitei muito a escola.”

A infância: “liderança nata”

Nascido em 1991, Jocelino da Conceição Silva Júnior hoje tem 34 anos. É pai de três filhos. Nasceu e cresceu no Morro da Piedade. Só saiu dali quando se casou, com pouco mais de 20 anos, e se mudou para o Centro de Vitória, perto da Cidade Alta, onde ainda mora. “Minha família é muito humilde. Foi uma infância bem difícil, com pouco acesso a coisas que hoje posso oferecer aos meus filhos. Em minha trajetória na Piedade, eu vi a necessidade e passei por vários momentos em que o poder público nunca estava próximo de nós, desde uma simples escadaria que não tinha, era de barro.”

Nos primeiros anos de vida, ele morou em um barraco. Aos 12, sua família construiu uma casa de alvenaria. “No morro, você vai subindo degraus.” Pode-se acrescentar: na dupla acepção da expressão. “A minha infância foi muito ligada ao que hoje a gente entende muito, que é defender quem mais precisa, defender que o poder público chegue nas comunidades, nas periferias, nas pessoas que levam as suas dores.”

Muito cedo, a importância da escola se manifestou na vida do garoto negro e pobre. “Foi, para mim, o lugar mais importante de contato com o poder público”. Estávamos em meados dos anos 1990. Na rede pública de Vitória, ainda não havia um regime de tempo integral oficialmente estabelecido. Mas ele e seus dois irmãos com idades próximas foram contemplados com o benefício de ficar mais tempo na escola.

Os primeiros anos da educação infantil, eles passaram no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Menino Jesus, na Rua Sete. A escolinha, de maneira autônoma, oferecia almoço e mantinha atividades no contraturno. O pai, gari, e a mãe, doméstica, passavam o dia inteiro fora, trabalhando. Ele e os irmãos almoçavam na escola e ficavam o dia inteiro lá. “A escola participava muito da minha vida, da vida da minha família e de várias famílias do Morro da Piedade e outros morros da região.”

Depois, Jocelino cursou o ensino fundamental completo (na época, oito séries) na Escola São Vicente de Paula, também da Prefeitura de Vitória, na Cidade Alta, a qual também organizava atividades no contraturno. “Foi uma escola muito importante para minha formação, porque os professores viam no meu perfil uma ‘liderança nata’, como eles diziam. A escola potencializou esse protagonismo que eu tinha.”

Da 1ª à 8ª série, Jocelino foi representante de turma. Quando ele estava na 7ª série, no começo da primeira administração do então prefeito João Coser (PT), a Secretaria Municipal de Educação (Seme) lançou um projeto visando à criação de grêmios estudantis nas unidades da rede. Uma pedagoga da escola de Jocelino abraçou o projeto, reuniu os representantes de turma e lançou o desafio. “Foi legal. Teve campanha mesmo. Montamos chapas. Conseguimos organizar o grêmio, e nossa chapa ganhou de lavada, com 80% dos votos.”

Ele se tornou presidente do grêmio, reeleito por mais um ano na 8ª série. “Conseguimos mobilizar os estudantes em torno de pedir melhorias. Tanto que a obra do novo São Vicente de Paula, que hoje vai sair do papel, foi uma mobilização iniciada antes da minha chegada à escola, mas sobretudo com o nosso grêmio estudantil. Na época, fomos conversar com a então secretária de Educação, Marlene Cararo, para pedir uma nova escola. Viramos referência de protagonismo estudantil.”

A São Vicente de Paula foi transferida para o prédio do antigo Colégio do Carmo. Hoje, a prefeitura está construindo um novo prédio para a escola, no espaço do antigo Colégio Americano.

Jocelino Júnior em vista às obras da nova EMEF São Vicente de Paula, onde ele estudou

Jocelino Júnior em vista às obras da nova EMEF São Vicente de Paula, onde ele estudou

> Karla Coser: “Tenho vontade de disputar a Prefeitura de Vitória”

Juventude: do trabalho de embalador ao embalo acadêmico

No ensino médio, Jocelino foi estudar no colégio estadual Irmã Maria Horta, na Praia do Canto, onde também ajudou a criar o grêmio estudantil. “Conseguimos fazer várias coisas, inclusive trocar o diretor da escola.” Uma curiosidade é que o hoje vereador conta que teve, como colega de turma, o atual prefeito da Serra, Weverson Meireles (PDT).

Na mesma época, a Prefeitura de Vitória criou um Núcleo de Mobilização Estudantil, na Seme. Como o grêmio estudantil da São Vicente tinha sido um case de sucesso, Jocelino foi convidado para estagiar nesse núcleo, ganhando uma bolsa-estágio de ensino médio. Sua função era ajudar a multiplicar a semente dos grêmios estudantis em outras unidades da rede municipal.

No entanto, antes do estágio na Seme, ele viveu sua primeira experiência profissional, como embalador de compras em um supermercado em Jardim da Penha. Além da necessidade de contribuir com a renda do lar, ele precisou começar a trabalhar para ajudar o pai a pagar suas passagens de ônibus, para fazer o trajeto diário da Piedade à Praia do Canto. Era o único meio de continuar estudando na Maria Horta.

Só que essa primeira experiência, muito marcante para ele, só durou cerca de dois meses. “Cheguei em casa e disse para o meu pai: ‘Isso não é para mim. Não é isso que eu quero. Se eu ficar ali, eu sei que vou ficar ali ad eternum. Posso ser contratado depois, mas é ali que eu vou parar.”

Ele não queria parar.

Conseguiu o estágio na sede da Seme, em Itararé. E, de tanto conviver com professores e admirar muitos deles, interessou-se em fazer Pedagogia. Passou no vestibular, na modalidade ampla concorrência, e fez o curso à noite na Ufes. Como estudante universitário, conseguiu um novo estágio na Secretaria de Educação de Vitória, dessa vez como educador social.

Eram os primórdios da educação em tempo integral. Atuando como um mobilizador, ele ajudava a equipe pedagógica a promover atividades ligadas ao protagonismo juvenil entre os alunos do ensino básico nas escolas. Em paralelo, militou no movimento estudantil da Ufes, representando os alunos por um período no Conselho de Pesquisa e Extensão.

Após formado, Jocelino passou em dois concursos para trabalhar (adivinhem) na rede municipal de educação. É servidor efetivo, nas cadeiras de pedagogo e professor regente de turmas do ensino fundamental 1. Já passou por algumas unidades, tendo se dedicado principalmente à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também já trabalhou no Museu do Negro, equipamento cultural da prefeitura, no Centro de Vitória.

O vereador ainda tem dois cursos superiores incompletos. Após prestar de novo o Enem, passou para Comunicação Social na Ufes, com habilitação em Jornalismo (“Era meu sonho!”), mas abandonou o curso no penúltimo período. Na Doctum, faculdade privada, também já fez até o 9º período de Direito. Trancou a matrícula no ano passado, para se dedicar à campanha a vereador.

Jocelino também é mestre em Educação na Ufes. Entrou no programa por volta de 2019. Um ano antes, os moradores da Piedade haviam enfrentado o auge da guerra do tráfico na comunidade. “Foi muito pesado. Cerca de 40% dos moradores deixaram suas casas, com medo. E o poder público, inerte. Instalaram uma base da Polícia Militar, que até hoje não funciona para nada. A resposta do governo sempre é colocar polícia para resolver questões sociais. Isso nunca vai resolver em lugar nenhum.”

Na dissertação de mestrado, Jocelino pesquisou especificamente os morros do Centro de Vitória, chamados por ele de “Território do Samba”. “Nessa pesquisa, eu queria entender por que a Piedade não saía desse lugar de pobreza. Cheguei à conclusão de que a Piedade nasceu para ser o que é: nasceu pobre, permanece pobre e vai continuar pobre se o poder público não chegar lá com força. Isso ainda não aconteceu. Hoje as pessoas em geral vivem melhor, mas ainda existe muita vulnerabilidade e violência.”

Durante a pesquisa, ele conseguiu localizar seis moradoras que foram mães adolescentes em 2002, de acordo com uma reportagem da época. Pela idade, os filhos deveriam estar adentrando a maioridade. “Quatro delas me informaram que o filho já havia morrido.”

O Instituto Raízes e as raízes profundas no PT

“Por incrível que pareça” – expressão usada por ele mesmo –, apesar de tamanho envolvimento com a própria comunidade, Jocelino nunca fez parte de associação de moradores do bairro ou qualquer entidade equivalente. Não considera a si mesmo como um “líder comunitário”. Mas, de todo esse envolvimento, surgiu o Instituto Raízes, Organização da Sociedade Civil (OSC) cofundada em 2008 por ele e outros moradores dos morros da Piedade e da Fonte Grande. Com sede no Centro de Vitória, a entidade sem fins lucrativos segue ativa, lutando pelos direitos dos habitantes dessas comunidades, com atenção especial às crianças e aos jovens. Por muitos anos, Jocelino foi o presidente.

“Eu fazia uma militância orgânica. Queria o melhor para minha comunidade. E foi a partir da educação e da minha formação profissional que fui entender que eu podia contribuir de outras maneiras. Criamos, então, uma instituição. A partir do Instituto Raiz, passamos a fazer cobranças ao Ministério Público, à Defensoria Pública…”

Em paralelo, Jocelino tornou-se membro do Conselho Tutelar de Vitória – onde, aliás, veio a conhecer Pazolini, que também participava das reuniões, na condição de titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), da Polícia Civil do Espírito Santo.

Ao lado do engajamento na defesa da comunidade, no movimento estudantil, no movimento negro, no Conselho Tutelar etc. etc. etc., a história de Jocelino também passa, evidentemente, pelo engajamento partidário no PT, o qual começou muito cedo. Aos 34 anos, ele já acumula quase duas décadas de militância. “É meu primeiro e único partido. No dia em que pude tirar meu título de eleitor, corri para tirar meu título e corri para me filiar, logo depois de completar 16 anos.”

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Seu pai, de quem ele herda o nome, foi uma grande influência. “Ele sempre foi muito fã do Partido dos Trabalhadores e do presidente Lula, então houve um empurrão familiar. E me vejo como fruto de melhorias promovidas pelo governo Lula a partir de 2002, me reconheço em muitas políticas públicas implementadas pelo PT. Nós vamos passar a discutir racismo no Brasil não pelas mãos do presidente Lula, mas a partir de políticas trazidas para o Brasil por ele e por toda a equipe de governo do PT.”

A história da família, aliás, passa por outro líder político importante na história do país. O avô de Jocelino, Seu Bento, era fã de Juscelino Kubitschek. Apesar da grafia diferente, batizou de Jocelino um filho (o pai de Jocelino Júnior) e de Jocelina uma filha. “Meu pai e minha tia. Sou o terceiro Jocelino da família! (risos)”

Como petista de carteirinha, Jocelino, desde menor de idade, apoiou campanhas e candidatos do partido. A primeira foi a de João Coser à reeleição na Prefeitura de Vitória, em 2008. Internamente, ele pertencia à corrente Articulação de Esquerda, cuja principal referência no Espírito Santo, inclusive para ele, é a deputada estadual Iriny Lopes. Hoje, porém, o vereador se considera “independente” no contexto do partido.

Da bola na trave ao gol: o mandato parlamentar

No ano de 2020, beirando os 30 anos, Jocelino decidiu que era chegada a sua vez de encarar as urnas. “A gente vê poucos políticos de fato dentro dos territórios de periferia. Pouquíssimos. Poucos políticos indo à periferia. Menos ainda vindos da periferia. Então a periferia acaba sendo realmente um lugar visitado só durante o período eleitoral. Tínhamos acabado de passar por aquela crise de segurança pública na Piedade. E poucos agentes públicos buscaram algo concreto que mudasse a vida daquelas pessoas. Então a própria comunidade viu a possibilidade de eu ser vereador. Aceitei esse desafio coletivo, e fomos para as ruas.”

Com 1.941 votos, Jocelino ficou como suplente do PT. Teve apenas 20 a menos que a eleita Karla Coser. “Não fiquei lamentando a perda. Passei os quatro anos seguintes trabalhando, dialogando com as pessoas, me inserindo mais nas atividades culturais e sociais, vendo o que as pessoas anseiam de um mandato popular que possa dialogar com quem mais precisa. Este é meu objetivo aqui: dialogar com quem mais precisa. Dialogar sobre pontos que às vezes passam batidos nas discussões na Câmara.”

Em 2024, ele reorganizou seu grupo de apoio e panejou bastante a nova campanha. Deu certo: em sua segunda tentativa, conquistou a cadeira como o sexto candidato mais votado para a Câmara de Vitória.

No primeiro biênio da legislatura, está na Comissão de Finanças, na de Cultura e na de Educação. Suas principais bandeiras são a luta por políticas públicas para os territórios de periferia; fortalecimento das políticas de assistência social; cultura, lazer e esportes; mobilidade urbana dentro dos territórios periféricos; e, logicamente, a educação. Para a área, ele propõe um plano de restruturação física e de climatização das escolas municipais. Também já apresentou projeto de lei para aprimorar as regras de concessão de bônus-desempenho para os professores da rede e, segundo ele, corrigir injustiças.

“Temos um mandato técnico, para discutir qualquer questão da cidade. Ao mesmo tempo, passei na pele aquilo que as pessoas da periferia estão dizendo. Quero ser a voz da periferia, a voz de quem mais precisa dentro do plenário da Câmara”, resume ele.

O envolvimento com o samba

Jocelino também é o atual presidente da escola de samba Unidos da Piedade. Está no último ano do mandato, iniciado em 2023. Seu envolvimento com a agremiação está no sangue de sua família.

“Já fui de tudo no carnaval, de folião a amante, e hoje faço gestão também. Participo da escola desde os sete anos. Já saí na ala das crianças, já fui passista mirim, mestre-sala, já desfilei em outras alas…” O avô paterno dele, Bento (aquele mesmo: o fã de JK), foi um dos fundadores da escola. Confeccionava instrumentos de percussão com pele de gato e de cabrito.

A relação com Pazolini

Jocelino não hesita em se considerar um vereador de oposição ao prefeito Pazolini e a sua gestão. Mas cultiva com ele uma relação cordial, de respeito mútuo – e, certamente, muito melhor que a do prefeito com outros parlamentares de oposição no mandato passado e no atual, como a também petista Karla Coser, em gozo de licença-maternidade.

“Minha relação com o prefeito é uma relação institucional. Conversamos civilizadamente. Por incrível que pareça, até agora não tive uma audiência com o prefeito para levar um monte de demandas que tenho. Conheço-o antes de ele ser político. Como delegado-chefe da DPCA, ele também participava das reuniões do Conselho Tutelar. Discutíamos muito os casos de violência na cidade de Vitória. Nós nos conhecemos nessa relação profissional, de respeito. Nunca imaginei que ele se tornaria político, nem eu nem ninguém. Ele sabe do meu compromisso, pois foi testemunha disso, então, como ele mesmo fala, ele tem respeito pela minha trajetória.”

Entretanto, o vereador faz questão de erguer uma divisória: respeito mútuo, sim, mas ele não se considera amigo, muito menos aliado do prefeito. “Politicamente, divergimos muito. Não sou amigo dele, como alguns dizem por aí, tanto é que estou aqui fazendo um mandato independente, fazendo denúncias e provocações à prefeitura, coisa que muita gente que é amigo não faz. Sou de oposição, não por vaidade. Uma oposição séria, que traz os problemas, como o das crianças do Romão que passam pela lama para ir para a escola, como o fato de eu ter sido o primeiro a criticar a terceirização dos prontos atendimentos”, exemplifica.

Da piscina interdita ao parquinho inexistente

Ele conclui com outro exemplo que remete àquela brincadeira de crianças, interdita, em sua infância, num espaço de lazer que ele e seus irmãos “não podiam frequentar”:

“A Piedade, você precisa ver, ainda tem um parquinho de chão batido para as crianças, numa cidade em que todas as esquinas agora têm um ‘Parquinho Kids’. Por que as crianças da Piedade não têm direito a um ‘Parquinho Kids’? O poder público precisa chegar lá. É por esse tipo de luta que estou na Câmara de Vitória.”