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Coluna Vitor Vogas

Como ficou o desenho político da próxima Câmara de Vitória

Base ou oposição? Direita, centro ou esquerda? Quem representará cada região da cidade? Quem estará com o governo Pazolini e como será a vida do prefeito no relacionamento com a Casa? Mapeamos para você a configuração do próximo plenário, do ponto de vista político, ideológico e geográfico

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Plenário da Câmara de Vitória. Foto: CMV

Plenário da Câmara de Vitória. Foto: CMV

Base ou oposição? Direita, centro ou esquerda? Quem representará cada região da cidade? Quem estará com o governo de Lorenzo Pazolini e como será a vida do prefeito no relacionamento com a Casa? Na coluna desta segunda-feira (28), mapeamos para você a configuração do próximo plenário da Câmara de Vitória, do ponto de vista político, ideológico e geográfico. Também apresentamos um miniperfil de cada um dos 21 vereadores eleitos para a próxima legislatura (2025-2028). Segue o fio.

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Dos 21 eleitos no dia 6 de outubro, 10 vão para o primeiro mandato, enquanto 11 foram reeleitos ou retornarão para a Câmara (caso de Armandinho Fontoura, afastado pela Justiça do atual mandato). Dos 15 atuais vereadores, só o atual presidente, Leandro Piquet (PP), não disputou a reeleição. Dos 14 que tentaram renovar o mandato, só quatro não o conseguiram: André Moreira (PSol), Chico Hosken (Podemos), Vinicius Simões (PSB) e o atual líder do prefeito, Duda Brasil (PRD).

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Nove partidos e duas federações elegeram representantes. No total, 12 partidos terão representação em plenário.

As maiores bancadas, com três vereadores cada uma, serão a do Republicanos, partido de Pazolini, a do PP (também aliado de Pazolini), a do PSB (sigla do governador Renato Casagrande) e a da Federação Brasil da Esperança (Fe Brasil). Esta última elegeu dois vereadores do PT (a campeã de votos Karla Coser e o novato Professor Jocelino) e um do PV (o experiente Luiz Paulo Amorim).

Apenas oito dos 21 foram eleitos por partidos da coligação de Pazolini: os três do Republicanos e os três do PP, mais os vereadores Leonardo Monjardim, pelo Novo, e Maurício Leite, pelo PRD.

Quatro se elegeram por partidos integrantes da coligação de Luiz Paulo (PSDB): os três do PSB, mais o novato Joao Flavio (MDB). Os três da Fe Brasil estavam na coligação de João Coser (PT). Por siglas da coligação do Capitão Assumção (PL), entraram os dois do PL. A novata Ana Paula Rocha é do PSol, de Camila Valadão. E Dalto Neves foi reeleito pelo Solidariedade, sigla que estava na coligação de Du (Avante). O Podemos, que elegeu dois vereadores, não apoiou ninguém na disputa majoritária.

Isso não quer dizer que o prefeito terá vida mais difícil nem uma base mais frágil na Câmara no próximo mandato. Pelo contrário.

Vida ainda mais fácil para Pazolini no próximo mandato

Encerrada a eleição, as coligações se desmancham. Muitos dos vereadores eleitos por partidos que não estavam na aliança de Pazolini farão parte da sua base na Câmara. Alguns, discreta ou abertamente, até fizeram campanha para ele. Na prática, no início do segundo governo, o prefeito gozará de ampla maioria na Casa – ainda maior, percentualmente, do que já tem no atual mandato.

À exceção de Leonardo Monjardim (Novo), que não atendeu às nossas ligações nem respondeu às nossas mensagens, ouvimos todos os 21 eleitos. Somente três declararam que serão vereadores de oposição à administração Pazolini: os petistas Karla Coser e Professor Jocelino e a psolista Ana Paula Rocha. Ainda assim, há algumas nuances.

O trio de oposicionistas

“Continuarei sendo oposição à gestão Pazolini”, garante Karla, assertiva. Categórica também é a novata Ana Paula Rocha, que substituirá André Moreira como representante do PSol na Casa: “Serei oposição de esquerda”.

Também chegando para o primeiro mandato, o Professor Jocelino Junior, educador efetivo da rede municipal de Vitória e líder comunitário do Morro da Piedade, no Centro, afirma que estará no mesmo campo, mas faz algumas ponderações:

“Meu posicionamento é de oposição. Mas uma oposição responsável, crítica e propositiva. Quero o melhor para a cidade de Vitória e para o nosso povo. E o diálogo sobre as políticas públicas será feito de forma ativa e com seriedade. Não tenho tempo para perder esperneando em discussões infrutíferas. O que o povo espera são respostas para seus problemas e suas demandas, principalmente nas áreas vulneráveis e de periferia”.

Mesmo o experiente vereador Luiz Paulo Amorim, eleito pelo PV, na mesma chapa que os dois petistas, afirma que continuará na base de Pazolini:

“Na atual legislatura, sempre estive com o prefeito. Se ele atender o que a comunidade solicitar, estaremos juntos”, afirma Amorim, rumando para o quinto mandato na CMV. Há duas semanas, ele esteve ao lado de Pazolini e da vice-prefeita eleita, Cris Samorini (PP), em visita técnica à reforma de uma escola no morro de São Benedito, bairro do seu reduto eleitoral.

Maioria percentualmente mais ampla; oposição mais “diluída”

Vale lembrar que, em 2023, a Câmara aprovou a criação de seis cadeiras em plenário. Hoje, a Casa só tem 15 vereadores, dos quais três são de oposição: Karla Coser, Vinicius Simões e André Moreira. Significa que, de cada cinco parlamentares, um faz oposição a Pazolini (ou seja, 1/5 da Casa).

Na próxima legislatura, serão 21 vereadores. Mas os oposicionistas declarados seguirão não passando de três: Karla, Jocelino e Ana Paula Rocha. Vale dizer que, de cada sete edis, só um será oposicionista (ou seja, 1/7 da Casa). Proporcionalmente, a relação ficou até mais confortável do que já é para o prefeito.

Os demais, em resposta aos nossos questionamentos, ou declararam categoricamente que farão parte da base governista, ou preferiram se definir como vereadores “independentes”. Isso inclui, por exemplo, os três vereadores eleitos pelo PSB. Trata-se do partido do governador Renato Casagrande, que lidera, no plano estadual, um grupo político adversário ao de Pazolini e do Republicanos.

Entretanto, nenhum dos três eleitos pelo PSB fala em fazer oposição ao Executivo. Isso inclui o veterano Aloísio Varejão – que faz parte da base atualmente e deverá assim permanecer – e os calouros Bruno Malias e Pedro Trés. Os três mantêm discurso de independência.

“Quem vai escolher [minha posição] é o prefeito, não sou eu que vou definir de partida”, afirma Trés. “Se o prefeito mandar bons projetos, não tenho a menor razão para, de partida, estar na oposição. Também não estarei na base, formada historicamente com cargos na prefeitura, o que não é meu caso. Os bons projetos terão o meu apoio e os maus projetos terão as minhas crítica”, completa o vereador de primeiro mandato, candidato sem sucesso em 2020, pelo PDT.

Palavras de Davi Esmael

Entre os 21 vereadores eleitos, o mais próximo de Pazolini, inclusive no plano pessoal, é Davi Esmael. Correligionário do prefeito no Republicanos e antecessor de Leandro Piquet (PP) na presidência da Câmara (2021-2022), Davi é amigo e foi colega de turma de Pazolini no curso de Direito da FDV.

Ele não tem a menor dúvida de que, na próxima legislatura, o prefeito desfrutará de maioria folgada em plenário, até porque, reeleito em 1º turno, chega muito fortalecido politicamente para o segundo mandato – o que leva os vereadores a pensarem duas vezes antes de bater de frente com a máquina.

“O prefeito terá ampla maioria, porque a cidade que o reelegeu no 1º turno mostrou que Vitória está no caminho certo. A cidade reconheceu, no 1º turno, que ele é um ótimo prefeito, mesmo com todos os grupos políticos contrários. Isso vai além das questões partidárias e das coligações eleitorais. Há vereadores que não estiveram conosco, mas que reconhecem que os projetos deles não foram bem e por isso caminharão conosco. Um grande exemplo é o vereador Dalto Neves, reeleito pelo Solidariedade.”

Outro exemplo, podemos acrescentar, é o calouro João Flavio. Líder comunitário do bairro Bonfim por três mandatos consecutivos, ele acaba de se eleger para o primeiro mandato na CMV pelo MDB, partido integrante da coligação de Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) na disputa majoritária. Mas ele mesmo diz ter apoiado a candidatura de Pazolini e manter “excelente relação com o prefeito e sua equipe”.

Moreira e Simões: Pazolini ainda por cima deu sorte…

Vale dizer que, além de tudo, Pazolini deu sorte. Com requintes de crueldade, dois vereadores “carne de pescoço” para ele não conseguiram se reeleger. Tanto André Moreira como Vinicius Simões fazem oposição aguerrida à atual gestão. Ambos ficaram de fora por muito poucos votos.

Com 2.628 votos, Moreira foi o 16º candidato mais votado nominalmente. Teve mais votos que seis eleitos. Mas, com poucos candidatos, a chapa da Federação PSol/Rede só atingiu votação suficiente para fazer um vereador. Moreira teve apenas 42 votos a menos que Ana Paula Rocha, a candidata mais votada da chapa, que ficou com essa única vaga.

Já Simões, com 2.271 sufrágios, foi o 23º mais votado nominalmente. A chapa do PSB conseguiu fazer três vereadores. O professor de História teve só 45 votos a menos que Pedro Trés, companheiro de chapa que beliscou a terceira vaga do partido.

Distribuição geográfica

Do ponto de vista geográfico, pode-se dizer que todas as regiões da cidade, tanto na parte insular como na continental, dos “bairros nobres” aos periféricos, da Praia do Canto aos morros da ilha, terão representação em plenário.

Ampliar a representatividade das diversas comunidades era justamente o argumento central usado pelos defensores da emenda à Lei Orgânica Municipal que permitiu, no ano passado, a ampliação do número de assentos de 15 para 21 na CMV (com amparo na Constituição Federal).

QUEM É QUEM NA PRÓXIMA CÂMARA

Abaixo, traçamos um miniperfil de cada um dos 21 vereadores eleitos em Vitória (exceto Leonardo Monjardim). Para isso, fizemos as mesmas quatro perguntinhas para cada um: posição em relação à prefeitura; campo ideológico; reduto político; e causas prioritárias no próximo mandato (cada um pôde citar de uma a três).

Confira as respostas de cada eleito, agrupados por bancada (das maiores para as menores). O que estiver entre aspas são observações acrescentadas pelos próprios.

REPUBLICANOS

. Aylton Dadalto

Base ou oposição: base

Posição ideológica: direita (“dialogando com todo mundo”)

Reduto político: regional 5, principalmente Praia do Canto

Causas: segurança pública, população em situação de rua e desenvolvimento de PPPs

. Davi Esmael

Base ou oposição: base

Posição ideológica: direita

Reduto político: bem espalhado; forte inserção em igrejas evangélicas

Causas: inclusão, pessoas com deficiência, defesa da vida e da liberdade

. Luiz Emanuel

Base ou oposição: base

Posição ideológica: conservador de direita

Reduto político: Jardim da Penha e Mata da Praia

Causas: moradores em situação de rua

FEDERAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA (PT/PV/PCdoB)

. Karla Coser (PT)

Base ou oposição: oposição

Posição ideológica: esquerda

Reduto político: Território do Bem, Jardim da Penha e Jardim Camburi

Causas: a construção de uma cidade para as mulheres, uma cidade mais humana e uma cidade sustentável

. Professor Jocelino (PT)

Base ou oposição: oposição (“mas uma oposição responsável, crítica e propositiva”)

Posição ideológica: esquerda

Reduto político: Morro da Piedade, na região do Centro de Vitória

Causas: educação (“com a luta pelo direito de ensinar e aprender”); políticas de assistência social e de direitos humanos; cultura

. Luiz Paulo Amorim (PV)

Base ou oposição: base

Posição ideológica: centro

Reduto político: Grande Maruípe

PP

. Anderson Goggi

Base ou oposição: base

Posição ideológica: centro

Reduto político: Grande Maruípe e Grande Santo Antônio

Causas: redução das desigualdades sociais

. Camillo Neves

Base ou oposição: base

Posição ideológica: “direita comedido”

Reduto político: Ilha de Santa Maria (com presença também em Mata da Praia, Jardim Camburi, Praia do Canto e Jardim da Penha)

Causas: esporte, segurança pública e projetos sociais

. Mara Maroca

Base ou oposição: base

Posição ideológica: “Meu trabalho é para atender toda a população, não sigo círculos partidários.”

Reduto político: Grande São Pedro

Causas: saúde, educação e segurança

PSB

. Bruno Malias

Base ou oposição: independente

Posição ideológica: “Acredito em políticas públicas baseadas em evidências. Prefiro transitar aí.”

Reduto político: Jardim Camburi

Causas: educação, saúde e esporte

. Aloisio Varejão

Base ou oposição: “Independente, mas sempre aliado com o Executivo, porque é para lá que mandamos as demandas e necessidades das comunidades.”

Posição ideológica: centro

Reduto político: Grande São Pedro e Grande Santo Antônio

Causas: saúde

. Pedro Trés

Base ou oposição: independente

Posição ideológica: centro

Reduto político: Jardim da Penha e Praia do Canto

Causas: ciência e tecnologia, turismo e economia criativa

PL

. Darcio Bracarense

Base ou oposição: independente. (“E garanto a você que serei o único verdadeiramente independente da Câmara, pois metade está comprometida com o governo Casagrande e a outra com o prefeito Pazolini. Sou o único que não quer ser base de nenhum desses dois grupos.”)

Posição ideológica: conservador

Reduto político: teve mais votos em Jardim Camburi

Causas: segurança, saúde e infraestrutura

. Armandinho Fontoura

Base ou oposição: independente

Posição ideológica: direita

Reduto político: região da Praia do Canto

Causas: segurança pública; combate a desvios e malversação de recursos públicos; geração de emprego e renda com desenvolvimento sustentável

PODEMOS

. André Brandino

Base ou oposição: base

Posição ideológica: centro-direita

Reduto político: Grande São Pedro

Causas: projetos sociais, saúde e causa animal

. Baiano do Salão

Base ou oposição: independente

Posição ideológica: centro

Reduto político: Grande Maruípe

Causas: geração de emprego e renda para as comunidades periféricas; esporte e lazer

PRD

. Maurício Leite

Base ou oposição: independente (“Se for do interesse do povo, eu estou junto.”)

Posição ideológica: centro

Reduto político: Jardim Camburi

Causas: vai ouvir os cidadãos para saber suas necessidades

FEDERAÇÃO PSOL/REDE

. Ana Paula Rocha

Base ou oposição: oposição de esquerda

Posição ideológica: esquerda

Reduto político: Centro de Vitória (“Mas, como atuo na cultura e na defesa da educação, nossa força política se espalha pela cidade com prioridade em políticas públicas para as periferias.”)

Causas: “direito à cidade pensando em todes, principalmente para mulheres, povo negro e juventudes; educação e cultura”

SOLIDARIEDADE

. Dalto Neves

Base ou oposição: base

Posição ideológica: centro

Reduto político: Grande São Pedro e Grande Santo Antônio

Causas: desburocratização e empreendedorismo, valorização dos comerciantes, causa animal

MDB

. João Flavio

Base ou oposição: base

Posição ideológica: centro

Reduto político: bairro Bonfim (Grande Maruípe)

Causas: educação, assistência social e saúde pública. “Nosso compromisso é cuidar das pessoas.”

NOVO

. Leonardo Monjardim (NÃO RESPONDEU)


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