Coluna Vitor Vogas
Capitã Estéfane balança e está prestes a “cair” na disputa em Vitória
Pré-candidatura da atual vice-prefeita a prefeita da Capital balança fortemente no momento e está prestes a se retirar ou ser retirada pela direção do seu partido, o Podemos. Saiba aqui por quê e o que pode acontecer nesse caso
A pré-candidatura da vice-prefeita Capitã Estéfane a prefeita de Vitória balança fortemente no momento e tem chances reais de ser retirada da disputa pela direção do seu partido, o Podemos.
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Em diálogo com a própria Estéfane, o presidente estadual do Podemos, Gilson Daniel, está considerando muito seriamente a possibilidade do recuo, conforme a coluna apurou com fontes que acompanham de perto esse processo decisório.
Para todos efeitos, a pré-candidatura ainda está mantida, como afirma a vice-prefeita: “Eu não confirmo [retirada]. A palavra que eu tenho do Gilson e da [direção] nacional é que eu só não sou candidata se eu não quiser, mas eu quero, então eu permaneço na disputa”.
Essa é a palavra de Estéfane. Contudo, reservadamente, fontes ligadas ao partido confirmam que a retirada é muito factível. Alguns a dão como certa e iminente.
Líderes locais do partido, entre os quais o próprio Gilson Daniel, teriam chegado ao entendimento de que recuar agora pode ser uma saída honrosa, melhor para o partido e para a própria vice-prefeita.
A direção do partido teria se rendido aos fatos e concluído aquilo que já apontávamos aqui desde o primeiro momento após o lançamento da pré-candidatura de Estéfane, no começo de abril: é, realisticamente, uma candidatura com baixa viabilidade.
Internamente, a conclusão é que a candidatura esbarra em algumas grandes dificuldades de ordem prática.
Em primeiro lugar, da sua filiação ao Podemos para cá – portanto em pouco mais de 100 dias de pré-campanha –, Estéfane não conseguiu crescer nas pesquisas de intenção de votos.
Em segundo lugar, com a pré-candidatura de Estéfane, o Podemos hoje está isolado na disputa pela Prefeitura de Vitória. A pré-candidata e seu partido ainda conversam com outras siglas em busca de alianças para formar uma coligação – entre elas, o pequeno Avante, que tem a pré-candidatura do empresário Eduardo Spadetto (Du Kawasaki), e o PSD, que tendia a apoiar Luiz Paulo (PSDB), mas agora está “solto” na praça. Objetivamente, porém, o Podemos até agora está ilhado. O Avante não acrescenta muita coisa. O PSD, cortejado por Luiz Paulo e Pazolini, muito dificilmente irá com Estéfane.
Em terceiro lugar, há uma questão nevrálgica, de natureza financeira. No Espírito Santo, o Podemos terá um valor X, do Fundo Eleitoral, repassado pela direção nacional, para custear todas as candidaturas do partido a vereador, prefeito e vice-prefeito no Espírito Santo.
Com altas aspirações, o partido de Gilson Daniel deve lançar candidato próprio a prefeito em mais de 30 dos 78 municípios capixabas. E aquele valor X deverá ser dividido pela Executiva Estadual para todos eles. Alguns são considerados muito competitivos, como os prefeitos Arnaldinho Borgo, de Vila Velha, e Wanderson Bueno, de Viana, o deputado Lucas Scaramussa em Linhares, entre outros. Mas não é o caso de Estéfane.
Independentemente das chances do candidato ou candidata, a campanha majoritária em Vitória não é nem um pouco barata. A questão prática que se impõe, então, é a seguinte: por que se dar ao luxo de gastar (ou “rasgar”), em uma candidatura suicida na Capital, um volume expressivo de recursos que podem muito bem ser redistribuídos para outros candidatos mais fortes do Podemos, em outros municípios estratégicos?
Em quarto lugar, a coluna apurou que existe certa pressão por parte de candidatos a vereador do Podemos para que o partido retire Estéfane e apoie outro candidato mais competitivo na Capital. Eles temem ficar em um palanque fraco, sem um candidato a prefeito que os ajude na própria eleição à Câmara Municipal. Alguns deles se reuniram, na semana passada, com o pessoal de Lorenzo Pazolini (Republicanos). Os dois atuais vereadores do Podemos, André Brandino e Chico Hosken, apoiam o atual prefeito na Câmara.
Em quinto e último lugar, Gilson e a direção do Podemos têm em Estéfane uma player importante. Enxergam nela alguém com potencial para crescer na política e se eleger pelo partido para outros cargos em disputas futuras. A atual vice-prefeita poderia, por exemplo, compor a chapa do Podemos para a Assembleia Legislativa ou até para a Câmara dos Deputados em 2026.
O receio, nesse caso, é “queimar” Estéfane agora, jogando a vice-prefeita em uma candidatura kamikaze, sem o apoio de ninguém. “Não queremos que ela saia dessa eleição municipal menor do que entrou”, confidenciou-nos uma fonte ligada ao Podemos. Retirar Estéfane agora seria assim, além de tudo, uma forma de preservá-la politicamente.
No momento, Gilson, Estéfane e companhia analisam pesquisas para tomar uma decisão final.
Precisamente por conta desse quadro de possível desistência, o Podemos deixou para realizar a sua convenção em Vitória no último dia do prazo: a próxima segunda-feira (5).
E em caso de confirmação?
Em se confirmando o recuo, o partido terá de decidir qual rumo tomará na disputa pela Prefeitura de Vitória, ou seja, se apoiará algum outro candidato e, nesse caso, qual deles. Luiz Paulo, Pazolini e João Coser (PT) estão atentos, só esperando o rebote.
A outra questão que emergirá é o que fará a própria Estéfane. Ser candidata a vereadora na chapa do Podemos sempre foi uma hipótese válida, mas ela mesma sempre a rechaçou, desde que foi lançada por Gilson Daniel como pré-candidata a prefeita.
A segunda saída seria uma composição do Podemos com o PT, com Estéfane sendo incorporada à chapa do petista como sua candidata a vice-prefeita. No entanto, Gilson Daniel jamais gostou dessa ideia.
A terceira opção é Estéfane não disputar nenhum cargo nesse pelito municipal e apenas franquear o seu apoio, como cabo eleitoral com forte peso simbólico, a algum outro candidato (que pode não necessariamente ser o do Podemos em Vitória).
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