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Coluna Vitor Vogas

Aracruz: principal adversário do prefeito abandona disputa eleitoral

Agora, para salvar a chapa do Republicanos, deputado conservador se prepara para atender ao chamado do partido e assumir a candidatura. Ele pode topar

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Leandro Sperandio. Crédito: Reprodução Facebook

Leandro Sperandio. Crédito: Reprodução Facebook

O delegado Leandro Sperandio tem sido o responsável pelas maiores emoções na corrida eleitoral antes mesmo do tiro de largada. Em março, o delegado da Polícia Civil filiou-se ao Partido Liberal (PL). Levado pessoalmente pelo senador Magno Malta, foi a Brasília a teve a ficha de filiação abonada por Jair Bolsonaro, em meados de março. Isso para ser candidato a prefeito de Aracruz pela sigla de direita. No dia 4 de abril, a dois dias do fim do prazo para filiações de pré-candidatos, dando uma clássica “bola nas costas” de Magno, o delegado mudou de partido: trocou o PL pelo Republicanos, onde viu melhores condições de disputar a Prefeitura de Aracruz.

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Presidido no Espírito Santo pelo ex-deputado Erick Musso, o Republicanos é o partido que rivaliza com o PL pela hegemonia do campo da direita mais conservadora neste estado. Magno e o deputado federal Gilvan da Federal, que havia endossado a ida de Sperandio para o PL, não esconderam o seu abatimento com aquele movimento do delegado, considerado internamente uma traição.

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Desde então, Sperandio vinha construindo sua pré-candidatura pelo Republicanos. Sua coligação já contava com outros cinco partidos: Podemos, PSD, PRD, DC e Agir.

Agora, Erick Musso e outros líderes do Republicanos, sem contar os diversos aliados de outras siglas, estão sentindo algo parecido com o sentimento imposto a Magno Malta e aos líderes do PL no começo de abril.

Em nova reviravolta, Sperandio comunicou nesta terça-feira (23) a sua desistência eleitoral. Sem maiores satisfações, não vai mais disputar a Prefeitura de Aracruz, por partido algum.

Em suas redes sociais, Erick se encarregou de anunciar a desistência do delegado.

Segundo o presidente estadual do Republicanos, Sperandio limitou-se a alegar “motivos pessoais”, além de “um clamor popular para seu retorno às atividades policiais”. O dirigente também disse ter recebido a notícia “com surpresa e tristeza”.

Erick realmente foi pego de surpresa com a decisão, pelo que apuramos. Fato é que o delegado deixou o Republicanos e os outros cinco partidos aliados em uma grande enrascada, precisando correr contra o tempo para se reorganizarem, encontrarem e lançarem um novo candidato, minimamente competitivo, até o dia 5 de agosto, data final para a realização das convenções partidárias e registro em ata das candidaturas.

Isso dá a eles 13 dias para elaborar e executar às pressas um plano B.

Mas o plano já existe. O nome já foi encontrado. Na verdade, sempre esteve ali ao lado. A solução responde por Alcântaro Filho.

Eleito deputado estadual em 2022 e cumprindo o seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa, o ex-vereador de Aracruz era, inicialmente, a principal aposta do Republicanos para disputar a prefeitura da cidade. Mas, naquele movimento de março para abril, o próprio Alcântaro achou por bem dar um passo atrás e apoiar Sperandio, acreditando que este poderia ajudar o Republicanos a reunir mais partidos e formar uma frente mais forte para derrotar o atual prefeito, Dr. Coutinho (PP), candidato à reeleição.

Foi Alcântaro, aliás, quem bancou a filiação do delegado, cumprindo papel fundamental naquela articulação.

Do lado esquerdo, Sperandio mostra ficha de filiação ao Republicanos, com Alcântaro Filho; do lado direito, Magno Malta discursa em Aracruz ao lado de Gilvan da Federal, após saberem da “pernada” (05/04/2024)

Agora, o deputado evangélico, conhecido por seu fervor religioso, está ouvindo o chamado (não o de Deus nem o de Jesus Cristo, mas o do próprio partido). Para salvar a chapa, evitando a dispersão dos seis partidos, dirigentes do Republicanos, incluindo Erick Musso, querem que Alcântaro (re)assuma a pré-candidatura, no lugar de Sperandio. Ele é considerado o único que pode preservar a unidade da coligação que já estava formada.

Alcântaro admite que está, sim, considerando atender ao chamado. “Vou considerar todas as possibilidades.” Isso em meio a consternação (ele se disse também muito surpreso com a decisão de Sperandio), além de muita oração e reflexão.

“Fui pego de surpresa pela decisão, estou recebendo muitas ligações nesse sentido [de se tornar candidato a prefeito]. Mas não tomarei nenhuma decisão sem orar e dialogar muito. Uma decisão difícil, em cima da hora e de extrema responsabilidade.”

A convenção conjunta do Republicanos com os cinco partidos aliados em Aracruz estava marcada para o dia 3 de agosto. Agora, está em aberto. Devem deixá-la para o último dia mesmo: 5 de agosto.

Em 2020, pelo PSD, ainda como vereador, Alcântaro disputou e perdeu a eleição a prefeito de Aracruz para Coutinho (eleito pelo Cidadania).

Para não perder a piada

Seja como for, o delegado Sperandio (que entende de tiro) nem sequer verá o tiro de largada da campanha.

E, se em abril ele deixou Magno e Gilvan chupando dedo, agora foram Erick e seus aliados que ficaram… sperandio sentados por ele.

Pesquisa foi balde de água fria

Publicada pelo site Folha Vitória no dia 17 de julho, a última pesquisa feita pela Futura Inteligência para a Rede Vitória mostrou um atual prefeito mais competitivo do que supunham adversários locais e com uma largada surpreendentemente forte.

Na consulta espontânea, na qual os nomes dos possíveis candidatos não são apresentados aos entrevistados, o Doutor Coutinho atingiu 44,1% das menções. Em segundo lugar, Sperandio foi mencionado por apenas 7,5% dos entrevistados.

Na estimulada, Coutinho alcançou 59,9%, contra 18,4% de Sperandio.

O Pastor Marcelo Souza (PL), candidato lançado pelo partido de Magno em substituição a Sperandio, ficou com 5,2% na estimulada.

A rejeição de Coutinho é muito baixa: 11,9%. A de Sperandio ficou mais alta: 20,4%. A do Pastor Marcelo, mais alta ainda: 31,8%.

Em resumo: Coutinho larga com amplo favoritismo. Reservadamente, fontes da política aracruzense apontam esse como um dos possíveis fatores que teriam desestimulado Sperandio. Nos últimos dias, ele já vinha revelando sinais de cansaço e abatimento.

Para alguns, o delegado teria se animado a ser pré-candidato no embalo das redes sociais (normalmente, restritas a bolhas). Mas o desânimo o teria acometido, conforme a eleição se aproximou, na medida em que ele se deu conta do tamanho da responsabilidade, do quanto é difícil fazer política e resolver as coisas através dela (muito diferente de ser delegado com poder de polícia) e do tamanho do trabalho que teria para derrotar Coutinho (a montanha é bem mais alta do que se pensava).

Fato é que, de março até aqui, seus movimentos pré-eleitorais foram os mais erráticos possíveis.


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