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Coluna Vitor Vogas

Abreu abre o jogo: o perfil do novo chefe da Casa Civil por ele mesmo

Juninho Abreu admite que “pode ser que aconteça” de ele chegar ao TCES um dia. Saiba o que diz o conselheiro Ciciliotti sobre antecipar aposentadoria

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Junior Abreu. Foto: Danielli Saquetto

Junior Abreu. Foto: Danielli Saquetto

Junior Abreu acaba de assumir o maior desafio de sua carreira na administração pública: com a ida de Davi Diniz para o Tribunal de Contas do Estado (TCES), ele foi alçado ao cargo de secretário-chefe da Casa Civil, a convite do governador Renato Casagrande (PSB). Tomou posse na última segunda-feira (11). Trata-se, como ele mesmo define, do “coração do governo”. Pelo gabinete dele passará, a partir de agora, toda a articulação política do Executivo Estadual, principalmente com os deputados.

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Ninguém é insubstituível, mas, em seus mais de cinco anos no cargo, Davi Diniz edificou uma relação que, agora, o novo secretário precisa começar a construir. Davi privava da confiança do governador e do plenário da Assembleia. Tanto que foi indicado por Casagrande para ser indicado pelos deputados para o cargo de conselheiro no TCES, sendo eleito como candidato único, com o apoio de 26 dos 30 parlamentares. Agora a missão de articulador está com Juninho, como é mais conhecido o novo secretário. Para isso, ele aposta em sua experiência e expertise em “gestão pública de resultados”:

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“Com a saída do Davi, o governador me fez o convite por minha experiência ao longo dos anos na gestão pública. A gente sabe que é um desafio grande. A Casa Civil é o coração do governo. Tem uma relação direta com a Assembleia, com os Poderes constituídos. Mas a gente acredita muito que a minha boa experiência de gestão possa contribuir nessa relação.”

O novo articulador político de Casagrande define assim o seu perfil: “A gente faz gestão para ter resultado. Essa questão de ‘ser técnico ou político’, para mim, não rola. Em qualquer lugar que você for, tem que fazer gestão. Se você fizer gestão de resultado, vai aparecer o resultado técnico e, consequentemente, o resultado político”.

Juninho acredita que conseguirá manter uma boa relação com a Assembleia, incluindo o presidente Marcelo Santos (Podemos), com quem, segundo ele, a relação já “é a melhor possível”. Marcelo é um grande aliado do Palácio Anchieta.

“Não tenho dúvida de que minha relação política com a Assembleia vai ser a melhor possível, até porque são Poderes independentes, mas sabemos o quanto é importante a harmonia entre os Poderes. Minha relação com o presidente Marcelo é a melhor possível, com a maioria dos deputados também, então vamos fazer uma gestão muito bacana, de parceria mesmo, num jogo de ganha-ganha em que a gente possa contribuir cada vez mais para a população capixaba. A relação hoje é muito boa. Quando você tem uma relação republicana como temos entre o governo e a Assembleia, quando você tem um Estado saneado, onde os investimentos acontecem de norte a sul, isso facilita muito”.

Juninho não planeja ser candidato a nada nem agora nem futuramente. “Não tenho aspiração eleitoral. Acho que já passou a minha fase.” Segundo ele, isso pode ter contribuído no convite recebido de Casagrande – com certeza pesou: é um dos “pré-requisitos” para estar na Casa Civil. “A minha linha de trabalho é realmente na gestão de resultados. A questão política não está no meu radar”, diz o novo secretário.

Seguindo os passos de Davi Diniz?

Ser candidato a cargo eletivo não está no radar dele… Mas e quanto a ser candidato, no futuro, a um dos sete assentos no Pleno do TCES, assim como Davi Diniz fez agora?

Afinal, na história recente do Estado, consolidou-se uma tradição de ocupantes da Casa Civil que acabam nomeados para a Corte de Contas – quase como uma escala necessária e que abre o caminho para quem não é deputado, mas almeja chegar lá. Dos sete atuais conselheiros, contando Davi Diniz, três passaram pelo cargo no Executivo Estadual. Os outros dois são Sérgio Aboudib (indicado diretamente pelo então governador Paulo Hartung) e Luiz Carlos Ciciliotti (escalado em 2019 por Casagrande para ser o indicado pela Assembleia).

Deixando transparecer uma ponta de interesse em chegar ao tribunal algum dia, Juninho responde que “lá na frente isso pode acontecer”, embora não seja o seu foco no momento.

“É claro que é importante a gente ser conselheiro do Tribunal de Contas. Dá muito orgulho ter o Davi no Tribunal de Contas. Pode ser até que lá na frente aconteça, mas não é meu foco. Qualquer cidadão capixaba que tivesse conhecimento, que tivesse expertise na gestão pública, gostaria de estar no Tribunal de Contas, porque é um cargo nobre. Você tem aí um número seleto de conselheiros. Mas não é meu foco. Meu foco é fazer a melhor gestão, como fez o Davi na Casa Civil. Sou apaixonado pela gestão pública, pela gestão pública de resultados. Mas, se lá na frente acontecer…”, concede o novo secretário.

Pela ordem natural, se ninguém antecipar aposentadoria ou for afastado do cargo por algum motivo, a próxima vacância de assento de conselheiro do TCES só ocorrerá em agosto de 2029, com a aposentadoria compulsória de Ciciliotti, após o governo Casagrande.

Como já registramos aqui, alguns aliados de Casagrande no PSB, muito reservadamente, aventam a possibilidade de Ciciliotti antecipar sua aposentadoria a pedido do governador, a quem o referido conselheiro é historicamente ligado. Desse modo, Casagrande poderia influir na escolha de mais um conselheiro de contas antes do fim do seu mandato.

A vaga de Ciciliotti é de indicação da Assembleia, mas isso não constitui impedimento para que o governador emplaque ali seu candidato, como tem demonstrado o recente histórico de indicações “da Assembleia”.

Questionado diretamente sobre isso por esta coluna, o próprio Luiz Carlos Ciciliotti foi quase peremptório… mas atenção ao “quase”: “Isso não está no meu horizonte. O governador nunca falou comigo sobre o assunto. A chance de eu antecipar a aposentadoria é quase zero”, respondeu o conselheiro.

“Zero” é diferente de “quase zero”.

Juninho no PDT

Logo depois de assumir a Casa Civil, em 2019, Davi Diniz achou por bem se desligar do partido ao qual era filiado, o Cidadania, como uma espécie de precaução adicional, para que isso não causasse eventualmente embaraços em suas negociações com os deputados e para que estes não pudessem questionar sua isenção partidária.

Juninho é filiado ao PDT. Tem ligações políticas históricas com Sérgio Vidigal. Entrou no governo Casagrande no início de 2019, por indicação direta do prefeito da Serra e na cota do PDT, como secretário estadual de Esportes. Depois disso, desenvolveu relação política direta e de confiança com o próprio governador.

Por enquanto, afirma Juninho, ele continua no PDT. “Por enquanto, sim. Pode acontecer [a desfiliação]. Mas, como não está no meu radar ser candidato a nada, não importa se sou do PDT ou de qualquer outro partido. Então pode ser que aconteça, mas não está no meu radar.”

Davi Diniz também não era candidato a nada e, mesmo assim, decidiu ficar sem partido.

Casa Civil & Seleção

A Casa Civil não é a Seleção Brasileira, mas a substituição no comando foi parecida: sai Diniz (que não é o Fernando), entra Junior (que não é o Dorival).