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Coluna João Gualberto

A centro-esquerda capixaba tem de se reinventar

Ao analisar as últimas eleições, João Gualberto avalia o crescimento da chamada pauta de costumes dos evangélicos e dos militares na política

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em

*João Gualberto

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Tenho escrito de forma recorrente sobre o crescimento da direita no Brasil e no Espírito Santo. Ao analisar as últimas eleições, dei ênfase ao crescimento da chamada pauta de costumes dos evangélicos e dos militares na política. Os candidatos majoritários Carlos Manato e Magno Malta, foram sustentadores desses valores no mundo eleitoral capixaba, por exemplo.

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Mais recentemente escrevi sobre a inflexão para a centro-direita. Em termos regionais, na cola de um movimento nacional, foi se estruturando um bloco de poder sob a condução de partidos como o PP, Republicanos e setores do Podemos, dentre outros. Atores relevantes na bancada federal, na assembleia legislativa, nas prefeituras e câmaras municipais têm atuado nessa inflexão. As discussões da centro-direita, têm sido mais econômicas, nos afastando da pauta mais radical de costumes.

Entretanto, este é o meu olhar. Não é o único. Segundo informações, o deputado federal Evair de Melo, vice-presidente nacional do Progressistas acredita que a polarização não está vencida. Confia que mesmo no pleito de 2026 ela estará presente. Parte do princípio de que o Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e interior de São Paulo são particularmente conservadores e, por isso, embora, neste momento manifestem-se discretamente, a polarização continua presente. Para ele, em 2026, ela deve aflorar.

Nesse ambiente político, temos que pensar na posição da nossa centro-esquerda, nas disputas regionais e como ela vai enfrentar esse cenário, pois tem ao seu lado o governo nacional, sua máquina e suas políticas públicas. Lula foi o candidato do governador Renato Casagrande, mas com muita cautela. No segundo turno, Casagrande, com habilidade dividiu sua base entre lulistas e bolsonaristas. Na direita tiveram peso especial dos prefeitos Arnaldinho Borgo, Euclério Sampaio e Enivaldo dos Anjos. Funcionou eleitoralmente, mas a centro-esquerda, da qual o governador faz parte, saiu com problemas de identidade a serem resolvidos.

Na polarização, o embate das candidaturas do PL e do PT, produziu o deputado federal mais votado, Helder Salomão. Igualmente tivemos a expressiva votação de deputados estaduais, como João Carlos Coser e Camila Valadão, do Psol. Também levou, no polo oposto, a votação espantosa para Gilvan da Federal e alguns estaduais da bancada dos lacradores, muito atrelados a lógica das redes sociais e as pautas de costumes. Reforçou o poder eleitoral de Bolsonaro, e também de Lula e dos antigos petistas capixabas. Na maioria, ex-prefeitos de longa tradição na política local.

Como parto da ideia que a polarização deve ficar menor, boa parte da centro-esquerda capixaba, certamente terá que se reinventar. Precisa buscar novas raízes na sociedade e nos movimentos socais mais contemporâneos. Caso não se reposicione, vai envelhecendo com seus atores tradicionais e com a pequena capacidade de gerar novas lideranças. Muita coisa nova está acontecendo e novos atores estão entrando em cena. Mas, isso é assunto para outra coluna.


 


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João Gualberto

João Gualberto é professor Emérito da Universidade Federal do Espírito Santo e Pós-Doutor em Gestão e Cultura (UFBA). Também foi Secretário de Cultura do Espírito Santo de 2014 a 2018. João Gualberto nasceu em Cachoeiro do Itapemirim e mora em Vitória, no Espírito Santo. Como pesquisador e professor, o trabalho diário de João é a análise do “Caso Brasileiro”. Principalmente do ponto de vista da cultura, da antropologia e da política.

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