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Coluna Inovação

O potencial ainda pouco valorizado das Deeptechs

Diferentemente das startups com base em software, deeptechs exigem laboratórios caros e maior tempo de desenvolvimento

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O potencial ainda pouco valorizado das Deeptechs. Foto: Freepik

O potencial ainda pouco valorizado das Deeptechs. Foto: Freepik

Deeptechs são as startups saídas das bancadas de pesquisadores, envolvendo portanto novas tecnologias que resolvem problemas com soluções sofisticadas. Muitas dessas soluções são inéditas mundialmente, abrindo oportunidade para novas indústrias com alcance global, empregando pessoal de alto nível de formação.

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Diferentemente das startups com base em software, deeptechs exigem laboratórios caros, maior tempo de desenvolvimento e tipicamente saem das áreas de biotecnologia, nanotecnologia, fotônica, química, inteligência artificial ou hardware e demandam muitas vezes certificações demoradas na Anvisa para o caso da saúde ou do MAPA para agricultura.

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Deeptechs enfrentam vários problemas para vingar: despreparo dos pesquisadores para gerenciar um negócio, conflito entre publicar artigos com as descobertas e registrar patentes que preservam os segredos da tecnologia, despreparo das universidades no apoio aos pesquisadores e até o preconceito ideológico anacrônico de alguns.

Conversas com pesquisadores que furam o bloqueio e criam suas deeptechs revelam outros problemas. O tempo demorado de maturação das deeptechs não atrai os fundos de venture capital do mercado que priorizam as startups de software, mais rápidas em escalar, até porque os FIPs têm prazo normal de 10 anos para investir e desinvestir, tempo curto para deeptechs. Nem os investidores anjo são atraídos, por ser mais difícil entender a ideia ou por causa dos valores maiores exigidos para o início de operação. Investidores acabam sendo os fundos apoiados por órgãos de governo como a Finep, Bndes, ou as fundações de apoio estaduais.

Uma exigência de mercado absolutamente essencial, como o registro de patente, inclusive PCT para depósito em todos os países, é tratado precariamente por algumas universidades com seus NITs despreparados ou que só vão até as exigências que somem pontos na Capes e não para proteger a deeptech. Uma explicação que me foi dada, conta que um NIT contratou escritório de patentes para fazer esse trabalho por licitação de menor preço que não orienta nem apoia convenientemente as startups.

A falta de traquejo dos pesquisadores fazem com que dêem mais ênfase à tecnologia do que ao negócio, superestimem o mercado a ser atendido e negligenciem o estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto. É comum também a falta de uma rede de relacionamento de negócios, pouco acesso aos investidores e dificuldade de operar comercialmente.

O enorme potencial econômico das tecnologias desenvolvidas nas bancadas dos pesquisadores sinaliza a importância de uma rede de apoio às deeptechs cobrindo essas carências como acontece hoje com o Sebrae e outras instituições. Pode ser um elemento fundamental para o futuro da economia no país e no estado. Cabe uma ação dirigida nesse sentido em qualquer planejamento sobre a economia do futuro.


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Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC e Conselheiro do CQC Inovação do Ibef/ES. Tem extensa experiência profissional, no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Brasília, como empresário, executivo de empresas públicas e privadas, conselheiro de administração e consultor nas áreas de TI, inovação, qualidade, gestão, estratégia, empreendedorismo e meio ambiente, além de ser mentor e investidor em startups. Participa do programa EStúdio 360 Inovação na TV Capixaba e no programa Inovação na Band News FM. Co-autor do livro Vencedores pela editora Qualitymark. É atualmente Presidente do Cdmec- Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico.

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