Coluna Inovação
Inovação é fundamental para restaurar o paraíso
Produtividade é uma palavra que vem do campo da economia. O dicionário define assim: É a relação entre os meios, recursos utilizados e a produção final. É o resultado da capacidade de produzir, de gerar um produto, fruto do trabalho, associado à técnica e ao capital empregado. Na definição tradicional da economia, a natureza simplesmente fica fora do valor produtivo: o trabalho, a técnica e o capital – a atividade humana em oposição ao estado natural – geram um produto; a natureza não passa de um elemento passivo, a matéria-prima, os recursos utilizados.
Assim tem início a construção da narrativa do livro “Brasil: Paraíso restaurável” de Jorge Caldeira, Julia Marisa Sekula e Luana Schabib. O livro é um convite para conviver com a concepção econômica que funciona A PARTIR da natureza, algo que exige novos conceitos.
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Essa mudança ganhou força com o choque de constatar que desde a peste negra, no século XIV, nenhum evento ambiental tivera a potência de derrubar a economia do mundo. O novo coronavírus levou menos de dois meses para passar de um obscuro ponto de origem ambiental – provavelmente um morcego – para todo o globo, provocando uma recessão mundial catastrófica.
O livro analisa duas noções que relacionam humano e natureza de maneira oposta à dominante atual: o Paraíso bíblico, que muitos na Europa, logo depois da chegada dos portugueses e durante dois séculos, localizavam no Brasil e a Terra Sem Mal(o além prometido, a terra dos deuses) dos Tupi-Guarani. Daí a expressão de paraíso restaurável no título.
O Brasil já possui bases reais importantes para liderar essa nova economia, especialmente no campo da energia, e por aí segue o livro detalhando essas possibilidades.
Empresas em geral usam de inovação para ampliar produtividade e ganhar competitividade, principalmente no conceito anterior de produtividade. A pergunta que se faz aqui seria: como usar a inovação para colaborar na restauração desse Paraíso e aumentar a nova produtividade, além da utilização das energias alternativas, entre elas a eólica, solar e biomassa, tratadas no livro?
Não necessariamente a inovação exige tecnologia, pode ser uma nova maneira de lidar com reflorestamento, revegetação, recuperação de nascentes e de áreas degradadas, como no pagamento por serviços ambientais, onde os próprios moradores da terra recebem para recuperar e conservar a natureza. Uma nova lei instituiu a Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais que estava em discussão no Congresso Nacional desde 2007.
A tecnologia é fundamental para a dessalinização de água do mar, reúso de água do tratamento de esgotos, detectar vazamentos da rede de distribuição ou otimizar o uso de água na irrigação. Se as indústrias conseguissem reduzir o consumo de água nos seus processos e devolver à natureza toda a água que utilizam, no mesmo estado que a captaram, seria um avanço. Se, além disso, conseguissem recuperar a natureza no seu ambiente de utilização ficariam positivo em água.
As tecnologias da internet das coisas com seus sensores e comunicação, os drones, a análise de dados e a inteligência artificial trazem enormes oportunidades para essa nova produtividade, com sustentabilidade ambiental e ecoeficiência.
Essas tecnologias avançaram mais recentemente no monitoramento de barragens de contenção, poluição do ar, previsões meteorológicas e antecipação de eventos ambientais extremos e evidenciam a crescente preocupação com as mudanças climáticas que subiram para o primeiro escalão das empresas, principalmente depois de eventos recorrentes com sérias consequências.
Além de tentar antecipar e prevenir novas ocorrências, seria importante uma grande articulação entre governos e área privada para que as cidades evoluissem para cidades resilientes, com um sistema organizado de medição de risco, planejamento, preparação de pessoal, financiamento, treinamento, monitoramento, mobilização e resposta efetiva a desastres, onde a tecnologia pode exercer papel relevante para a recuperação rápida da cidade. Algumas no país já estão organizadas nesse sentido.
Os europeus e os povos originários de alguma forma entendiam que o Paraíso era aqui. Ele pode ser restaurado.
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