Coluna Inovação
Coluna Inovação | A intolerância com os pobres robôs
Qualquer deslize do ser digital dos robôs será motivo de medos e manchetes
Em 2017 o Professor Alberto Ferreira de Souza programou o veículo autônomo IARA para sair da Ufes e só parar na frente do Restaurante Cantinho do Curuca em Meaípe(Guarapari). Assim foi feita uma das primeiras viagens de veículos autônomos no mundo. Deu mais manchete, porém o suposto atropelamento(um leve esbarrão) da Ana Maria Braga, que não foi culpa da IA e sim do estudante do grupo do projeto, nervoso por estar na TV e que esqueceu de puxar o freio de mão.
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Em 2016, no Fórum Econômico Mundial em Davos na Suiça, um conjunto de especialistas previu que, em 2025, 10% dos veículos rodando nos Estados Unidos seriam autônomos.
Não aconteceu nessa velocidade, mas está avançando dentro de ambientes industriais fechados, como no projeto da Lume Robotics, startup derivada do IARA, em parceria com a Vale ou nos projetos com Mercedes e Marco Polo. Uma tecnologia capixaba pode ser o padrão mundial de veículos autônomos da Mercedes. Mas fica a lembrança do atropelamento.
No Brasil, mais de 30.000 morrem por ano em acidentes de trânsito. Com certeza os veículos autônomos serão muito menos perigosos porque não consta que robôs dirigem alcoolizados ou dormem no volante. Aliás, adeus volante, retrovisor ou pedais. Os veículos novos de agora já evitam até cruzar faixas automaticamente. Os autônomos respeitam semáforos e placas digitais de sinalização e poderão interagir digitalmente com os outros e coordenar cruzamentos. Estrangeiros costumam achar engraçadas as placas de “Respeite a sinalização” das estradas brasileiras. Muito provavelmente os custos de seguros serão bem menores. Apesar disso, certamente qualquer minúsculo acidente com veículos autônomos provocará comoção e manchetes.
Os pobres robôs apanharão muito nas outras atividades também. Quem já não soube de médicos operando a perna errada ou enfermeiros dando remédio errado para pacientes? As cirurgias robóticas já estão por aí, mas qualquer deslize do ser digital será motivo de medos e manchetes.
A IA generativa pode aumentar muito a produtividade de advogados, mas o que tem destaque é a alucinação que cria casos inexistentes e passa despercebida pelo profissional acomodado que deveria supervisionar. Muitos advogados já alucinam no analógico e fica por isso mesmo.
A IA generativa, com o ChatGPT e seus sucedâneos, é alimentada por bilhões de informações da internet e essas fontes podem ser boas ou não tão confiáveis. Programadores experientes ficam espantados com a facilidade que a IA proporciona para programar e com a qualidade do código gerado, mas de vez em quando ela vai produzir uma besteira que aprendeu em algum lugar. Se bobear, esse código vai parar em algum projeto de engenharia, causar um desastre e a culpa será do robô.
Os robôs humanoides estão chegando. Já sabem distinguir uma maçã de uma banana e pegá-la delicadamente ao nosso comando. Em algum tempo serão familiares em residências e empresas, mas ficarão de castigo na primeira vez que errarem a fruta ou não acharem o caminho do Curuca. Temos que ter paciência, eles estão apenas na primeira infância.
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