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Coluna Eliana Gorritti

Projetos de urbanização: como as cidades podem ser mais seguras para as mulheres?

Um dos tópicos discutidos foi como as cidades podem ser mais seguras e como projetos de urbanização devem ser encarados como ferramentas de segurança

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Projetos de urbanização com cidades podem ser mais seguras para as mulheres. Foto: Divulgação

Projetos de urbanização com cidades podem ser mais seguras para as mulheres. Foto: Divulgação

O Instituto Arquitetos do Brasil, departamento do Espírito Santo (IAB-ES), realizou uma mesa redonda em comemoração ao Dia Nacional da Mulher Arquiteta e Urbanista.

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Um dos tópicos discutidos na mesa redonda foi como as cidades podem ser mais seguras para as mulheres e como projetos de urbanização devem ser encarados como ferramentas de segurança durante suas vivências pelas cidades. Uma pesquisa realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão mostrou que 97% das mulheres que vivem no Brasil têm medo de sofrer algum tipo de violência ou importunação enquanto se deslocam por suas cidades.

Realizada no Museu de Arte do Espírito Santo nesta quarta-feira (31), a mesa foi mediada pela conselheira do Instituto, Nayara Gava. Estiveram presentes também a vice-presidente do IAB/ES, Luciene Pessotti, e as conselheiras do instituto, Natalia Scarpati e Priscila Ceolin, as arquitetas e urbanistas Carla Mognhol, Taís Feu e Daniella Bonato.

“Precisamos realizar uma ‘Alfabetização urbanística’ para a nova geração, de forma que os futuros profissionais entendam a importância de considerar sempre a segurança das mulheres em seus projetos”, defendeu a vice-presidente do IAB/ES.

Projetos de urbanização com cidades podem ser mais seguras para as mulheres. Foto: Divulgação

Um dos tópicos de maior debate na ocasião foi sobre como a projeção de uma cidade interfere na vida da mulher como um todo. Priscila Ceolin defendeu que a mulher deveria ser usada como parâmetro para medir a segurança de um ambiente. “Os lugares que são seguros para mulheres, crianças e idosos, são seguros para todos. Se o espaço está iluminado e requalificado é seguro para a mulher”, disse.

Os lugares apontados como ambientes que despertam os maiores sentimentos de insegurança para as mulheres são locais como ponto de ônibus, praças e ruas, ou seja, locais de convivência, seja pela falta de iluminação pública ou calçadas inadequadas para o trânsito de carrinhos de bebês.

A arquiteta e urbanista Daniella Bonatto explicou que, por muitas vezes, as cidades são pensadas de forma genérica, sem pensar na particularidade dos indivíduos que habitam nelas, como mulheres, pessoas portadoras de deficiência etc.

“Eu sempre pensei que a cidade é para todos. Eu olhava para a mobilidade em geral, não entendia que ela (a cidade) era dividida em públicos diferentes. Desde a viagem diária entre a casa e o trabalho, as mulheres tendem a fazer um percurso maior e com várias paradas, uma vez que, de forma geral, as mulheres são encarregadas de tarefas familiares como o transporte das crianças e as compras para residência. Enquanto homens conseguem fazer um percurso menor e direto. Precisamos priorizar estratégias de projetos que proporcionem segurança para as mulheres”, defende.

Projetos de urbanização com cidades podem ser mais seguras para as mulheres. Foto: Divulgação

Machismo e desvalorização

A roda de conversa também discutiu a dificuldade das mulheres em atuar no ambiente da construção civil. Com quase 70% dos profissionais Arquitetos e Urbanistas no Brasil sendo mulher, o mercado de trabalho ainda não possibilita um ambiente de oportunidade para o gênero, uma vez que quantidade não é reflexo de equidade.

Carla Mognhol contou um pouco sobre a sua experiência como empresária e dona de uma construtora. “Por mais que eu seja a chefe, lidar com um ambiente onde 100% do meu corpo de funcionários são homens é uma tarefa difícil. A todo tempo contestam os meus projetos e as minhas decisões, algo que eu sei que não ocorreria com um homem na mesma posição”.

Já a arquiteta e design de mobiliário Natalia Scarpati desabafou sobre a dificuldade na comercialização dos produtos. “Muitos homens montam uma cadeia produtiva onde as pessoas enxergam uma valorização muito maior, como a marcenaria, por exemplo. Agora, como mulher, é difícil receber o mesmo olhar de admiração com um design próprio”.

A arquiteta Taís Feu, especialista em design de interiores, foi além: disse que por muitas vezes ela precisa interceder no momento do briefing do projeto para defender os desejos da mulher contratante. “Quando estou fazendo um projeto sempre tento entender o uso do ambiente, por exemplo, passando pela cozinha, ainda, em sua maioria, as mulheres passam mais tempo no local. Contudo, os homens querem escolher como o espaço deve funcionar. É nesse momento que eu tenho que interceder e explicar que apesar dele estar pagando pelo projeto, esse não é o espaço que devemos priorizar a preferência dele”, finalizou.


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