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Coluna André Andrès

A (r)evolução do vinho: do clássico à transformação sensorial

Um passeio pelas tendências no mundo dos vinhos a partir da maior feira de negócios da América Latina, a Wine South America

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A coluna hoje abre espaço para um artigo de Cibele Siqueira, coordenadora de seleção de produtos e sommelière chefe da Wine. Ela fala sobre os novos caminhos do mundo do vinho e a abertura dos consumidores para experimentar castas menos conhecidas

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O vinho sempre foi uma bebida reverenciada e apreciada em todo o mundo. Sua complexidade e variedade de sabores conquistam mais paladares a cada dia e é interessante notar que, apesar das mudanças nas preferências e das constantes inovações no cenário gastronômico, os exemplares clássicos nunca saem de moda. O caráter atemporal de alguns vinhos, como um Merlot envelhecido ou um Chardonnay equilibrado, continua fazendo sucesso aos adoradores da bebida que apreciam a tradição e a sofisticação que essas variedades oferecem. A persistência do interesse em vinhos clássicos não deixa de ser também uma homenagem à habilidade dos viticultores em manter e aprimorá-los.

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No entanto, o mundo dos vinhos está sempre evoluindo, e uma das tendências mais empolgantes que vem sendo observada, de uns tempos para cá, é a diversificação das opções disponíveis, o que pode ser percebido recentemente na edição 2023 da Wine South America, no Rio Grande do Sul, uma das maiores feiras de negócios do setor na América Latina. Nestes dias de vivência, ficou evidente que os consumidores estão abertos a novas experiências sensoriais. Não se trata mais apenas de um rótulo de uvas Merlot, Tannat e outras espécies muito difundidas. Os apreciadores do vinho querem experimentar exemplares menos conhecidos, como Teroldego, Alicante Bouschet e Marselan. São vinhos que oferecem perfis de sabor únicos e emocionantes capazes de desafiar as convenções, cativando a imaginação dos degustadores.

Os novos territórios
Essa tendência de investir em ideias e nomes ousados no mundo do vinho demonstra a disposição dos produtores e consumidores de explorar novos territórios gustativos. Reflete paixão e criatividade dos enólogos que se aventuram a cultivar uvas menos comuns e de regiões menos tradicionais. É um movimento que abre novos horizontes para a indústria vinícola e proporciona aos entusiastas a oportunidade de explorar um universo de sabores únicos e – por que não dizer – emocionantes.

Embora os vinhos clássicos permaneçam como pilares sólidos no universo dos vinhos, a inclusão de variedades mais ousadas e menos convencionais nas prateleiras e nas taças oferece uma emocionante reviravolta na jornada vinícola. Essa diversidade crescente provoca nos apreciadores de vinho a chance de expandir seus paladares e aproveitar a riqueza da tradição, bem como a emoção da inovação, tudo em uma única taça.

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Dos vinhos de mesa para os vinhos finos
Outra tendência notável está na mudança de paradigmas. As antigas produtoras dos chamados vinhos de mesa estão percebendo a crescente demanda por vinhos finos e, como resultado, estão direcionando seus esforços para investir na produção de rótulos com esse perfil.

Essa mudança estratégica reflete que o momento é de conscientização sobre a importância da qualidade e da sofisticação para atender às expectativas dos consumidores modernos. Vinhos finos, ao contrário dos vinhos de mesa, muitas vezes associados a métodos de produção mais cuidadosos e seleção rigorosa de uvas, conquistaram um lugar de destaque no mercado global e já são considerados uma opção mais atraente para muitos produtores.

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Além disso, outra tendência é a busca por exclusividade e autenticidade por parte das vinícolas que tradicionalmente produziam vinhos finos em grande quantidade. Agora, muitas delas estão se reposicionando como “boutiques”, como um recursos para reduzir deliberadamente sua produção e abrir a possibilidade de criar vinhos únicos e diferenciados. Isso permite um enfoque na personalização e na oferta de experiências exclusivas aos consumidores, tornando-se destinos atraentes para os apreciadores de vinho que buscam algo além do convencional.

Ousadia e criatividade
Essas movimentações no mercado do vinho refletem uma dinâmica em evolução, mostra que a adaptação às demandas e preferências dos consumidores deve ser um exercício constante. Portanto, à medida que o conceito de produção de vinho se transforma e se expande, também testemunhamos a flexibilidade e a inovação contínuas das vinícolas, que buscam se destacar em um mercado cada vez mais diversificado e exigente.

Os clássicos jamais perdem seu brilho, porém, o espírito irreverente, ousado e criativo do brasileiro agora também se faz presente no mundo dos vinhos, prometendo uma jornada de descobertas e inovações inigualáveis.


Cibele Siqueira
é atualmente a coordenadora de seleção de produtos e sommelière chefe da Wine. Ela possui experiência no ramo de bebidas há 15 anos e é sommelière formada pelo Senac e Fisar/UCS, além de ser certificada pelos principais cursos do mundo do vinho, como EVP, WSET 3 e FWS – French Wine Scholar.


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André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.