Coluna André Andrès
Chilenos e argentinos brilham em lista dos melhores vinhos de 2023
Relação da Wine Spectator com os 100 melhores vinhos do ano cita nove rótulos de vinhos produzidos na América do Sul
Acaba de ser divulgada a lista dos 100 melhores vinhos de 2023 segundo a avaliação dos provadores da Wine Spectator, uma das mais importantes publicações do gênero no mundo. O Top 100 da revista norte-americana é uma referência por conta de levar em consideração aspectos importantes para o consumidor, como o preço e a disponibilidade do produto. O ranking é feito a partir de um tipo de equação. Dela fazem parte fatores como valor, número de garrafas disponíveis no mercado e um ponto mais subjetivo, definido pelos editores, como “entusiasmo” pela bebida. O preço e a dimensão de produção e distribuição do vinho avaliado são importantes porque, se assim não fosse, haveria o risco de a revista premiar com constância vinhos inalcançáveis para pessoas comuns, como um Le Pin ou um Petrus, tão raros quanto caros. A lista desse ano traz vinhos a partir de US$ 12 (R$ 60). É o caso do Joel Gott Sauvignon Blanc, da Califórnia. É bom lembrar: esse é o preço do vinho nos EUA. Aqui ele custaria bem mais.
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Por falar em lembrança, até onde a memória alcança, a lista deste ano foi uma das mais generosas com vinhos produzidos na América do Sul. Nove rótulos são citados, quatro chilenos, quatro argentinos e um uruguaio. É um ótimo desempenho, sem dúvida. E o melhor: quase todos eles podem ser encontrados no mercado brasileiro, alguns a preços bem acessíveis. O destaque maior vai para a Bodega Terraza de Los Andes Malbec Reserva. Ficou num honroso 30º lugar e, o melhor, pode ser encontrado por R$ 165 no mercado brasileiro. Neste ponto alguém pode perguntar: “Mas 30º não está muito lá atrás, não?” É necessário considerar o numero de garrafas provadas pelos degustadores ao longo desse ano. Foram 9.200 provas. Além disso, os vinhos provados são aqueles disponíveis no mercado norte-americano. Logicamente, a produções locais levam alguma vantagem. Por conta de todos esses fatores, aparecer no Top 100 é um reconhecimento enorme ao trabalho desenvolvido pelas vinícolas, independentemente da posição ocupada no ranking. Merece um brinde, de preferência com um dos rótulos citados pela revista. A lista está logo abaixo.
Bodega Terrazas de Los Andes Malbec Reserva 2021 – A tradicional produtora argentina define seu vinho como “uma mistura de mais de 100 parcelas em transição para o orgânico onde o céu e a terra se encontram, na cordilheira dos Andes”. É um “vinho de montanha”, ou seja, as uvas saem de terrenos altos do Vale do Uco e de Luján de Cuyo. Ficou em 30º lugar na lista da Wine Spectator.
Preço médio: R$ 170.
Le Petit Clos Apalta 2019 – Segundo vinho da Casa Lapostolle. A vinícola é produtora do Clos Apalta, um dos ícones do Chile e já apontado, anos atrás, como o melhor vinho do ano pela revista norte-americana. “Um blend elegante, de textura aberta e bem contornado, oferecendo sedutoras notas de bálsamo, cassis e chocolate amargo que se dobram no paladar rico”, dia a nota de avaliação da revista sobre o tinto. Ficou em 40º na avaliação.
Preço médio: R$ 360
Miguel Torres Carignan Vigno Vignadores de Carignan 2018 – Vigno é o nome de um projeto de produtores chilenos interessados em divulgar vinhos feitos com a uva Carignan. Só para se ter uma ideia de como a avaliação considera a disponibilidade do vinho no mercado, a nota de avaliação traz o número de caixas produzidas pela vinícola e a quantidade importada pelos EUA. Neste caso, a Miguel Torres produziu 3.500 caixas, e 2.000 foram importadas pelos norte-americanos. Talvez por isso seja tão difícil encontrá-lo aqui. Ficou em 44º lugar na relação.
Sem cotação no mercado nacional
Saiu a lista dos melhores espumantes brasileiros de 2023
Finca Sophenia Malbec Gualtallary Estate Reserva 2021 – Outro vinho difícil de encontrar no Brasil, embora sua produção tenha ótima escala. O seu “irmão” menor, o Sophenia Malbec Estate, custa em torno de R$ 170 e pode ser encontrado em lojas online. O Estate Reserva é definido pela Wine Spectator como “elegante e complexo”. A revista define dessa forma as notas do vinho, citado em 46º lugar no ranking: “Apresenta aromas de arbusto de pimenta, ervas da montanha e pedras de rio em meio a um núcleo fresco de cereja e frutos silvestres, que mostra riqueza mineral e se alonga bem em torno dos sabores centrais e taninos finos. Beba agora até 2030. 15.000 caixas fabricadas, 3.000 caixas importadas.”
Sem cotação de preço disponível.
Bodegas Garzón Albariño Reserva 2022 – Justíssimo reconhecimento ao belo trabalho da vinícola uruguaia. Normalmente, a produção do Uruguai é mais conhecida pelos seus tintos, notadamente aqueles feitos com Tannat. Pois a Garzón produziu um branco excelente com a uva Albariño. Curioso é o fato de o vinho, citado na relação em 52º lugar, ser o reserva. O Albariño Single Vineyard é ainda melhor. A vantagem do Reserva é ele ser mais barato…
Preço médio: R$ 170
Domus Áurea 2019 – Vinho chileno conhecidíssimo no Brasil. Produzido pela Quebradas de Macul, sempre aparece entre tintos preferidos por apreciadores brasileiros. Aparece na 58ª posição do ranking. Feito com uma mescla de Cabernet Sauvignon (86%), Merlot (6%), Cabernet Franc (5%) e Petit Verdot (4%). “Alonga bem o palato médio, com mineralidade tingida de ferro, casca de laranja chamuscada e notas de cacau chegando no final em torno de taninos grossos mas bem integrados”, diz a nota sobre o vinho.
Preço médio: R$ 600
El Enemigo Cabernet Franc Agrelo Gran Single Vineyard 2019 – Mais um vinho bastante conhecido por aqui. Até demais: alguns de seus rótulos são alvo de falsificação. Ele Enemigo é um projeto surgido em 2007, unindo Alejandro Vigil, enólogo-chefe da Catena Zapata, e a filha mais nova de Nicolás Catena, Adriana Catena. Produz vinhos excelentes aos pés da Cordilheira dos Andes. O Cabernet Franc ficou com a 73ª posição no rankinga da WS.
Preço médio: R$ 750
Susana Balbo Signature Brioso White Blend 2022 – Branco feito pela grande enóloga Susana Balbo, uma das responsáveis pela excelência da produção de vinhos argentinos. Mescla muito interessante: 38% Semillón, 34% Sauvignon Blanc, 28% Torrontés. As uvas foram plantadas na região de Altamira, no Vale do Uco. O vinho alcançou o 82º lugar no ranking da revista.
Preço médio: R$ 200
Santa Ema Amplus Carménère 2019 – Para fechar a lista, um vinho de rótulo facilmente encontrado nas lojas e supermercados do Brasil. Na linha Amplus, a estrela maior é a Carignan. No entanto, os degustadores colocaram o Amplus Carménère da Santa Ema, grande vinícola chilena, em 84º em sua relação anual. O melhor a fazer é provar o vinho para saber quais as qualidades por ele oferecidas. Não é difícil achá-lo. E o preço é razoável.
Preço médio: R$ 180.
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