BandNews FM
Arquiteto avalia como construção civil impacta no ar da Grande Vitória
Em entrevista à BandNews FM Espírito Santo, o arquiteto e vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo, Greg Repsold, analisa como setor pode reduzir emissões
A construção civil é uma das principais fontes de emissão de materiais particulados no ar. Por ser produtor de um grande volume de entulho, a atividade industrial necessita de logísticas para destinar corretamente o acumulado de rejeitos que são descartados durante as obras. Exemplos desses materiais são os restos de concreto, lajotas, tijolos, e até mesmo tintas, colas e resinas.
Quando presentes na forma de micropartículas, como é o caso do cimento e de outros materiais arenosos, esses produtos correm o risco de serem levados pelo ar, colaborando para a poluição atmosférica.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
O arquiteto e vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo, Greg Repsold, destaca que esse tipo de poluição acaba fazendo parte de várias etapas das obras realizadas atualmente, desde a construção até o descarte dos resíduos.
“Durante a obra, há entulho em grande volume, o que gera muita poluição. Tem uma grande emissão de particulado, porque tem todo o conjunto da evolução da obra, desde a superestrutura, as questões das vedações, acabamentos, tudo isso gera desperdício, gera quebra de material, que acaba indo para o ar que a gente respira”, afirma.
Medidas para reduzir a poluição
Para minimizar essa questão, algumas medidas são adotadas pelas empresas do ramo da construção civil. O uso de equipamentos de proteção, a instalação de telas de contenção e a separação correta de resíduos são alguns dos mecanismos fundamentais que reduzem o impacto ambiental das construções.
Mas, em muitos casos, essas medidas acabam não sendo suficientes para solucionar o problema central, que é a gestão correta dos resíduos das obras, o que é um dos principais desafios da construção civil no Brasil.
Descarte correto e industrialização do setor
Greg Repsold ressalta a necessidade de não apenas proteger o ambiente contra os efeitos no momento das intervenções nas obras, mas também de levar os rejeitos gerados para o destino correto. Essa medida é importante para os itens inertes, como o concreto, mas principalmente para os mais tóxicos, como as tintas.
“A construção civil é considerada de baixa periculosidade, mas por conta do volume, precisa de uma destinação correta. E essa destinação correta começa no canteiro de obras, com a separação adequada do material, depois com a sua alocação para um local adequado para o descarte, porque dentro da obra tem diferentes tipos de material. Os inertes, que são restos de concreto, de lajota, que não geram poluição. Mas tem também outros materiais, como tintas, gesso, que são materiais que têm substâncias um pouco mais tóxicas, que não podem ser descartadas diretamente no solo, porque eles vão poluir”, analisa.
Outro processo que pode auxiliar a construção civil a reduzir desperdícios e emissões de poluentes é o processo de industrialização do setor. A confecção de peças montáveis para as construções, com produtos pré-prontos chegando ao canteiro de obra, é um modelo já adotado em outros lugares do mundo.
O arquiteto Greg Repsold explica que no Brasil o setor ainda não adota esse modelo de produção, operando de forma artesanal, o que aumenta o volume de resíduos e os custos das obras.
“Nossa construção civil ainda é muito artesanal, e por conta disso você tem muito desperdício na obra. Há alguns países da Europa e os Estados Unidos, onde a construção é largamente industrializada. Tudo produzido em uma indústria, e o que acontece no canteiro é só a montagem. Você não tem a produção dentro do canteiro”, explica.
Reciclagem pode reduzir custos e evitar poluição
Já a reciclagem de resíduos na construção civil é uma realidade no setor, mas enfrenta desafios para ser amplamente adotada. A reutilização de materiais como pedaços de concreto e lajotas pode trazer benefícios econômicos e ambientais. Essa medida, no entanto, ainda depende de políticas públicas efetivas, incentivo econômico e conscientização do setor.
“É um desafio que já tem sido abordado pela indústria da construção civil, mas ainda de uma forma muito incipiente, que é a reciclagem e reuso desse material. Porque grande parte desse material, como ele não é tóxico, ele pode ser moído e pode ser reutilizado”, diz Repsold.
A qualidade do ar é um indicador monitorado no Espírito Santo. Os dados sobre a poluição atmosférica podem ser acompanhados no site do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). No menu principal, clique em “qualidade ambiental” e escolha a opção “qualidade do ar”. Depois, vá na opção “índice de qualidade do ar”. Assim é possível verificar a qualidade do ar em cada ponto de monitoramento.
Valorizamos sua opinião! Queremos tornar nosso portal ainda melhor para você. Por favor, dedique alguns minutos para responder à nossa pesquisa de satisfação. Sua opinião é importante. Clique aqui