Cresce número de consultas com psicólogos pelos planos de saúde

O número de consultas com psicólogos pelos planos de saúde mais que dobrou nos últimos três anos. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), só em 2023 foram realizados 45 milhões de atendimentos psicológicos em todo o Brasil. Esse aumento é atribuído a diversos fatores, incluindo o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental da população e a redução do preconceito em relação à busca por ajuda psicológica.

Impacto da pandemia na saúde mental

A pandemia de COVID-19 trouxe muitas dificuldades para a saúde mental da população. O isolamento social, a mudança de rotina e o luto por perdas pessoais foram alguns dos principais fatores que impulsionaram a necessidade de cuidados psicológicos. A impossibilidade de realizar rituais de despedida e a ansiedade gerada pelo medo da doença também contribuíram para esse aumento significativo na procura por ajuda profissional.

Além dos efeitos diretos da pandemia, há uma crescente conscientização sobre a importância da saúde mental. Em entrevista ao EStúdio 360, o psicólogo e colunista Alexandre Brito explica que cada vez mais pessoas estão entendendo que sintomas como ansiedade e depressão precisam ser tratados. A aceitação social dos transtornos mentais está melhorando, e isso se reflete no aumento das consultas psicológicas. Muitos ainda preferem sintomas corporais, que são mais facilmente aceitos, mas a mudança de mentalidade é visível.

O papel dos planos de saúde

Os planos de saúde também desempenham um papel importante nesse cenário. Antes da pandemia, a demanda por consultas psicológicas era menor. No entanto, agora, os planos de saúde oferecem mais opções para os beneficiários. É possível recorrer a psicólogos credenciados, e alguns planos até reembolsam consultas com profissionais fora da rede credenciada. Isso facilita o acesso ao tratamento psicológico, embora ainda haja a necessidade de um encaminhamento médico em alguns casos.

A maior procura por tratamento psicológico é um reflexo da ampliação dos diagnósticos de transtornos mentais. Os manuais de diagnósticos, como o DSM e o CID, têm aumentado o número de condições reconhecidas, o que leva a mais pessoas buscando ajuda. Isso pode incluir desde transtornos graves até reações emocionais a eventos da vida. A linha entre uma reação normal e um transtorno está cada vez mais tênue, aumentando o número de diagnósticos e, consequentemente, as consultas.

Terapia como parte da rotina

Outro aspecto positivo é a normalização da terapia na rotina das pessoas. Hoje, falar sobre fazer terapia é mais comum e aceito socialmente. As redes sociais desempenham um papel crucial nessa mudança, com muitas pessoas compartilhando suas experiências positivas e encorajando outras a buscar ajuda. Essa visibilidade ajuda a reduzir o preconceito e incentiva mais pessoas a cuidar da saúde mental.

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