Programa em Cariacica cria laços de amor com crianças acolhidas

Renan e Emmanuelle Lima acolheram Pedro por meio do apadrinhamento afetivo e compartilham com ele momentos de carinho e convivência familiar. Foto: Divulgação

Em Cariacica, o afeto tem sido ferramenta de transformação social. Pouco conhecido do grande público, o Programa de Apadrinhamento Afetivo da Prefeitura tem sido uma ponte entre crianças acolhidas e adultos dispostos a oferecer carinho, convivência e vínculos duradouros. Com 21 padrinhos e madrinhas ativos, a cidade se tornou referência no Espírito Santo pela dedicação ao direito à convivência familiar de meninos e meninas afastados de seus lares por decisão judicial.

“A gente não pode mudar o mundo, mas se cada um fizer um pouquinho, já ajuda muito.” A frase é da dentista Rayanne Ohnesorge, que disponibiliza atendimento gratuito a crianças acolhidas. Ela integra a modalidade de padrinhos prestadores de serviço, uma das três formas possíveis de atuação no programa — junto com a afetiva e a provedora.

Entre as histórias que dão rosto ao projeto está a do educador social Renan Lima, de 28 anos, e da esteticista Emmanuelle Lima, 25. Casados há três anos e pais da pequena Liz, eles também acolheram Pedro*, de cinco anos, como afilhado afetivo. “Quando damos amor, recebemos em dobro”, conta Renan, que destaca como a convivência familiar tem sido rica para todos.

Pedro participa de momentos simples, como sessões de cinema com pipoca, passeios e conversas sobre valores. “Tentamos mostrar que existem vivências diferentes daquilo que ele viveu. Com a gente, ele tem a certeza de que é amado”, diz o padrinho.

Outro exemplo de vínculo construído pelo programa é o da professora Alba Regina Gomes Valkenier, 48 anos, e de seu afilhado Marcos*, de nove anos. O menino, que estuda na mesma escola em que Alba leciona, logo chamou sua atenção pela postura cabisbaixa. Ela buscou informações, conheceu o programa e se voluntariou. Desde então, os dois compartilham finais de semana, férias e feriados.

“Nos dias de café com as tias, ninguém comemora a minha chegada, só a dele”, diz Alba, rindo. O afeto é retribuído sem medidas. Quando perguntado o quanto ela representa em sua vida, Marcos é direto: “Ela ocupa todos os espaços.”

A professora Alba Valkenier e o afilhado Marcos compartilham finais de semana, férias e muito afeto desde que se uniram pelo programa. Foto: Divulgação

Três formas de apadrinhar

Além da modalidade afetiva — que promove convivência familiar fora das instituições de acolhimento — o programa conta com padrinhos provedores, que oferecem suporte material ou financeiro, e prestadores de serviço, como profissionais liberais ou empresas que contribuem com sua expertise.

Para participar como padrinho afetivo, é necessário cumprir critérios como ter pelo menos 16 anos a mais que o afilhado, residir em Cariacica e não estar inscrito no cadastro de adoção. A ficha de cadastro está disponível online e o processo inclui envio de documentação, análise e acompanhamento por parte da equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social.

Transformando vidas com afeto

Segundo a secretária Danyelle Lirio, o objetivo é ampliar a rede de apoio às crianças e adolescentes com remotas chances de retorno às famílias de origem. “Quem participa contribui diretamente para o desenvolvimento de alguém que precisa de referências familiares. É um compromisso que exige dedicação e amor”, afirma.

Criado para garantir o direito à convivência comunitária e afetiva, o programa oferece acompanhamento aos padrinhos e busca sensibilizar a sociedade para a realidade das crianças acolhidas. Mais que números, o que se multiplica aqui são os laços. E, como mostra a experiência de quem participa, há sempre espaço para mais amor.

Como participar do Apadrinhamento Afetivo em Cariacica

REQUISITOS:

• Ter 16 anos a mais que o afilhado
• Morar em Cariacica
• Não estar no cadastro de adoção

ETAPAS:

• Preencha a ficha de cadastro
• Envie para: [email protected]
• Informações: (27) 3354-5562

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS:

• RG e CPF
• Certidão de nascimento ou casamento
• Comprovantes de renda e residência
• Certidões cível e criminal negativas
• Duas fotos 3×4
• Declaração da Vara da Infância sobre não inscrição para adoção
• Documentos do cônjuge, se for o caso

*Os nomes das crianças foram alterados para preservar suas identidades.

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