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Manta do Tempo conta a história do clima no ES em fios e cores

Projeto da manta do tempo que viralizou nas redes transforma as temperaturas diárias em uma peça única e cheia de história

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Vanessa Krohling Mayer fazendo a manta do tempo com as cores das temperaturas de Domingos Martins

De um lado, a manta que conta a história de 2024. Do outro, o fio que registra cada dia de 2025. Foto: Arquivo Pessoal

O frio, o calor, os dias amenos e até aquele verão fora de época. Tudo vira cor na Manta do Tempo, projeto que a arquiteta e artesã Vanessa Krohling Mayer, de Domingos Martins, decidiu abraçar pelo segundo ano consecutivo.

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Depois de fazer sucesso nas redes sociais com a manta produzida em 2024, ela encarou novamente o desafio em 2025. “É uma peça onde você tricota ou faz crochê uma carreira por dia, de acordo com a temperatura registrada naquele dia na sua cidade”, explica.

Desafio que virou paixão e conexão com o tempo

O conceito da Manta do Tempo surgiu fora do Brasil, conhecido como “Temperature Blanket”, e ficou popular especialmente na Europa e nos Estados Unidos. Vanessa conheceu a técnica em 2020, mas só colocou em prática no início de 2024.

“É um projeto que exige paciência, disciplina e organização. Sempre achei que não ia conseguir concluir algo que leva o ano inteiro. Mas encarei como desafio e aprendi muito durante o processo”, conta.

O sucesso foi tanto que ela decidiu fazer uma nova em 2025, desta vez usando tricô em vez de crochê. E cada manta tem sua própria personalidade, justamente porque a escolha das cores depende da variação das temperaturas, algo que foge totalmente do controle de quem faz.

Cada cor, um dia. Cada ponto, uma memória do clima

Para produzir a manta, Vanessa criou sua própria escala de cores, já que, quando começou, encontrou poucas referências no Brasil para regiões como a de Domingos Martins. “Você atribui uma cor para cada faixa de temperatura. Pode ser a mínima, máxima ou média. No meu caso, montei a escala observando o clima da cidade. Aprendi muito no primeiro ano e fiz ajustes para este segundo projeto”, explica.

Além da liberdade na escolha dos fios e dos pontos, o mais curioso é que o resultado final é sempre uma surpresa. “A gente controla a técnica, a cor dos fios, mas não tem controle nenhum sobre o tempo. Então cada manta é completamente única, reflete exatamente como foi o ano”, ressalta.

Entre fios, desafios e uma comunidade que cresce

O interesse do público no projeto foi tanto que a artesã passou a compartilhar todo o processo nas redes sociais. “Gosto de inspirar as pessoas a aprenderem crochê e tricô, seja para fazer a Manta do Tempo, seja para criar vestuário, acessórios ou peças de decoração”, afirma.

O caminho de Vanessa no mundo têxtil começou em 2013, durante um intercâmbio na Alemanha, quando aprendeu tricô com a mãe da família anfitriã. De lá para cá, a paixão virou estilo de vida. Ela segue produzindo peças, estudando modelagem, técnicas e sonha, em breve, lançar seu próprio curso.

A primeira manta foi feita com agulha de crochê de 4,5mm, fio acrílico e ponto baixo, com 148 centímetros de largura. Já a de 2025 está sendo feita em tricô, usando agulha de 3,5mm, fio de algodão com acrílico, ponto cordão e 160 centímetros de largura.

O tempo de produção é outro desafio, são cerca de 12 minutos por carreira. Mas nem sempre ela tece todos os dias. “Anoto a temperatura diariamente e, às vezes, junto vários dias para tricotar depois”, conta.

Mais que uma peça, um registro afetivo do ano

Vanessa destaca que o projeto é mais do que produzir uma manta bonita. É uma forma de olhar para o tempo, acompanhar as mudanças do clima e, de alguma forma, eternizar o ano em fios e cores.

“É muito gratificante concluir algo tão trabalhoso e saber que inspirei outras pessoas a fazerem o mesmo. A manta é como um diário do clima, mas também do nosso próprio processo de disciplina, paciência e criação”, conclui.

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