Personagens
Histórias de quem resistiu: capixaba cruza rota da lama até MG
Expedição de professor de Linhares registra relatos de superação nos 10 anos do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais

Rodrigo Bezerra e Patrick Amâncio em frente a uma das casas destruídas pela lama, no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). Foto: Divulgação
Dezenove quilômetros de lama soterraram casas e memórias em Mariana. Uma década depois, o capixaba Rodrigo Bezerra voltou a esses territórios não para falar da destruição, mas para ouvir como seus moradores escolheram reconstruir a vida.
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Professor em Linhares, ele deixou a sala de aula para percorrer cidades atingidas pelo desastre de 2015. Com apoio da Coppo Consultoria e Projetos, decidiu transformar os relatos em livro, documentário e registros em redes sociais.
Primeira parada em Minas Gerais
A jornada começou em julho. Ao lado do designer Patrick Amâncio, Rodrigo visitou oito municípios mineiros. Em Bento Rodrigues, distrito soterrado pela lama, conheceu Paula Alves, que correu pelas ruas avisando vizinhos no dia do rompimento. A coragem dela ajudou a salvar vidas.
Outros relatos emocionaram pela solidariedade: famílias que abriram as portas de casa, dividiram comida e acolheram vizinhos que perderam tudo. Para Rodrigo, foram “cenas do mais puro amor ao próximo”.
Memórias e transformações

Rodrigo Bezerra em conversa com um tropeiro em Rio Doce (MG), durante a expedição que percorre cidades afetadas pelo rompimento da barragem. Foto: Divulgação
Em Mariana, ele ouviu histórias de quilombolas e acompanhou a recuperação de rios que voltaram a correr limpos. Em Barra Longa, encontrou lendas e conversas de calçada que se misturavam a discussões sobre indenizações.
O contraste veio em Rio Doce, com ruas bem cuidadas e museus em funcionamento. Em Santa Cruz do Escalvado e Santana do Deserto, a fé coletiva em festas religiosas deu o tom da resistência.
Já em Ipatinga, o destaque foi a transformação de vidas. Márcia, por exemplo, usou indenizações para abrir um negócio de doces com a irmã.
Rumo à foz do Rio Doce
A segunda fase da expedição começa em 22 de setembro. O trajeto sairá de Governador Valadares (MG) e terminará em Regência, Linhares (ES), na foz do Rio Doce, conectando histórias de Minas Gerais ao Espírito Santo.
“Quero contar para o mundo uma história positiva, de pessoas inspiradoras, resgatando memórias de sucesso, fé e reinvenção”, disse Rodrigo.
Dez anos depois
Para o professor, cada cidade visitada mostra que, mesmo após a maior tragédia ambiental do Brasil, há espaço para recomeços. “Ainda é um sonho, mas confio na força regenerativa dessa gente”, afirmou.
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