De caiaque, capixaba faz passeios para denunciar problemas ambientais

Wallace leva as pessoas de caiaque para conhecer o manguezal. Foto: Divulgação

Remar e dar destaque à natureza. Essa são duas das coisas preferidas do licenciado em química Wallace Mendes Barbosa, ou Wallace “Chuvero”. Com passeios de caiaque pelas áreas de manguezal de Vitória, ele mostra as belezas naturais da capital e, ao mesmo tempo, destaca a problemática do efeito do homem nesses ambientes.

Em 2017, após fazer parte de uma ação com um grupo de remadores para fazer a limpeza do manguezal, ele teve a ideia de criar a Inata Sustenatural. A empresa, que começou oficialmente em 2018, tem o objetivo de ser um turismo ecológico e também de trazer educação ambiental para quem participa.

“Tento realizar um turismo ecológico crítico, não somente contemplação. Mostro problemas e proponho, indiretamente, através das falas, mudança de atitude”, explica.

Início no caiaque

Anos antes de começar com a Inata Sustenatural, Wallace já era um praticante da remada. Ele conta que tudo começou em um dia que estava andando no calçadão de Camburi, e viu um caiaque à venda. Resolveu comprá-lo e depois veio o segundo, o terceiro e vários caiaques que acabaram gerando passeios com os amigos.

“Essa questão do passeio se somou com a experiência que eu já tinha dos meus pais, que são pescadores. Então eu pescava com meu tio Adilson, que me ensinou muita coisa sobre o manguezal”, lembra.

A partir disso, ele foi associando os conhecimentos sobre o ecossistema com a prática do caiaque e os passeios que fazia com os amigos. Aos poucos, foi tomando uma proporção maior, com várias pessoas indo fazer os passeios com ele. “Eu via com esse propósito de mostrar pros meus amigos o que a televisão não mostra”, conta.

Passeios

Os passeios turísticos foram originados através das questões ambientais. O turismo ambiental foi consequência dos atos de chamar atenção para o manguezal, e cada vez mais gente queria participar desses passeios.

Ele passou a monetizar o trabalho e surgiu a Inata Sustenatural. No início, Wallace dizia que iria levar as pessoas para conhecer o lado B da cidade de Vitória. “Eu chamava de lado B de Vitória, mas aí me falavam ‘lado b não, isso é lado A de tão maravilhoso que é'”.

 

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Vale lembrar que os passeios, principalmente no manguezal, não podem ser feitos qualquer dia do ano, por isso o instrutor sempre precisa pré-agendar as visitas. “No manguezal, o fluxo é diferente da praia. Na praia, maré cheia ou vazia, sempre tem água. No manguezal, por ser um terreno mais alto, nem toda enchente chega a borda, então precisa de uma maré grande para ter água para navegar”, salienta.

Para agendar o passeio, os serviços podem ser feitos pelo Airbnb ou pelo Instagram. Mas é interessante sempre contatar Wallace para saber se as datas estão podendo ser agendadas ou não. Os pagamentos podem ser feitos via Pix e os valores variam de acordo com o passeio que será feito.

Inata Sustenatural

Um tanto quanto nada usual, o nome “Inata Sustenatural” tem uma explicação bem diferente. “Eu estudo muito o kardecismo, e lá aparece muito a palavra inata, que é algo que você já tem uma pré-disposição de fazer, […] é algo que já nasce com você”, explica.

Com a Inata, Wallace busca recuperar a essência da pessoa, algo que ela gosta, mas não tem mais contato. Esses passeios no manguezal aparecem para proporcionar uma reconexão, seja lá ou nos passeios no Pico da Bandeira, em cachoeiras ou na observação de baleias, que ele também guia.

Já o Sustenatural é uma ideia mais crítica. “Era para ser inata sustentável, mas não acredito muito em sustentabilidade. Eu sou mais da linha do minimalismo, que é muito mais raiz do que sustentabilidade. Sustentabilidade hoje tá muito vendida esse termo”, afirma.

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