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Biabética: a influencer que conseguiu insumo de R$ 20 mil pelo governo

Beatriz virou influencer da diabetes após conseguir insumo de R$ 20 mil pelo governo

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Beatriz conseguiu o aparelho através do SUS. Foto: Divulgação

Uma carioca virou influencer após conseguir insumo de R$ 20 mil pelo governo. Beatriz Scher, a Biabética, tem 30 anos e aos seis descobriu que fazia parte do grupo com mais de 16 milhões de pessoas no Brasil.

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Apesar do apoio familiar, um dos maiores desafios da carioca sempre foi encontrar informações sobre a condição que enfrentava. Sem diabéticos na família ou no círculo de amigos, a empreendedora e influencer não tinha acesso a comunidades onde outras pessoas com a condição pudessem trocar experiências e compartilhar suas vivências com ela.

Foi diante dessa necessidade pessoal que nasceu o @biabetica, que transformou a carioca em uma influencer em prol da conscientização da diabetes. Beatriz conta que durante sua juventude, ela sofreu muitos episódios de hipoglicemia, fato que a fez pular de ponta em estudos sobre esse universo.

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“É natural que durante a puberdade exista uma descompensação nos níveis hormonais e isso me fazia ter episódios frequentes de hipoglicemia, que é quando a glicose baixa muito. Isso também é um grande risco à vida dos diabéticos e eu costumava ter em torno de 20 vezes por mês com o uso da caneta de insulina disponibilizada pelo SUS”, diz.

Com a recorrência dos episódios, ela quis tentar mudar a bombinha de insulina por uma mais moderna. Em meio a pesquisas, ela encontrou muitos sites em inglês e sentiu a necessidade de começar a produzir conteúdo no Instagram sobre diabetes já que a quantidade de informações em português não era suficiente.

Bomba de insulina

Em seus estudos sobre o tema, Beatriz descobriu a bomba de insulina. No entanto, no particular, o dispositivo era muito caro. “A minha bomba de insulina custaria mais de R$ 20 mil no particular, mas eu consegui de forma gratuita através de uma ação judicial, uma vez que o SUS só fornecia a canetinha. E foi transformador na minha vida, pois ao mudar meu tratamento para a bomba, o número de episódios de hipoglicemia que eu tinha reduziu de 20 para quatro vezes ao mês, e ganhei muito mais autonomia e liberdade”, comemora.  

“Eu queria que outros com a mesma condição que a minha tivessem acesso a essa informação e, quando pesquisassem, pudessem encontrar um canal que fornecesse todo o passo a passo de como conseguir e usar esse tratamento, foi aí que surgiu o @biabetica”, comenta.

Vergonha

Beatriz nunca enfrentou questões de vergonha ou dificuldades familiares para lidar com a diabetes. Nunca teve problema em usar biquínis com bombinha de insulina a mostra ou de se sentir mal com a estética dos aparelhos.

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No entanto, conforme a comunidade que criou no Instagram foi crescendo, Beatriz se deparou com muitas pessoas que tinham dificuldade ou vergonha em lidar com o dia a dia da doença. Uma das maiores queixas de todos sempre foi a falta de produtos personalizados.  

“Os produtos para diabéticos sempre são em cores neutras, hospitalares, sem personalidade, com poucas opções de escolha. Uma vez vi uma influencer diabética europeia personalizando sua bomba de insulina em um vídeo e também quis fazer na minha. Meus seguidores amaram tanto que se interessaram em comprar e eu investi nisso. Hoje tenho adesivos para mais de 12 diferentes modelos de bombas de insulina, são mais de 30 estampas”. 

A empreendedora e influencer não parou por aí. O sucesso dos adesivos foi tanto que, quando se deu por conta, ela já estava com um e-commerce e  investiu em mais produtos como estojos, bolsas térmicas, biquinis com suporte combinando para bomba de insulina, diários para diabéticos, necessaires e até lingerie de perna para bombinha disponível em várias cores.  

Tipos da doença

Existem dois tipos diferentes da doença, o tipo 1, condição de Beatriz, – que é uma condição autoimune diagnosticada principalmente em crianças e adolescente – e o tipo 2, conhecida como diabetes mellitus, que é mais comum.

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O Tipo 1 é causado pela destruição das células produtoras de insulina, em decorrência de defeito do sistema imunológico, em que os anticorpos atacam as células que produzem a insulina e ocorre em cerca de 5 a 10% dos diabéticos. Já o tipo 2, resulta da resistência à insulina e de deficiência na sua produção pelo pâncreas, e ocorre em cerca de 90% dos casos.

SUS

Desde março de 2017, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) incorporou ao SUS duas novas tecnologias para o tratamento do diabetes, a caneta para injeção de insulina, para proporcionar a melhor comodidade na aplicação, facilidade de transporte, armazenamento e manuseio e maior assertividade no ajuste da dosagem, e a Insulina análoga de ação rápida, que são insulinas semelhantes às insulinas humanas, porém com pequenas alterações nas moléculas, que foram feitas para modificar a maneira como as insulinas agem no organismo humano, especialmente em relação ao tempo para início de ação e duração do efeito.  

De acordo com o Ministério da Saúde, para os que já têm diagnóstico de diabetes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente, já na atenção básica, atenção integral e gratuita, desenvolvendo ações de prevenção, detecção, controle e tratamento medicamentoso, inclusive com insulinas. No entanto, apesar do governo disponibilizar as canetas de injeção de insulina, as bombas que promoveriam uma qualidade de vida muito maior aos mais de 588 mil brasileiros dependentes da substância, seguem custando muito caro e a única maneira de conseguir um dispositivo desses gratuitamente, ainda é lutando na justiça.  


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