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Como escolher cães companheiros para filhos com deficiências

Na medicina e na psicologia, acredita-se que o contato com os cães é capaz de despertar potencialidades nas crianças. Entenda!

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A troca emocional entre o cachorro e as crianças, possibilita maior desenvolvimento cognitivo. Foto: Freepik

Além da alegria que os pets podem proporcionar, é preciso falar do impacto terapêutico percebido na proximidade com eles. Esse amparo emocional é também notável nos casos de crianças portadoras de necessidades específicas (PNE). Isso porque a troca emocional estabelecida entre eles, possibilita às crianças maior desenvolvimento cognitivo, além de habilidades sociais e mecanismos para a redução e a prevenção de crises de stress e de ansiedade.

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Na medicina e na psicologia, acredita-se que o contato com os cães é capaz de despertar potencialidades. Alguns pesquisadores que desbravaram o avanço desse estudo foram a psiquiatra brasileira Nise da Silveira que, na década de 50 abordou o “aspecto catalisador” dos cães, como agentes transformadores no tratamento dos seus pacientes. Já o psicólogo Boris Levinson, que documentou as experiências da atividade assistida por cães no artigo “O cão como co-terapeuta” (1962), levava cachorros para seu consultório, especialmente para o atendimento de crianças, por reconhecer a melhora no desenvolvimento.

Cleber Santos, especialista em comportamento animal e CEO da Comportpet, conta que já fez treinamentos com crianças PNE envolvidas, e que é um desafio maior. “Atendi uma família que tinha um filho com Síndrome de Down. Foi um treinamento diferenciado, porque o cão precisava estar muito bem treinado para não reagir mal a alguma necessidade emocional da criança”, comenta o especialista.

Mas, como escolher esse parceiro?

Segundo Cleber Santos, é importante que as famílias de crianças PNE permitam a elas, desde pequenas, o convívio com um cão. No entanto, ele alerta aos pais que considerem questões como a raça que melhor se adapta à necessidade específica de cada criança.

“A maioria das raças – ou mesmo os cães sem raça definida – podem ser treinados a dar assistência na realização de tarefas do dia a dia desta criança. Também existem raças consideradas mais “colaborativas”, como os Goldens, que usam muito a boca, mas de maneira suave, e têm a pele bem resistente à dor, portanto podem atuar bem com os pequenos que precisam de contenção corporal durante crises (de pânico, ansiedade, epilepsia, entre outras)”, explica Santos. “Labradores e Berneses também são cães mais afetuosos e com características de comportamento mais submissos, o que facilita a adaptação. Se preocupar com o porte do cão é importante, pois cães pequenos são mais frágeis e sensíveis a toques”, completa.

Para esse processo de escolha da raça ou mesmo de recomendações de atividades a serem realizadas pela criança com seu pet, o especialista recomenda que os pais busquem orientação com o pediatra ou profissional que acompanha o pequeno, juntamente com a de um adestrador ou especialista em comportamento animal.

“Juntos, eles podem unir o aval clínico com o conhecimento sobre a relação humano/animal. O adestrador deve treinar e socializar esse cão antes mesmo de chegar à família, se possível, para preparar o animal e ensiná-lo a se relacionar com a personalidade da criança, que pode ser mais introspectiva e medrosa, ou mais expansiva e hiperativa”, destaca.

Ele ainda comenta sobre a importância de dar à criança algumas responsabilidades relacionadas ao animal. “O cão precisa fazer parte do convívio da criança. É importante para ela se sentir responsável pelo cuidado do animal. Por exemplo, dando a alimentação ou retirando as fezes (sempre com a supervisão do adulto), é uma maneira de potencializar o vínculo, aumentar o senso de responsabilidade”, aconselha Santos.

Relação do cão com os tipos de necessidades específicas

Os benefícios da convivência com o animal valem para os mais diversos tipos de necessidades específicas, sejam físicas, cognitivas ou de âmbito emocional.

Para crianças com deficiência visual, os cães ajudam no desenvolvimento motor, emocional e social. O cão se comunica latindo, cutucando, fazendo sons com as patas. Para brincar com o cachorro, a criança vai aprender a desenvolver sua sensibilidade pelos sons presentes no ambiente

Crianças com autismo também têm ótima relação com os animais. Isso porque eles as ajudam na regulação do comportamento e aumentam a capacidade de relacionamento social e empatia. Para as que apresentam dificuldade na fala, também são estimuladas a imitar seus sons, chamá-los pelo nome, o que contribui para a evolução da comunicação verbal.

Quanto às crianças com alguma deficiência física e/ou motora, o animal é um aliado na manutenção do condicionamento podendo, com brincadeiras, estimular movimentos tais como: segurar e jogar brinquedos, pentear o cão, dar petiscos, ou mesmo passear – ações que proporcionam agilidade e força nas mãos e nas pernas, além de equilíbrio e coordenação.

No âmbito das doenças psicológicas, o fato de ter um cão no lar, estimula os pacientes a saírem do isolamento ou de quadros de instabilidade e de trauma. “Os cães apresentam uma sensibilidade incrível e podem perceber a tristeza de seus tutores. Isso pode ajudar as crianças a conversarem com os cães assuntos que talvez não consigam abordar com seus familiares ou terapeutas”, destaca.

“Além disso, o contato com o animalzinho aumenta os níveis de endorfina no organismo, reduzindo os quadros depressivos. Amor e carinho são sempre a dose complementar para qualquer acompanhamento ou tratamento. E, quando falamos de animais, essa é uma fonte inesgotável que pode promover mudanças transformadoras nos pequenos”, frisa Santos.


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