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Veja o que é necessário para ampliação de leitos de UTI
O número de leitos de UTI exclusivos para pacientes com coronavírus na rede pública cresceu cinco vezes desde o início da pandemia

Respirador em UTIs. Foto: Shutterstock
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O rápido agravamento da pandemia no Espírito Santo pressiona hospitais públicos, privados e filantrópicos, que já lidam com a insuficiência de leitos e escassez de remédios. O risco de não ter profissionais especializados também é um problema. Para driblar o colapso da Saúde Pública, o governo do Estado apostou na estratégia de ampliação de leitos da rede própria ao longo dos doze meses de pandemia. Neste período também houve a contratação de leitos de hospitais privados e filantrópicos.
O Painel Covid-19 mostra que o número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) exclusivos para pacientes em estado grave e gravíssimo com coronavírus na rede pública cresceu quatro vezes desde o início da pandemia, no ano passado. Em 15 de abril, havia 159 leitos de UTI disponíveis pelo SUS e 97 deles estavam ocupados. Atualmente, o estado vive a terceira onda da doença, intensificada pela nova variante britânica, o número de UTIs disponíveis subiu para 1.080. Desses, 638 são da rede pública. Ou seja, em um ano, houve um aumento de 401,25%.
Apesar da ampliação significante do número de leitos, a estratégia não é suficiente. O médico cardiologista Henrique Bonaldi detalhou, em suas rede sociais, que neste momento do avanço crescente da doença no estado, a velocidade da doença é superior à capacidade de abertura dos leitos. Em apenas um mês, foram 211 leitos de UTI e 228 leitos de enfermaria a mais. Só que neste período, foram 292 pacientes a mais em UTI e 267 internados em enfermarias.
“Em março, onde eu trabalho, que é relativamente pequeno em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS) – trabalha de portas abertas -, registramos um aumento de mais de 400% na procura por leitos de UTI para pacientes entubados. Ainda tivemos mais de 600% de aumento nos pacientes internados com o novo coronavírus. A velocidade com que o paciente procura o hospital é muito maior do que a velocidade que conseguimos montar leitos”, comentou o médico.
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Além de não ter fôlego para ampliar leitos na mesma velocidade da doença, o governo do Estado ainda esbarra na falta de equipamentos, medicamentos e profissionais da Saúde. “Montar uma UTI custa muito dinheiro. Equipamentos caros, remédios, contratação de profissionais da saúde (médico, fisioterapeuta, enfermeiro, técnico de enfermagem, médico, auxiliar de serviços gerais, administrativo). O que eu faço na UTI, preciso da ajuda do enfermeiro, que precisa da ajuda do técnico e assim por diante. É uma equipe grande e cara. A UTI funciona 24 horas nos sete dias da semana. O movimento às 4 horas da manhã é o mesmo das 14 horas”, detalha Bonaldi.
A Secretaria de Estado da Saúde listou o material necessário na abertura de um leito de UTI: aparelho de Bipap/Cpap (com monitor); aparelho de cuffômetro; aparelho de desfibrilação com cardioversão; aparelho para glicemia capilar; aspirador cirúrgico portátil 3L; biombo; bomba de infusão; cadeira de banho; cadeira de banho para obeso; cadeira de rodas (adulto); cadeira de rodas (adulto obeso); cama fawler elétrica; cama fawler elétrica obeso; carro curativo; carro de emergência completo com tábua de PCR; central de monitorização para 10 leitos; cilindro de oxigênio para transporte. eletrocardiografo portáril;elevador de paciente móvel; esfiginomanômetro adulto; esfiginomanômetro adulto obeso; estetoscópio; foco auxiliar de painel; geladeira comcontrole de temperatura interna; hamper ou conternner roupa suja; lanterna clínica; lixeira de 10L com pedal; lixeira de 50L com pedal; maca de transporte com elevação; maleta de transporte para material médico; marca-passo cardíaco externo com gerador; máscara facial venturi com diferentes concentrações; monitor multiparamétrico básico; monitores multiparâmetros básico pré congigurado e modular; negatoscópio 02 corpos; oftalmoscópio; otoscópio; oxímtro de pulso portátil; poltrona reclinável; raio-x portátil; termômetro; ventilador portátil para transporte; ventilador micro processado; ventilômetro; cabo de laringoscópio adulto com lâminas curvas e reta completo (conjunto); mesinhas de cabeceira; mesa mayo.
Para o funcionamento de uma UTI, ainda é necessária a presença de médico, médico intensivista, fisioterapeuta, enfermeiro, técnico de enfermagem, fonoaudiólogo, administrativo, assistente social, farmacêutico bioquímico, nutricionista e terapeuta ocupacional. O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que um médico deve supervisionar 20 leitos de UTI, um médico intensivista deve atuar a cada 10 leitos de UTI acompanhado de um médico plantonista. Já o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) estabeleceu que nas UTIs, o coeficiente para cada 8 leitos é de 1 enfermeiro e 4 técnicos de Enfermagem.
O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, explicou sobre a opção de investir na ampliação de leitos em hospitais contratualizados e da rede própria ao invés de hospitais de campanha. “Vale destacar que o custeio dessas unidades é de 60 a 100% mais cara que o custeio de leitos em estruturas que estamos abrindo, além de serem menos eficientes. O hospital de campanha não é uma estratégia para se evitar a pandemia ou que a doença se propague. Precisamos entender que o que evita as internações e os óbitos pela covid-19 é a prevenção”, explicou.
No dia 27 de março, a primeira N° 059-R atualizou o investimento da habilitação de leitos de UTI covid-19 em hospitais privados, filantrópicos, públicos e municipais. O valor pago pela diária do leito passou de R$1.600,00 para R$2.100,00. As unidades hospitalares que prestam o serviço para a rede pública passam a receber os valores corrigidos a partir de abril.
