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Coluna Vitor Vogas

Presidente nacional do PSDB banca candidatura de aliado de Max em VV

Após nomear Comissão Interventora, Marconi Perillo afirma que partido agora é de Max Filho em Vila Velha e pode, sim, lançar o Maurício Gorza a prefeito

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Da esquerda para a direita: Vandinho Leite, Marconi Perillo e Mazinho dos Anjos. Crédito: Vitor Vogas

O evento era o lançamento da pré-candidatura do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas pelo PSDB à Prefeitura de Vitória, no plenário Dirceu Cardoso, da Assembleia Legislativa, na noite de ontem (01). Mas, por alguns instantes, a cena foi roubada por questões mal resolvidas entre líderes do partido, concentradas no outro lado da Terceira Ponte.

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Um desses instantes foi emblemático: sentado na primeira fileira do plenário, estava o ex-prefeito Max Filho, ao lado do seu aliado e agora presidente da Comissão Interventora do PSDB em Vila Velha, Maurício Gorza. Da tribuna, discursava o deputado estadual Vandinho Leite, presidente do partido no Espírito Santo e notório desafeto de Max. Diante de todos os presentes, Vandinho convidou Max para subir e tomar assento à mesa de autoridades do partido, incluindo ninguém menos que o presidente nacional, Marconi Perillo. Do seu lugar, Max apenas acenou, mas se recusou a subir.

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Os dois estão em rota de colisão desde o ano passado e, na última quarta-feira (27), Max impôs a Vandinho uma sonora derrota na arena partidária, contando para isso com um auxílio fundamental do próprio Marconi Perillo.

Por meio de resolução firmada e baixada nessa data, o presidente nacional dos tucanos destituiu o Diretório Municipal de Vila Velha, formado até então por aliados de Vandinho. Em seu lugar, designou uma Comissão Interventora, composta por aliados de Max. Ou seja, fazendo uma intervenção federal, Perillo trocou o grupo de Vandinho pelo de Max no comando do PSDB em Vila Velha, a poucos dias do fim do prazo para a definição de filiações e montagem de chapa de vereadores.

O ex-governador de Goiás tomou essa atitude drástica a partir de provocação do próprio Max. O ex-prefeito levou ao conhecimento da direção nacional suspeitas relacionadas a supostas irregularidades na formação do Diretório Municipal composto por aliados de Vandinho, entre agosto e setembro do ano passado.

Desde então, atravessando o feriado da Páscoa, pairavam dúvidas quanto aos desdobramentos do conflito e à possível reação da Executiva Estadual do PSDB (leia-se Vandinho) nas esferas política e até jurídica. Era o que sinalizava, por exemplo, uma nota pesada (e, aparentemente, precipitada) de autoria do deputado estadual Mazinho dos Anjos, finalizada com uma promessa: “O PSDB do Espírito Santo não comporta esse tipo de atitude tomada pela Executiva Nacional e não ficará inerte”.

O tom veemente usado pelo deputado, aliado de Vandinho e adversário de Max, levava a crer que alguma providência séria seria tomada. Mas ou Mazinho se apressou e divulgou a nota antes de combinar com Vandinho ou se equivocou mesmo: todas as entrevistas ontem no evento partidário na Assembleia, incluindo a de Marconi Perillo e a do próprio Vandinho, apontam na mesma direção: nada será feito a respeito. Os representantes do PSDB em nível estadual e federal já consideram o tema página virada. “Se depender de mim, não vamos judicializar a questão”, rechaçou Vandinho.

Sendo assim, durante as eleições municipais deste ano, o PSDB em Vila Velha (salvo em caso de nova reviravolta) ficará mesmo nas mãos de Max, cabendo a ele conduzir as articulações eleitorais do partido, incluindo as definições sobre candidaturas. Sem se alongar muito no tema, Perillo afirmou que “o partido [em Vila Velha] agora é de Max”. Usou exatamente essa expressão. Disse, ainda, que é Max quem “vai dirigir o partido” e, portanto, “vai ter a primazia” para discutir, por exemplo, eventual lançamento de candidatura própria do PSDB a prefeito de Vila Velha:

“O deputado Max Filho foi deputado federal pelo PSDB, é uma pessoa querida na bancada do partido, e ele certamente teve os seus motivos para reivindicar a liderança do PSDB em Vila Velha. Esse assunto foi tratado na Comissão Eleitoral. E, se o partido é dele, se ele vai dirigir o partido, é claro que ele vai ter a primazia de discutir essa questão no momento certo, sem, é claro, deixar de considerar a importância da presidência estadual do presidente Vandinho, do Mazinho e, sobretudo, a parceria com o prefeito Luiz Paulo, que para nós é de fundamental importância”, afirmou Perillo.

Max e seu grupo defendem a ideia – contrária à preferência de Vandinho – de que o PSDB lance candidato a prefeito de Vila Velha. Sob a influência de Vandinho, o partido caminhava para apoiar a reeleição do atual prefeito, Arnaldinho Borgo (Podemos).

Mas a nova Comissão Interventora está sob a presidência do ex-vereador Maurício Gorza, antigo parceiro de Max. E, tão logo subiu ao cargo, Gorza passou a se declarar pré-candidato a prefeito de Vila Velha – com a aquiescência de Max, é claro –, “para defender a história e o legado da família Mauro”.

No sentido da leitura: Maurício Gorza e Max Filho. Crédito: Vitor Vogas

Em primeira análise, é uma pré-candidatura que nasce com baixa competitividade. Vandinho afirma ter alertado Perillo para essa questão, mas só foi até aí:

“A Executiva Estadual respeita o movimento nacional. Eu tenho dúvidas se é um projeto que tem viabilidade eleitoral. Mas respeito e vamos em frente. Quanto a todo o restante do trabalho, as outras 37 candidaturas no Estado, ou a prefeito ou a vice-prefeito, não muda nada. Temos o apoio do presidente nacional e vamos continuar firmes. [Quanto a] Vila Velha, aí vai ser cuidado lá pela Comissão Interventora…”, declarou o presidente estadual dos tucanos.

“Tem que entender e respeitar. A Executiva Nacional dialogou comigo sobre, eu falei da minha preocupação de resultado eleitoral na cidade. Mas foi uma decisão e ‘toca a vida’. […] Não estou lavando as mãos, mas acho que é uma discussão eleitoral preocupante. É isso. Posso estar errado… mas acho que não estou”, encerrou Vandinho.

Para bom entendedor, Vandinho quer dizer algo como “Olha, fiz a minha parte, que foi avisar a Direção Nacional. Depois não digam que não avisei. Agora o Max que se vire, já que quis tanto assim a direção local. Não me responsabilizo por nada em Vila Velha, incluindo eventual fiasco nas urnas”.

Perillo, por sua vez, endossa a ideia de lançamento de candidatura própria em Vila Velha, sem parecer se preocupar com as reais chances eleitorais de Gorza. Nas entrelinhas, deu carta branca para Max tocar as coisas no município como achar melhor, com o aval da Nacional: “Nós queremos que o PSDB tenha candidatos nas maiores cidades brasileiras, e Vila Velha, é claro, é uma cidade muito importante”.

Ainda sobre a “Questão de Vila Velha”, o presidente nacional do PSDB disse o seguinte:

“Esse assunto foi discutido pela Comissão Eleitoral dos estados lá no partido. É uma decisão que também considera pessoas mais antigas do partido. É um assunto que a gente está tratando. O importante é que a gente tenha aqui no Espírito Santo um partido bastante unido, com força em Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim…”, exemplificou.

Olha, com todo o respeito… claro está que “um partido bastante unido” é um ideal meio distante do PSDB no Espírito Santo no momento. Ao menos é o que evidencia a “Questão de Vila Velha”.

A nota de Mazinho

A título de registro, eis a “nota de repúdio” integral enviada à coluna pelo deputado estadual Mazinho dos Anjos na última sexta-feira (29):

Como deputado estadual e membro do Diretório Estadual do PSDB, venho repudiar a interferência indevida da Executiva Nacional nos assuntos conduzidos pela Executiva Estadual, ao promover intervenção no Diretório Municipal de Vila Velha, desrespeitando a liderança partidária do Espírito Santo. 

É profundamente lamentável que um partido que nasceu sob o signo da reconstrução democrática do Brasil, com líderes como Franco Montoro, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, caminhe hoje para atitudes que lembram a ação do coronelismo dos tempos da primeira República.

O PSDB do Espírito Santo não comporta esse tipo de atitude tomada pela Executiva Nacional e não ficará inerte.


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