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Diversão

Escola de Fotógrafos Cegos abre exposição no Parque Moscoso

O trabalho de 12 fotógrafos cegos ficará aberto à visitação pública em Vitória, entre 27 de maio e 25 de junho

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Exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto”. Foto: Manoel Peçanha

Exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto”. Foto: Manoel Peçanha

Um cego pode fotografar? As 32 imagens que fazem parte da exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto” provam que sim. O trabalho de 12 fotógrafos cegos ficará aberto à visitação pública no Parque Moscoso, em Vitória, entre 27 de maio e 25 de junho.

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Esse é o resultado dos oito meses de atividades da Escola de Fotógrafos Cegos (E.F.C.), projeto desenvolvido pela Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) na Região Metropolitana. As imagens estarão dispostas em oito totens iluminados com quatro fotos em cada estrutura e a exposição contará com recursos de acessibilidade.

Desde agosto de 2022, a coordenadora da E.F.C., Rejane Arruda, acompanha duas turmas de pessoas cegas em imersão no mundo da fotografia junto com uma equipe de artistas, professores e fotógrafos da Cia Poéticas da Cena Contemporânea.

“A metodologia foi desenvolvida pelos artistas da Cia Poéticas e incluiu a transmissão de conceitos operadores da prática fotográfica, como enquadramento, zoom e desfoque”, explica Rejane. “Foram exercitados jeitos diferentes de fotografar, desde o plano aberto, a imagem focada em cor, até o ‘objeto transbordante’ de um ‘big close’ com áreas desfocadas em preto e branco.”

A artista Bárbara Bragato, responsável pela curadoria das imagens, considera ter sido um desafio para ela, enquanto vidente, entender o mundo dos “não-videntes” – os cegos – e reconhecer que existem diferenças de linguagem e comunicação. “Uma coisa que a exposição me fez pensar é que existem muitas outras formas de enxergar sem necessariamente a gente ver. Existe uma diferença muito grande entre ver e enxergar”.

Maior nome da fotografia cega no Brasil, o fotógrafo João Maia estará presente na abertura da exposição, dia 27 de maio. Ele também foi consultor da E.F.C. e uma das inspirações do projeto, inclusive por atuar profissionalmente na área e pelo reconhecimento que conquistou em sua carreira, presente duas vezes na cobertura oficial dos Jogos Paralímpicos.

Durante as atividades com as duas turmas, foram construídos novos termos e desenvolvidos novos procedimentos para o ensino de fotografia voltado a quem não enxerga, como ‘a lei do movimento mínimo’ que consiste em pequenas variações do enquadramento e muitos cliques de um só objeto.

“O trabalho se baseia também na transmissão de noções de composição visual e movimentos estéticos da Fotografia Contemporânea por meio da descrição de imagem”, complementa Rejane. Todo esse percurso feito com os 12 alunos do projeto foi a forma de acompanhá-los na descoberta da perspectiva de poderem participar da construção de imagens do mundo contemporâneo.

“QUANDO FECHO OS OLHOS VEJO MAIS PERTO”

A exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto” ficará aberta à visitação pública de 27 de maio a 25 de junho, no Parque Moscoso, em Vitória. Serão instalados oito totens de grande dimensão com 4 fotografias retroiluminadas cada um oito totens de grande dimensão iluminados, com quatro fotos em cada um representando os módulos trabalhados nos oito meses das atividades da Escola de Fotógrafos Cegos, que contou com o patrocínio da ES Gás, por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, e apoio da Secretaria da Cultura do Espírito Santo.

Cada fotografia terá uma plaqueta com um QR code que direciona para as audiodescrições, recurso de acessibilidade para pessoas cegas. O local escolhido também é acessível para cadeirantes, inclusive com banheiro adaptado, e durante o período de funcionamento da exposição estarão presentes mediadores fluentes em Libras, a Língua Brasileira de Sinais.

As 32 imagens são de autoria dos 12 participantes que foram selecionados entre julho e agosto de 2022. Após os encontros, oficinas e saídas fotográficas, eles finalmente desenvolveram seu próprio dispositivo para registrar sua interpretação do mundo.

A seleção das imagens para a exposição ficou a cargo da artista Bárbara Bragato, que considera que a produção fotográfica de um cego pode ser tão ou, até mesmo, mais bela do que aquela gerada pela visão.

“É uma forma de pensar as imagens como tudo isso que habita a gente, mas fica esquecido na nossa memória. As imagens do ‘não-ver’ são essas que a gente fecha os olhos e pode sentir, são as imagens que transpiram, que usam som, que fazem arrepiar a pele. Os olhos não precisam estar abertos para que a gente enxergue.”

SERVIÇO:

Exposição “Quando Fecho Os Olhos Vejo Mais Perto”

Aberta à visitação pública

de 27 de maio a 25 de junho

das 07h às 22h

Parque Moscoso, Vitória-ES