Afinal, por que hoje é o comemorado o Dia Nacional da Cachaça?

Cachaça. Foto: Divulgação

Pinga, cana, caninha, jeritiba, aguardente, aguardente da terra, bendita, mé… Esses e muitos outros nomes já foram formas de se chamar a cachaça. Bebida típica brasileira, ela é reconhecida no mundo todo como produto genuinamente nacional e possui até padronização definida por decreto presidencial, inclusive. Mas você conhece a história da bebida?

A cachaça é um dos destilados mais antigos do mundo. Sua história começa em 1504, quando os portugueses plantaram as primeiras mudas de cana-de-açúcar no Brasil. Pela falta de registros é difícil afirmar quando a primeira versão da cachaça foi feita, mas pode-se ter uma noção de que ela tenha sido produzida nos primeiros engenhos erguidos para processar cana-de-açúcar, entre 1516 e 1532.

O historiador Câmara Cascudo, na obra “Prelúdio da Cachaça”, apresenta uma hipótese de que ela tenha sido criada em São Vicente, São Paulo, no ano de 1532, esses é o local e a data mais prováveis para a criação da bebida.

São muitas as versões de como ela tenha sido criada, por acidente, que pingava dos tetos dos engenhos… Mas é inegável que a pinga faça parte da história do brasileiro. A produção e a comercialização da bebida já foi proibida pelo rei de Portugal. Isso porque a popularidade da cachaça vinha crescendo em 1635 e estava tomando o lugar da bagaceira – produto produzidos pelos portugueses a partir do bagaço da uva.

Em 1659 o produto foi proibido pela coroa portuguesa, os portugueses chegaram a ameaçar produtores de deportação, apreensão do produto e destruição dos alambiques. O cenário culminou em uma série de conflitos (até mesmo armados) no movimento liderado pelos produtores. No final das contas, os rebeldes foram perdoados e a rainha Luísa de Gusmão, de Portugal, liberou a produção e a comercialização da cachaça no Brasil. A legalização da bebida veio por Ordem Régia no dia 13 de setembro de 1661.

Símbolo de brasilidade

A cachaça foi celebrada, verdadeiramente, como um símbolo de brasilidade no século 18 pelos membros da Inconfidência Mineira. Os rebeldes pregavam a independência do Brasil, bebiam a cachaça como forma de demonstrar o repúdio à dominação da Coroa de Portugal.

A bebida voltou a ser mal vista devido ao fracasso do movimento. Com a chegada da corte imperial portuguesa ao Brasil no começo do século 19, o status da cachaça decaiu ainda mais.

Foi durante a Semana de Arte Moderna, em 1922, que a cachaça junto da feijoada foram eleitas símbolos nacionais. A oficialização do título ocorreu em 1997, por um decreto presidencial de Fernando Henrique Cardoso que aprovou um regulamento de lei instituindo a cachaça como produto tipicamente brasileiro.

Dia Nacional da Cachaça

A escolha da data para celebrar o Dia Nacional da Cachaça vem sendo comemorada desde 2009 pelo setor produtivo, como uma iniciativa do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC). Existe até mesmo um projeto de lei em tramitação no Senado Federal para estabelecer, oficialmente, o 13 de setembro como Dia Nacional da Cachaça.

“A Cachaça é símbolo da resistência do povo brasileiro, pois enfrentou preconceitos desde a época do Brasil colônia, período no qual teve a sua comercialização proibida por várias vezes. Com mais de 500 anos de história, está ligada aos acontecimentos do Brasil e pode ser considerada o primeiro destilado das Américas, tendo sido produzida, pela primeira vez, de forma intencional, em algum engenho de açúcar do litoral brasileiro, entre os anos de 1516 e 1532, antes mesmo do aparecimento do Pisco, da Tequila e do Rum”, explica Carlos Lima, diretor executivo do IBRAC.