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Tarifa dos EUA já trava exportação no ES e ameaça US$ 1,6 bilhão

Taxação de 50% sobre produtos brasileiros já impacta movimentação no porto e preocupa setores-chave da economia capixaba

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porto de vitória

A decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, já produz os primeiros efeitos no Espírito Santo. Na semana passada, um navio com destino aos EUA deixou de atracar no Porto de Vitória após a queda na demanda por embarques, segundo informou a Vports, autoridade responsável pela gestão do complexo portuário.

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A suspensão ocorreu dias depois do anúncio feito pelo presidente Donald Trump, o que acendeu o alerta em setores como metalurgia, papel e celulose, petróleo, café e materiais de construção e, em especial, a indústria de granito, um dos segmentos mais relevantes da pauta de exportações capixabas para os Estados Unidos.

Espírito Santo exportou US$ 1,6 bilhão para os EUA este ano

De acordo com levantamento do Connect Fecomércio-ES, em parceria com o Sindiex, os Estados Unidos são o principal destino das exportações do Espírito Santo. Somente no primeiro semestre de 2025, o estado enviou US$ 1,6 bilhão em produtos ao país, e importou US$ 1,1 bilhão, com saldo comercial positivo de quase US$ 500 milhões.

Entre os principais itens exportados estão lingotes metálicos e produtos semiacabados (US$ 498,7 milhões), cal e cimento (US$ 400,7 milhões), celulose (US$ 250,5 milhões), minério de ferro (US$ 225,9 milhões), petróleo bruto (US$ 86,6 milhões) e café (US$ 85,5 milhões). Também aparecem na lista o ferro-gusa, geradores elétricos e especiarias.

Com a nova tarifa, esses produtos devem perder competitividade no mercado americano, o que ameaça diretamente a produção e o emprego no estado.

Entidades alertam para riscos de retração e perda de mercado

Segundo André Spalenza, coordenador de pesquisa do Connect Fecomércio-ES, a medida impõe riscos significativos à economia local. “O Espírito Santo se coloca em uma posição vulnerável frente às novas barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. O impacto pode se traduzir em recuo de receitas, perda de mercado e pressão sobre as cadeias produtivas locais”, avaliou.

Spalenza defende uma atuação articulada entre governo e setor produtivo, com foco na diversificação de mercados. “É hora de planejamento e atuação em várias frentes para mitigar prejuízos.”

Além das exportações, o estado também depende das importações dos EUA. Os principais produtos comprados incluem aeronaves e equipamentos aeronáuticos (US$ 690 milhões), carvão (US$ 246,7 milhões) e veículos automotores (US$ 47 milhões), insumos relevantes para setores como aviação, energia e logística.

Governo brasileiro tenta reverter tarifa e exportadores sentem os efeitos

Em reação à medida, o governo federal já encaminhou duas cartas diplomáticas aos EUA e levou o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma comitiva de senadores brasileiros também deve ir a Washington para dialogar com parlamentares e empresários norte-americanos.

Mesmo antes da entrada em vigor da tarifa, exportadores já relatam prejuízos. Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Abiec informaram que cargas estão sendo devolvidas, contratos cancelados e frigoríficos anunciaram férias coletivas.

A Vports, responsável pelo complexo portuário da capital, informou que continua monitorando o cenário e pode adotar medidas para mitigar impactos nas operações. Por ora, a programação das escalas permanece mantida, exceto pelo navio que teve atracação suspensa na semana passada.

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