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Dia a dia

Trisal: capixabas revelam como é a rotina de relacionamento a três

Pessoas que vivem um trisal contam como é a rotina e dificuldades de viver um namoro a três

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Pessoas que vivem um trisal precisam ter segurança para manter o relacionamento. Foto: Divulgação

Um é pouco, dois é bom e três é demais. A frase popular pode ser usada em diversas situações, mas ela não se aplica para um grupo de pessoas que optou por um relacionamento a três e descobriu em um trisal a chance de viver o poliamor.

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Essa é uma tendência que vem ganhando espaço principalmente entre os casais menos conservadores e que acham sim, que é possível dividir a cama e o coração com mais pessoas.

E o novo modelo de relacionamento não escolhe orientação sexual e acontece entre trisais homoafetivos e heterossexuais. O Carlos é um desses casos. Atualmente ele vive um romance e divide a rotina com mais dois homens.

No início, ele revela que foi complicado aceitar já que era tudo novo, mas foi dele a ideia de abrir o casamento de 19 anos para um novo parceiro.

“Sempre conversamos sobre isso abertamente. Nunca tinha encontrado ninguém, até por tabu de outras pessoas não entenderem, e também por não achar outra pessoa que coubesse no nosso relacionamento”.

Só que em um belo dia, de forma despretensiosa, surgiu a pessoa que ele não esperava. Carlos contou que conheceu o terceiro elemento em um churrasco, ficaram amigos e sugeriu ao parceiro a novidade. E ele topou!

“Fizemos uma festa lá em casa e o Fernando se encantou com o Luiz Felipe. Começamos a conversar até que nos encantamos e ele, que mora em outra cidade, foi passar um fim de semana na nossa casa.  Fomos em um show e na volta para casa aconteceu”, revelou.

Entre eles não existe ciúme, pelo menos não agora em que a relação já está mais amadurecida. Nem sempre os três estão juntos ao mesmo tempo.

“A gente só tem um trato de que ele [o terceiro elemento] não pode ter outra pessoa. Eu e o Fernando estamos há 19 anos juntos, veio mais um para agregar e somar. Temos todo apoio psicológico para tentar entender essa dinâmica. A gente conversa muito para saber onde pode melhorar. O combinado nunca vai sair caro para ninguém”, afirmou.

Paixão à primeira vista

A história da Maria Eduarda é mais um exemplo de que o amor pode acontecer com uma, duas ou mais pessoas. Casada e com uma filha, ela e o marido a princípio buscavam apenas mais uma mulher para realizar os desejos e fantasias.

O plano, no entanto, acabou não sendo o esperado. Após se conhecerem por meio de uma rede social, os três decidiram se encontrar. “Ela era linda e carismática, era diferente. Começamos a “paquerar” com mensagens, comentários, e ela respondeu às investidas. Até que a chamamos para sair. Nesse primeiro encontro, nossas expectativas foram superadas. Nos identificamos de cara e, é claro, ficamos. A partir daí não conseguimos mais ficar longe. A ficada virou paixão e, depois de muita conversa, decidimos encarar um relacionamento a três, o famoso trisal”, revelou.

Para Maria Eduarda, apesar do sentimento que preenchia o trisal, assumir uma relação a três não foi tão simples. “Apesar de sermos perfeitos juntos, tínhamos toda uma vida padrão até então: filhos, casamento, ex-marido, trabalho, amigos… mesmo assim, a paixão e a possibilidade de uma nova forma de amar valiam a dedicação. Nosso relacionamento durou cerca de 4 meses e foi muito gostoso enquanto durou”, revelou.

Durante o período que estiveram juntos, os três viviam uma rotina de namorados mesmo, mas cada um na sua casa. As filhas também acabaram ficando amigas já que tinham a mesma idade. Elas não sabiam quem éramos um trisal, mas sentiam que a nossa conexão ia muito além da amizade”.

Maria Eduarda e o marido têm um relacionamento aberto até certo ponto. “Ou, como gosto de dizer (que é o que eu acredito quanto a ‘relacionamento aberto’), temos um relacionamento aberto baseado em nossas regras. A gente fica com outras pessoas juntos ou na presença do outro, sempre de comum acordo ou interesse”.

O trisal acredita na possibilidade de amar mais de uma pessoa, no poliamor. “Só nunca tínhamos vivido isso. Nunca nos envolvemos com outras pessoas com interesse de se apaixonar. A ideia era não deixar isso acontecer. Mas, fomos pegos de surpresa por uma pessoa incrível que era aberta a esse tipo de relação, assim como a gente. Foi um evento”, comemorou.

Uma das dúvidas que mais aparece é se com um casal hétero tudo é permitido na hora em que os três estão juntos. A Maria Eduarda explica que não é bem assim.

“Gostamos de viver essas experiências a três, mas rola de só um ficar com outra pessoa. Ficamos com mulheres, no geral. Acontece de eu ficar com homens também, mas é menos comum. Meu marido não tem atração por homens. Então, é menos comum termos homens entre nós”.

Outra regra importante definida por eles é não ficar de papo nas redes sociais ou aplicativos de conversa com o affair. “Qualquer mensagem trocada com a terceira pessoa tem que ser de conhecimento do casal”.

Embora seja uma tendência, muitos trisais ainda enfrentam o preconceito por viverem o poliamor. Maria Eduarda revelou que os amigos mais próximos todos sabiam, mas que entenderam e aprovaram o relacionamento.

“Fazíamos vários programas juntos. Era sempre uma surpresa quando contávamos. A surpresa não era por estarmos com uma mulher, mas por assumirmos uma relação. Alguns admiravam nossa coragem, outros ficavam apreensivos com o futuro desta nossa “ousadia”.

Os dois hoje estão vivendo apenas como casal e, pelo menos a princípio, não pensam em dividir mais a rotina com uma terceira pessoa. Mas não descartam uma nova experiência futuramente.

“Eu não tenho vontade de um novo namoro a três neste momento. Porém, hoje tenho consciência de que é possível amar duas pessoas e que poderemos ter novos desejos. Então, sem dúvida, acho que isso pode acontecer de novo no futuro”.

*Os nomes dos personagens desta reportagem foram alterados, já que pediram para não terem suas identidades reveladas.

Trisal em alta

Para a psicóloga Aline Eccher, especialista em terapia comportamental, é possível viver um trisal de forma saudável, sem que esse modelo de relação seja prejudicial à saúde mental dos envolvidos.

Ela lembrou que, na teoria, o Brasil ainda é um país monogâmico por questões culturais, mas que essa prática vem mudando ao longo dos tempos. E essa mudança vem sendo observada também em seu consultório.

“Quando a gente se relaciona amorosamente buscamos nossas necessidades emocionais básicas. Então a gente vai lá nas nossas faltas e busca alguém que supra isso, que acalme o nosso coração e que dê esse acalento. E é super possível encontrar isso em mais pessoas”, explicou.

Para Aline, um trisal tem chances de dar certo desde que as pessoas tenham capacidade de lidar com suas emoções. “O maior desafio é justamente estabelecer esse acordo e cuidar das próprias emoções”.

E prosseguiu: “Se a gente entrar em um trisal e ficar em um sentimento predominante de medo, de insegurança isso vai acabar adoecendo uma das partes. Esse é um cuidado que a gente tem que ter, que na verdade vale para todas as relações. É possível viver [no trisal] desde que esteja preparado para enfrentar seus próprios vazios sem se projetar na relação”, concluiu.

Trisal famoso

A advogada Graziela Lustosa e o empresário Diogo Simon decidiram viver o poliamor ao se apaixonarem, ao mesmo tempo, pela influencer Natália Silva. Foto: Divulgação (Rede Social)

O relacionamento entre três pessoas já é uma realidade que muitos desses envolvidos já não escondem mais que dividem os lençóis e a rotina diária com mais pessoas.

Nas redes sociais,  a advogada Graziela Lustosa e o empresário Diogo Simon decidiram viver o poliamor com a influencer Natália Silva. Eles, que vivem em João Pessoa, na Paraíba, e já estão juntos desde outubro de 2020.

A experiência é compartilhada no perfil Vivendo a Três no Instagram, que possui mais de 106 mil seguidores. Os três divulgam fotos em viagens e do dia a dia para o público sem nenhum tipo de receio.

Em uma das postagens, eles aparecem em uma praia com a legenda: “Cada um tem sua maneira de existir e aqui está a nossa, um triângulo cheio de amor”.


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