Senador Contarato rebate ministro da Educação: “Minha família não é desajustada”

Senador Fabiano Contarato (REDE-ES)Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

O senador Faiado Contarato (Rede-ES) criticou hoje (16) fala homofóbica do ministro da Educação, Milton Ribeiro. O caso aconteceu no Senado, durante Comissão de Educação. O ministro já havia dito, no ano passado, que gays vêm de “famílias desajustadas”. As informações foram publicados pelo portal de notícias UOL.

“Tenho orgulho em dizer que sou casado, tenho dois filhos. Tenho orgulho do meu pai, que é motorista de ônibus, e da minha mãe, semianalfabeta. Não venho de família desajustada, senhor ministro, não tenho subfamília”, afirmou Contarato, pela manhã. Ele é o primeiro senador assumidamente gay no Brasil.

A fala de Ribeiro foi registrada em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo. Basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe”, disse, à época.

A Justiça Federal de São Paulo condenou a União a pagar uma indenização de R$ 200 mil por danos morais coletivos por causas das falas LGBTIfóbicas, após quase um ano depois das declarações.

O senador questionou se a família do ministro seria melhor. “Orientação sexual não define caráter, o que define caráter é seu comportamento ético, moral, seu grau de comprometimento com a redução de desigualdade social, com a geração de emprego”, disse Contarato.

Pelas regras do Senado, o ministro deveria responder sobre essas e outras declarações, mas interrompeu para se justificar e convidar o senador para uma visita ao Ministério da Educação.

“Na Polícia Federal, eu disse que não foi minha intenção. Estava chegando no MEC, vim de um contexto que se misturava e agora que percebo minha postura como pastor, que cremos sim, temos dogmas, que são bíblicos, mas como ministro de um Estado laico tenho que responder a todos e a orientação de todos. Gostaria que o senhor soubesse que essa é a minha postura”, argumentou Ribeiro.

O senador ressaltou ainda que “um professor trans não vai fazer com o que filho A, B ou C, faça parte da comunidade LGBTQIA+”.

Na mesma entrevista, no ano passado, o ministro disse que a orientação sexual pode ser opcional. “Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí”, afirmou, segundo o jornal.

Ribeiro prestou explicações pela manhã à Comissão de Educação, no Senado, após dizer que a universidade “deveria ser para poucos” e que alunos com deficiência “atrapalham” o aprendizado dos demais.