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Coluna Inovação

Multiagentes: a nova revolução da IA

A Revolução da IA e Futuro do Trabalho levanta questões críticas: como equilibrar produtividade com dignidade humana em um mundo onde máquinas aprendem mais rápido que pessoas?

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A revolução da IA e o futuro do trabalho. Foto: Freepik

A revolução da IA e o futuro do trabalho. Foto: Freepik

Quem achar que entende tudo de IA está enganado. No máximo pode ser especialista na IA da semana passada, não vale mais para esta semana. Pode parecer exagero, mas é assim que está acontecendo. Toda semana, todo dia, é um novo lançamento vindo de alguma empresa para texto, imagem ou vídeo com resultados que surpreendem os próprios especialistas que procuram entender do assunto.

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Um tema que está na crista da onda depois da IA generativa é a IA gêntica. Imagine ter um assistente pessoal digital, um trabalhador digital inteligente, um agente de IA. Imagine não, já existe e está provocando uma revolução. Nos EUA a Microsoft demitiu 6000 funcionários ou seja 3% da sua força de trabalho. Alegação: reduzir camadas de gestão e aumentar a eficiência. A IBM substituiu centenas de funcionários de RH por agentes de IA que agora automatizam 94% das tarefas rotineiras desse setor. Além disso, reduziu em 70% a carga de trabalho da equipe de TI. Recentemente a IBM apresentou novas ferramentas que permitem a criação de agentes autônomos em poucos minutos. Segundo o Relatório do Futuro do Trabalho de 2025, do Fórum Econômico Mundial, 41% dos empregadores planejam reduzir suas equipes devido à adoção da IA, percentual que sobe para 48% nos Estados Unidos. Segundo a AWS, aplicações que tomavam 40 horas de um cliente hoje tomam 10 minutos por causa da IA.

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Podem acontecer coisas boas também. Já pensou que os deputados que têm hoje 25 assessores poderão ter apenas um sistema multiagente? Um agente especializado em preparar projetos de lei, outro em dar pareceres, outro para preparar um discurso, outro para enviar material para os eleitores. A IA pode nos ajudar a imitar a Suécia.

Agentes de IA podem operar dentro de grandes empresas acessando os sistemas departamentais clássicos através de interfaces API, transitando entre o SAP, o Salesforce e o Excel, respondendo consultas feitas em linguagem natural ou, melhor ainda, executando tarefas. Desse modo, podem substituir departamentos inteiros. Já circula a ideia de que a propalada extrema carência de programadores no mundo não acontecerá mais. A IA tem uma eficiência enorme na geração de código.

Sam Altman, criador da OpenAI e do ChatGPT diz que tem o “trabalho mais legal e talvez mais importante da história” e, embora costumasse pensar que a IA fosse tão transformadora quanto a Revolução Industrial, agora considera que a “explosão de criatividade” faz do Renascimento uma analogia mais adequada. Tal será a mudança que ocorrerá na forma de trabalho. Pode ser exagero, mas o ecommerce, as mídias sociais e SaaS remodelaram indústrias inteiras, muito mais os agentes poderão fazer, criando oportunidades para novos entrantes nos mercados já usando agentes, sem a burocracia e os sistemas legados das grandes empresas. Se a empresa crescer, não precisa contratar pessoal, basta replicar o agente. E ele trabalha 24/7, 365 dias por ano,

Altman insinua seu objetivo final: quando uma assinatura do ChatGPT se tornar uma IA pessoal, através da qual os usuários acessam outros serviços. “Você poderia simplesmente levar sua IA, que vai conhecê-lo melhor ao longo da sua vida, ter seus dados e ser mais personalizada, e usá-la em qualquer lugar”.

Há algum tempo se repete a ideia de que se você não souber trabalhar com IA será substituído por alguém que sabe. Penso que se você estiver no lugar errado, trabalhando em uma área que vai sumir, o seu emprego vai junto, mesmo que entenda de IA.

Com a mudança de paradigma, as empresas passarão a buscar outras qualidades nos profissionais. Há uma transição na priorização de “hard skills” para “soft skills” no profissional do futuro. Habilidades essencialmente humanas, como flexibilidade, resiliência e inteligência emocional serão essenciais em um mundo onde a inteligência artificial vem se mostrando muito mais rápida e eficiente que o próprio homem.

Aí fica a pergunta: onde haverá empregos que gerem renda capaz de comprar os produtos que a IA vai ajudar a produzir? Talvez a IA aumente tanto a produtividade que os produtos ficarão mais baratos. Talvez em vez de discutirmos a escala 6×1 ou 5×2 teremos de discutir a 4×3 ou a 3×4 para caber todo mundo no mercado de trabalho. Ou talvez tenha mesmo de ser criada uma renda básica universal para atender quem não consiga espaço no mercado. Novos tempos acelerados, animadores por um lado e preocupantes por outro.

Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração pelo IBGC, Membro da Academia Brasileira da Qualidade-ABQ, Membro do Conselho de Curadores do Ibef/ES e membro do Conselho de Política Industrial e Inovação da Findes. Foi Presidente da Dataprev, Diretor da Finep e do Sebrae/ES, Conselheiro do Serpro e Banestes. Tem extensa atuação como empresário, executivo e consultor em inovação, estratégia, gestão e qualidade, além de investidor e mentor de startups, principalmente deeptechs. Tem participação em programas de rádio e TV sobre inovação. É atualmente Presidente do Cdmec-Centro Capixaba de Desenvolvimento Metal-Mecânico.

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