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Santa Teresa entra no top 5 do Desafio de Biodiversidade

Com menos de 25 mil habitantes, a cidade contribuiu com 9.159 registros de plantas, animais e fungos

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Foi a primeira vez que Santa Teresa participou da competição. Foto: Divulgação

Foi a primeira vez que Santa Teresa participou da competição. Foto: Divulgação

Pela primeira vez, Santa Teresa participou do Desafio Mundial da Natureza Urbana. Mesmo estreando, a cidade capixaba ficou entre as cinco primeiras do Brasil. Com menos de 25 mil habitantes, o município superou grandes centros, como São Paulo e Curitiba, em observações e diversidade de espécies.

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Entre 25 e 28 de abril, 101 moradores contribuíram com 9.159 registros de plantas, fungos e animais. Ao todo, 1.880 espécies diferentes foram identificadas. O evento é promovido pela plataforma iNaturalist. A iniciativa busca estimular a observação e o registro da biodiversidade urbana em todo o mundo.

A participação de Santa Teresa foi coordenada pelo Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). Até 4 de maio, prazo para validação dos dados, 579 espécies já haviam sido confirmada. A validação depende da concordância entre observadores. Isso permite que os dados sejam utilizados por instituições de pesquisa.

“É muito gratificante ver que, já na nossa primeira participação, conseguimos não só mobilizar uma parcela da comunidade, mas também gerar dados surpreendentes”, afirma a pesquisadora Mariane Kaizer.

Segundo ela, a experiência deve inspirar outras cidades capixabas a aderirem à ação em 2026. Entre os registros, estão diversas espécies endêmicas da Mata Atlântica, como cigarrinhas raras que só existem nesse bioma. “Esses dados de ciência cidadã são muito valiosos para a ciência”, explica o pesquisador Danilo Cordeiro, do INMA.

Segundo ele, as informações ajudam a mapear onde vivem as espécies e podem até revelar novas descobertas. Mamíferos ameaçados de extinção, como o guigó-mascarado e um veado do gênero Mazama, também foram registrados. Além disso, a presença da lontra no córrego urbano reforça a importância da preservação ambiental nas cidades.

809 registros

O engajamento da comunidade chamou a atenção. Athos Souza, morador da cidade, ficou entre os 10 maiores observadores do país. Com 809 registros e 299 espécies diferentes, ele conquistou o terceiro lugar nacional. “Ficar entre os 10 melhores no desafio nacional do iNaturalist foi uma experiência especial”, disse Athos.

Ele acredita que a ciência cidadã une paixão, propósito e aprendizado, incentivando o cuidado com a biodiversidade.

Ave quase ameaçada

A estudante Lara Marrochi, do Ensino Médio, fez um dos registros mais importantes do município. Durante um jogo com amigos, ela fotografou um falcão da espécie Falco deiroleucus, considerado quase ameaçado. “Eu pensei que fosse uma coruja, mas era um falcão. Tirei a foto para a aula de biologia”, contou Lara.

Ela conheceu o app iNaturalist em uma ação do INMA na escola. Agora, pretende continuar contribuindo com novos registros. A ornitóloga Flávia Chaves destaca que esses registros ajudam a planejar estratégias de conservação. Para a pesquisadora Laura Braga, a participação de estudantes em projetos de ciência cidadã desenvolve o olhar para a natureza.

Descobertas inéditas

Graças ao desafio, uma espécie rara de vespa-serra (Skelosyzygonia spinipes) foi registrada pela primeira vez em Santa Teresa. Até então, havia registros apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Agora sabemos que também ocorre em Santa Teresa”, afirma o pesquisador Thiago Mahlmann, do INMA.

A aranha Nephilingis cruentata, conhecida como maria-bola, foi a espécie mais observada na cidade. Já o segundo lugar ficou com o jacu, ave popular no Parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão. Entre as plantas, o destaque foi a orelha-de-onça (Pleroma heteromallum), arbusto de flores roxas nativas da Mata Atlântica.