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Saiba como conversa online de advogado virou chantagem de US$ 1 milhão

Advogado de Linhares foi preso em flagrante por tentar extorquir empresário do Oriente Médio após troca de mensagens online

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Suspeito de Linhares exigiu US$ 1 milhão para não divulgar dados confidenciais obtidos em conversa virtual

Suspeito de Linhares exigiu US$ 1 milhão para não divulgar dados confidenciais obtidos em conversa virtual. Foto: Divulgação

Um advogado de 27 anos foi preso em flagrante em Linhares, no Norte do Espírito Santo, suspeito de tentar extorquir um empresário do Oriente Médio. O valor cobrado: US$ 1 milhão. O caso chama atenção pela forma como foi conduzido. Segundo a Polícia Civil, o crime começou com uma simples troca de mensagens pelas redes sociais.

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Conversa informal virou chantagem milionária

O suspeito se apresentou virtualmente ao empresário, de 55 anos, e, com o tempo, estabeleceu uma relação de confiança. Sem qualquer vínculo profissional ou pessoal com a vítima, o advogado teria conseguido extrair informações confidenciais durante as conversas.

De acordo com o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), o empresário não percebeu o risco no início. “Ele se aproveitou de uma abertura que esse empresário deu e conseguiu extrair algumas informações confidenciais. Depois, passou a exigir dinheiro para não divulgar esses dados”, afirmou.

A chantagem explícita

Nas mensagens obtidas pela polícia, o tom do advogado revela a pressão imposta à vítima. Em um dos trechos, ele afirma, em inglês: “The price is fair, and for you it’s just a few bucks, so let’s go. Your life, reputation, and mandate are at stake.”
Tradução: “O preço é justo, e para você são só alguns trocados. Então vamos lá. Sua vida, reputação e mandato estão em jogo.”

Outro trecho, escrito em português, tenta conferir aparência de acordo formal:
“O senhor tem 5 (cinco) dias a partir de hoje. Se o senhor cooperar para que o acordo seja cumprido, eu garanto que terá sempre minha honra, gratidão, estima e absoluta e irrestrita confidencialidade.”

Segundo o delegado, essas mensagens foram decisivas para caracterizar o crime como extorsão. Ele explicou que a abordagem começou de forma amistosa nas redes sociais, mas evoluiu para ameaças diretas com prazos definidos.

Prisão foi feita no prazo estipulado pelo suspeito

O caso chegou à Polícia Civil por meio de um escritório de advocacia em São Paulo, que representava o empresário. A denúncia foi feita no início da semana passada. Os investigadores constataram que o suspeito havia imposto um prazo para o pagamento e que a chantagem poderia configurar flagrante.

“Esse advogado em Linhares colocou um prazo para o pagamento. No dia do vencimento, 15 de julho, fomos até o município e o prendemos na garagem da casa dele”, contou o delegado Gabriel Monteiro. A prisão foi realizada por equipes da Divisão de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC).

Suspeito confessou o crime e pagou fiança

Durante o flagrante, o advogado confessou o crime e foi conduzido a Vitória, onde teve a prisão formalizada por extorsão, com base no artigo 158 do Código Penal. Ele passou por audiência de custódia dois dias depois e teve a liberdade concedida após pagamento de fiança de R$ 30 mil.

Segundo o delegado, as provas reunidas eram tão consistentes que até a defesa recomendou a confissão. “A advogada dele, ao analisar o caso, considerou melhor que o cliente cooperasse, já que a materialidade do crime estava evidente.”

Informações obtidas poderiam causar prejuízos à vítima

As ameaças incluíam a divulgação de dados que poderiam comprometer negócios e a imagem pública da vítima. A polícia não revelou o conteúdo dessas informações, mas confirmou que elas não tinham relação com qualquer crime cometido pelo empresário.

Por questões de segurança e para preservar a identidade da vítima, a Polícia Civil optou por não divulgar detalhes como local da abordagem, nome do suspeito ou teor exato das informações obtidas. O caso segue em investigação.

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