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Retirada de proteção a manguezais pode agravar enchentes

Segundo professora da Ufes, há risco de queda nas construções a serem feitas nas áreas preservadas e diminuição da biodiversidade

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Parlamentares vão à Justiça contra flexibilização de regras ambientais. Foto: Chico Guedes

Manguezal em Vitória. Foto: Chico Guedes

De forte importância na cultura, gastronomia e biodiversidade de Vitória, as áreas de manguezais conseguiram crescer em um quilômetro nos últimos anos na capital, graças às ações de preservação. Avanço que pode ser perdido com a extinção de duas resoluções que delimitam as áreas de proteção permanente (APPs) de manguezais e de restingas do litoral brasileiro. A revogação das resoluções foi decidida na segunda-feira, dia 28, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), presidido pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

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A revogação dessas regras abre espaço para especulação imobiliária nas faixas de vegetação das praias e ocupação de áreas de mangues para produção de camarão. Em Vitória, cerca de 12% da área territorial de Vitória é de manguezal. A redução das áreas de preservação pode levar a outras consequências, como a redução da população de algumas espécies, como os caranguejos. Existe também a possibilidade de aumento de enchentes em Vitória.

“A gente já tem pressão em cima do manguezal e das restingas. Quando se constrói, o peso leva o lençol freático para baixo, levando a consequências sobre o sistema de drenagem da baía, provocando maior salinidade e influência maior das marés. O limite de 300 metros para construção preservava os lençóis freáticos”, explica a professora Mônica Tognella, especialista em manguezais do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Ela classificou a medida do Conama como um desastre para o Espírito Santo. “Vitória já tem uma pressão muito grande sobre a área de manguezais por questões portuárias. Algumas áreas estão mais preservadas na região do aeroporto e na região de Cariacica, por ser uma região que não tem expansão urbana acentuada”, disse.

A professora lembrou ainda do risco da construção em áreas de manguezal. Como há muita matéria orgânica nos mangues, elas se decompõem em estágios diferentes, o que pode fazer o terreno ceder.

Ela também alertou sobre o risco da ameaça às espécies. No caso dos caranguejos, muito conhecidos em Vitória e fonte de renda e alimento para a população do entorno, o tamanho da população pode ser ameaçado. “Já há problemas com diminuição da população e já temos notado  uma queda na fertilidade do caranguejo-uçá. Isso tudo já como consequência de movimentação de área portuária, petróleo, lama”, detalha.