Coluna Valor em Foco
Navegando em mercados turbulentos: uma lição dos últimos 5 anos
Diante de cenários como guerra, inflação e juros voláteis, a resiliência financeira se torna essencial
Os últimos cinco anos foram um verdadeiro teste para qualquer investidor. Tivemos um cenário atípico e extremamente desafiador: uma pandemia global que paralisou economias, guerra na Europa, juros que foram de 2% para quase 15%, além de um ciclo de grande volatilidade nos mercados. Investir nesse ambiente exigiu não apenas disciplina, mas uma visão estratégica de longo prazo.
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E os números não mentem: poucos ativos conseguiram superar o CDI nesse período. O investidor brasileiro que não teve exposição relevante ao ouro ou à bolsa americana encontrou dificuldades para bater o retorno da renda fixa. Isso mostra que, apesar da importância da diversificação, a composição do portfólio e a escolha dos ativos fazem toda a diferença nos resultados.
O viés comportamental que pode custar caro
Diante desse cenário, muitos investidores se ancoram no passado recente e tomam decisões olhando apenas pelo retrovisor. Esse é o viés da ancoragem.
Hoje, com a Selic ainda elevada e os retornos da renda fixa atrativos, muitos acreditam que essa será a melhor opção para sempre. Mas o mercado é cíclico. Quem, em 2021, acreditava que juros baixos durariam indefinidamente e migrou todo seu patrimônio para ativos de risco, sentiu a dor da reprecificação. E o mesmo pode acontecer agora, na direção oposta.
O que aprendemos? Investimento não é sobre o que aconteceu, mas sobre o que pode acontecer. Oportunidades existem, mas precisam ser avaliadas com base no horizonte de cada investidor, na sua necessidade de liquidez e na sua tolerância ao risco.
Inflação: o verdadeiro inimigo do investidor
Enquanto muitos focam no rendimento nominal dos investimentos, poucos prestam atenção no que realmente importa: o retorno real, ou seja, acima da inflação.
E em momentos de crise, a inflação costuma surpreender para cima. Em 2015 e 2021, por exemplo, o IPCA ultrapassou os 10% no ano, impactando diretamente a rentabilidade real dos investimentos.
No entanto, ao analisarmos uma janela maior de tempo, fica evidente que a renda fixa atrelada à inflação foi uma das classes de ativos mais resilientes. Índices como IMA-B, IMA-B 5 e IMA-B 5+, que refletem carteiras teóricas de títulos públicos indexados ao IPCA, tiveram retornos superiores ao CDI nos últimos 10 anos:

Fonte: Mais Retorno
- IMA-B: inclui todos os títulos públicos atrelados ao IPCA, abrangendo prazos curtos e longos.
- IMA-B 5: contempla apenas os títulos públicos atrelados ao IPCA com vencimento de até 5 anos.
- IMA-B 5+: reflete o desempenho dos títulos atrelados ao IPCA com vencimentos superiores a 5 anos.
Isso reforça uma lição importante: proteger o patrimônio da inflação não é opcional, é essencial.
O que vem pela frente?
Embora o passado recente tenha sido desafiador e a renda fixa tenha desempenhado bem, o investidor não pode tomar decisões apenas com base no que já aconteceu. O mercado continua em movimento, e novas oportunidades surgem a todo momento.
Investir não é sobre adivinhar o que vai acontecer, mas sim entender que o mercado se move em ciclos e ignorar isso pode ser um erro caro
O desafio agora não é apenas olhar para trás e entender o que funcionou, mas sim olhar para frente e construir um portfólio que faça sentido para o futuro.
Como bem disse Howard Marks:
“O maior risco não é saber onde estamos no ciclo, mas agir como se ele não existisse.”
Então, a pergunta que todo investidor deveria se fazer agora é: meu portfólio está preparado para o que vem pela frente?
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