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Restauro da igreja de São José do Queimado entra na reta final

O espaço se transforma em um museu a céu aberto, que conta história da Insurreição do Queimado, considerada a maior revolta de resistência à escravidão ocorrida no Espírito Santo

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Fachada da igreja de São José do Queimado, na Serra, após obras de restauro. Foto: Vinicius Arruda

Fachada da igreja de São José do Queimado, na Serra, após obras de restauro. Foto: Vinicius Arruda

 

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O restauro das ruínas da igreja de São José do Queimado, na Serra, entra na reta final. Depois de pouco mais de um ano e R$ 1,3 milhões em investimentos, o local se transforma em um museu ao ar livre. O espaço será aberto para visitação do público no dia 19 de março, às 9h, mas continuará sob reforma. Segundo a prefeitura, a partir de julho serão investidos outros R$ 3 milhões em obras de infraestrutura e urbanização.

Entre as intervenções previstas estão salas de apoio para atividades culturais, banheiros, o restauro do cemitério localizado nos fundos da igreja e obras de paisagismo. Não há, no entanto, previsão para a conclusão das obras. O prefeito Audifax Barcelos (REDE) garante que manterá o espaço aberto para visitação da área que já foi concluída até o momento.

“A ideia é abrir de forma monitorada. Antes da inauguração, no dia 19, vamos divulgar um telefone para o agendamento dessas visitas. Será aberto para todos”, frisa.

A primeira fase do restauro foi realizado pelo instituto Modus Vivendi, com investimento do Sincades (Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo). Já a segunda etapa será custeada pelos cofres públicos do município.

A história da igreja e a revolta dos escravos

Tantos cuidados se devem à importância histórica da região. Em 1849, a igreja foi palco da Insurreição do Queimado, uma das maiores revoltas à escravidão ocorrida no Espírito Santo. Na ocasião, o frei italiano Gregório José Maria de Bene prometeu liberdade a um grupo de escravos em troca da construção do templo. A promessa, no entanto, não foi cumprida, o que resultou na rebelião. O movimento foi tão intenso que tropas do Rio de Janeiro foram acionadas para conter a revolta.

Cento e setenta e um anos depois, os pesquisadores responsáveis pelo restauro ainda encontram peças que remontam a história. Com boa parte da sua estrutura já deteriorada pelas ações do tempo, alguns elementos da igreja tiveram que ser substituídos por materiais que não existiam no passado, criando uma ponte entre os séculos XIX e XXI.

“Na limpeza da obra, muita coisa estava soterrada. Encontramos o arco do cruzeiro e o frontão (elementos arquitetônicos da igreja) desmoronados. Aquilo que pudemos reconstruir, foi reconstruído. O que não pôde, precisou ser marcado com elementos contemporâneos, como o aço”, explica Erika Kunkel Varejão, presidente do Instituto Modus Viviveni.

Confira como está o restauro:

A entrada da igreja concentra pilhas de pedras que faziam parte do templo. Elas serão mantidas ali como parte das ruínas. Foto: Vinicius Arruda

A entrada da igreja concentra pilhas de pedras que faziam parte do templo. Elas serão mantidas ali como parte das ruínas. Foto: Vinicius Arruda

O local é considerado um museu a céu aberto. Seu restauro custou R$ 1,3 milhões e levou pouco mais de um ano para ser concluído. A inauguração acontece no dia 19 de março, às 9h. Foto: Vinicius Arruda

O local é considerado um museu a céu aberto. Seu restauro custou R$ 1,3 milhões e levou pouco mais de um ano para ser concluído. A inauguração acontece no dia 19 de março, às 9h. Foto: Vinicius Arruda

O frontão, elemento decorativo no nível superior da entrada da igreja, foi reconstruído em aço a partir de fragmentos em pedra da estrUtura original que estavam soterrados junto à escadaria original. Foto: Vinicius Arruda

O frontão, elemento decorativo no nível superior da entrada da igreja, foi reconstruído em aço a partir de fragmentos em pedra da estrUtura original que estavam soterrados junto à escadaria original. Foto: Vinicius Arruda

Em seu interior, arqueólogos localizaram parte do arco do cruzeiro que havia caído. Ele também foi reconstruído em aço pelos restauradores. Foto: Vinicius Arruda

Em seu interior, arqueólogos localizaram parte do arco do cruzeiro que havia caído. Ele também foi reconstruído em aço pelos restauradores. Foto: Vinicius Arruda

Durante os trabalhos arqueológicos, os pesquisadores identificaram nos tijolos encontrados as digitais dos escravos que construíram a igreja. Foto: Vinicius Arruda

Durante os trabalhos arqueológicos, os pesquisadores identificaram nos tijolos encontrados as digitais dos escravos que construíram a igreja. Foto: Vinicius Arruda

As paredes laterais da igreja tinha três janelas retangulares com dimensões distintas umas das outras. Foto: Vinicius Arruda

As paredes laterais da igreja tinha três janelas retangulares com dimensões distintas umas das outras. Foto: Vinicius Arruda

A fundação das paredes tinham bases reforçadas com pedras irregulares vindas de leitos de rio e depósitos marinhos assentadas com argamassa composta por argila, cal e areia, entre outros. Foto: Vinicius Arruda

A fundação das paredes tinham bases reforçadas com pedras irregulares vindas de leitos de rio e depósitos marinhos assentadas com argamassa composta por argila, cal e areia, entre outros. Foto: Vinicius Arruda