Dia a dia
Por que os paraquedas não são usados em aviões comerciais?
Aviões comerciais costumam operar em altura muito superiores àquelas nas quais um salto pode ser seguro
O acidente com a aeronave da VoePass na última sexta-feira (9) levantou novamente a discussão sobre o uso de paraquedas dentro dos aviões para proteger os passageiros. A ideia pode parecer interessante para aumentar a segurança em casos de emergência. No entanto, especialistas afirmam que não seria viável, principalmente pela logística.
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O youtuber e ex-supervisor de manutenção de aeronaves Lito Sousa explica que aviões comerciais costumam operar em altura muito superiores àquelas nas quais um salto pode ser seguro e não são adaptados para que os passageiros saltem de paraquedas durante o voo.
De acordo com ele, um paraquedista treinado leva cerca de cinco minutos para vestir e ajustar corretamente o paraquedas. Em casos de emergência, esse tempo seria extremamente longo, principalmente porque os acidentes costumam acontecer na decolagem e pouso das aeronaves.
“Os passageiros vão vestir o paraquedas no embarque ou só quando for preciso? […] Em caso de emergência, cinco minutos é muito tempo, então todas as pessoas já deveriam entrar vestidas. Para essa situação, o embarque de um Airbus A380 lotado teria que começar no dia anterior ou ia ter um batalhão de pessoas só para ajudar os passageiros”, conta.
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Outro problema seria o espaço entre as poltronas. Com assentos cada vez mais apertados, as companhias teriam que diminuir o número de passageiros para que acomodassem também os paraquedas. Essa redução implicaria diretamente no aumento do valor das passagens.
Uso para todas as idades
Lito também ressalta a impossibilidade de fornecer paraquedas adequados para todas as idades. Crianças pequenas, por exemplo, precisariam de equipamentos especiais, que permitiriam o salto acompanhado dos pais.
“Se embarcar mais criança do que pais, como que faz? Por exemplo, um casal que tem três ou quatro filhos, vai ter que arrumar um voluntário para levar o filho no colo. Num voo da Austrália para Londres, 18 horas de voo, já pensou em andar com uma criança no colo e um paraquedas duplo?”, questiona.
Peso
Não seria qualquer paraquedas que poderia ser utilizado nos aviões. Um modelo básico de paraquedas militar pesa cerca de 12,6 kg, e cada passageiro precisaria de um reserva, somando mais 12,1 kg ao peso total, ou seja, seriam 27 kg a mais por passageiro.
Multiplicando isso pelo número de passageiros de um Airbus A320, por exemplo, o peso adicional seria de quase 5 toneladas. Esse excesso de peso forçaria uma redução no número de passageiros para manter o avião dentro dos limites de segurança, aumentando ainda mais o preço das passagens.
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