Polícia descarta tentativa de atentado a tiros contra prefeito no ES

O prefeito de Afonso Cláudio, Luciano Roncetti Pimenta, alega ter sofrido atentado no ano passado. Foto: Divulgação (Rede Social)

A denúncia de tentativa de homicídio feita pelo prefeito de Afonso Cláudio, Luciano Roncetti Pimenta (PP), em outubro do ano passado, foi arquivada por falta de provas. As investigações também revelaram contradições no depoimento do prefeito.

De acordo com os autos, no dia 22 de outubro de 2024, Luciano Pimenta trafegava com seu veículo, um Fiat Uno, por uma estrada vicinal que dá acesso à sua residência quando avistou uma motocicleta parada com dois indivíduos a bordo.

“Nesse momento, o passageiro da motocicleta começou a efetuar disparos de arma de fogo em direção à vítima, que, por sua vez, portava uma pistola calibre 9mm. Ao perceber a ameaça, a vítima sacou a arma e disparou cerca de 10 vezes para repelir a agressão”, diz um trecho do documento do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), ao qual o portal ES360 teve acesso.

De acordo com o prefeito, após sua reação, os supostos autores do crime fugiram pela estrada vicinal, em direção à Mata da Gameleira. “Durante a fuga, o garupa da motocicleta continuou disparando. A vítima relatou que os disparos que atingiram o vidro traseiro de seu veículo partiram da arma do referido indivíduo”, afirmou.

No entanto, segundo o MPES, as investigações apontaram várias contradições nas declarações do prefeito. O laudo pericial nº 15.272/2024 concluiu que todos os disparos que atingiram os vidros dianteiro e traseiro do veículo foram efetuados de dentro para fora, ou seja, pela própria vítima, contradizendo sua versão.

Além disso, as cápsulas de munição .40 encontradas no local do crime, supostamente utilizadas pelo atirador, estavam muito próximas umas das outras no momento da apreensão, o que contradiz o relato da vítima, que afirmou que o atirador continuou disparando enquanto fugia.

“As cápsulas .40 apreendidas pertenciam a quatro armas distintas, o que é incompatível com o relato da vítima, que afirmou que os disparos foram realizados apenas pelo indivíduo que estava na garupa da motocicleta. Além disso, uma das cápsulas apresentava ‘teias de aranha’, indicando que não foi utilizada no momento dos fatos”, informa o relatório.

Imagens de segurança do Posto Martins, local mencionado pelo prefeito como ponto de perseguição dentro de Afonso Cláudio, não mostram nenhum outro veículo seguindo o automóvel da vítima. “Nos minutos seguintes, não foi identificado nenhum outro veículo entrando no posto, nem seguindo o automóvel do prefeito”, afirma o relatório.

“Diante dos fatos, não há elementos consistentes sobre a materialidade e autoria do crime de tentativa de homicídio. Não há testemunhas e nenhuma prova de que alguém tenha atentado contra a vida da vítima”, conclui o promotor que solicitou o arquivamento do inquérito.

Posicionamento da Polícia Civil

A Polícia Civil informa que o inquérito policial, conduzido pela Delegacia de Polícia de Afonso Cláudio, foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que pediu o arquivamento, pois não foram encontrados indícios suficientes para sustentar a acusação de tentativa de homicídio. No relatório final, a Polícia Civil sugeriu ao MPES que, caso fosse identificado algum crime por parte do prefeito, fosse solicitado ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) a autorização para investigar a possibilidade de falsa comunicação de crime e disparo ilegal de arma de fogo.

Posicionamento do MPES

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Afonso Cláudio, informou que o procedimento tramita em segredo de justiça e, portanto, não é possível fornecer mais informações.

Posicionamento do prefeito Luciano Pimenta

O prefeito Luciano Pimenta foi procurado pela reportagem do portal ES360, mas não atendeu às ligações e não respondeu às mensagens deixadas. O espaço está aberto para o posicionamento do prefeito.

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