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Pais ignoram vacinas, e doenças que haviam sumido podem voltar

Baixos índices de vacinação de crianças contra doenças como gripe, sarampo e covid-19 acenderam um sinal de alertas nas autoridades e preocupam no Espírito Santo

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Foto: Reprodução internet

Foto: Reprodução internet

Os baixos índices de vacinação de crianças contra doenças como gripe, sarampo e covid-19 acenderam um sinal de alertas nas autoridades e preocupam no Espírito Santo. Segundo dados da secretaria de Estado da Saúde (Sesa) apenas 23,90% do público com idades entre 6 meses e 5 anos tomou a vacina para Influenza e 20,31% para sarampo. Em relação à covid, 51,46% das crianças entre 5 e 11 anos receberam a primeira dose do imunizante, mas só a metade (25,36%) está com a segunda dose em dia.

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E não são apenas esses imunizantes, que contam com campanhas regulares de vacinação, que não estão sendo procurados pelos pais para proteção da saúde dos filhos. Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, a meta de ter 95% da população-alvo vacinada não foi alcançada em 2021. Aqui no Estado, por exemplo, o índice de cobertura contra a poliomielite ficou em 64,31% em 2021.

Fica a pergunta: por que, então, os pais hesitam em vacinar seus filhos? Por que têm alguma desconfiança a respeito dos benefícios ou da segurança das vacinas? Um dos motivos, segundo especialistas, é o movimento antivacina, que não é novo, mas ganhou força com a pandemia da covid-19, quando os pais começaram a duvidar da segurança dos imunizantes, em grande parte pela disseminação de notícias falsas e sem base científica. As fake news podem jogar por terra grandes conquistas para a saúde pública, como o desaparecimento de varíola, sarampo, poliomielite e rubéola. E controle de difteria, coqueluche e diarreias por rotavírus.

No início do século 20, a população já acreditava em mitos e temia a ciência. Uma dessas demonstrações aconteceu no Brasil, com a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro. E o fato de o problema não ser só a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, mas também uma série de medidas de urbanização e eliminação de focos de doença como medidas sanitárias, ajudou a unir medos e teorias conspiratórias. As medidas, lideradas por Oswaldo Cruz na época, saíram mal pela truculência usada pelos servidores públicos que as implementavam, invertendo as ações, que seriam tão boas, em formas de oprimir e controlar o povo. Algo parecido com as pessoas hoje falando em implante de chips controladores ou alterações no DNA contidas nas vacinas.

“A vacinação contra a covid-19 em crianças teve um componente diferente e muito prejudicial: o ataque vindo do presidente da República e do ministro da Saúde, que influenciam grande parte da sociedade. Nunca vimos antes autoridades falarem para os pais não levarem os filhos para vacinar porque não havia segurança no imunizante. Essa desinformação, infelizmente, influencia no comportamento dos pais”, explica Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Ufes.

Os especialistas listam outras causas para a negligência com a vacinação infantil, além das fake news. “Doenças como rubéola, sarampo e polio foram erradicadas, e não são mais vistas, dificultando que as pessoas enxerguem o risco. Muitas vezes até profissionais da área de saúde deixam de fazer recomendações mais enfáticas sobre a importância de se imunizar”, explica o subsecretário de Estado de Vigilância Epidemiológica, Luiz Carlos Reblin.

Mas os profissionais de saúde deveriam ser mais enfático sim, porque os danos à saúde das crianças é real e grave. No caso da pólio, é evidente: a paralisia. Mas em outras doenças, os efeitos são invisíveis, mas igualmente devastadores. Em relação ao sarampo, por exemplo, quando a pessoa é infectada, o sistema imunológico, de uma hora para outra, esquece de todo resfriado, gripe, bactérias e vírus que enfrentou na vida. E de todas as vacinas recebidas também. Quando a infecção de sarampo acaba, o corpo praticamente reconfigura o sistema imunológico para seu modo original, como se nunca tivesse se deparado com nenhum micróbio, o que afeta de forma grave o sistema imunológico.

Para a doutora Ethel Maciel não há dúvidas: o risco do retorno de doenças já erradicadas é uma das consequências dos baixos índices de imunização. “A única doença oficialmente erradicada do planeta é a varíola. Nem a poliomielite está erradicada. Portanto, baixas coberturas vacinais pode, sim, trazer algumas destas doenças de volta”, explica.

Fora a questão ideológica e a falsa sensação de que as doenças já controladas nunca vão mais voltar, tem também um motivo mais prático: o horário de funcionamento dos postos de saúde. As salas de vacinação funcionam em horário comercial e nem sempre atendem às necessidades das famílias, cujo os pais trabalham fora. “Por isso a Sesa estuda reprogramar o horário de abertura de salas de vacina para pais que não conseguem levar os filhos no horário comercial”,, diz Reblin.

Para identificar os motivos de os pais não levarem os filhos para vacinar, a Sesa vai realizar pesquisas no Estado. “Precisamos conhecer o modo de pensar de quem não sente segurança nos imunizantes para traçar planos que permitam tirar dúvidas ou facilitar o acesso à aplicação das vacinas”, explica o secretário.


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