Dia a dia
Motoristas de aplicativo fazem carreata e pedem mudanças no repasse de ganhos
Coletivo que organizou a mobilização quer reajuste das tarifas do aplicativo, que retém mais da metade do valor obtido em corridas
Um grupo com cerca de 200 motoristas de aplicativos de toda a Grande Vitória fez uma carreata durante início da tarde desta segunda-feira (23), reivindicando mudanças no sistema de repasse dos ganhos pelo aplicativo de transporte Uber, que, segundo a categoria, sofreu mudanças nos últimos meses.
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A carreata saiu da Av. Adalberto Simão Nader, seguindo pela Fernando Ferrari e se concentrou na avenida Reta da Penha em Vitória, em frente ao escritório central da empresa no estado. A mobilização foi iniciativa do coletivo Mufes (Movimento Motoristas Fortes), organização independente de sindicatos e entidades formada por motoristas da região metropolitana da Grande Vitória.
Segundo o mobilizador Bruno Rodrigues, ligado ao coletivo e motorista por aplicativo há quase 2 anos, a categoria cobra o reajuste de tarifas e um melhor repasse de ganhos pelo serviço prestado à marca Uber. O motorista explica que hoje ele precisa trabalhar mais e ainda assim recebe menos, em comparação com períodos anteriores onde atuou pelo aplicativo.
“A gente tem visto um retorno baixo do valor que é gerado pelo nosso serviço. Cerca de 60% do valor vai para a Uber, o restante fica com o motorista. A empresa, que tem um custo de operação bem mais reduzido em comparação com os motoristas, acaba ficando com a maior parte do lucro. Mesmo em corridas com o preço dinâmico, onde o passageiro acaba pagando mais, esse valor não é repassado para o motorista.”
Bruno também reforçou que é preciso reajustar as tarifas exercidas pelo aplicativo. Para ele, é preciso haver um melhor repasse de ganhos por corrida, e a volta de um modificador justo de preços, sistema que gerencia o preço da corrida conforme a demanda de usuários.
Procurada pela reportagem, a Uber esclareceu em nota que “opera um sistema dinâmico e flexível que busca equilibrar as necessidades de motoristas parceiros à realidade dos usuários do aplicativo”.
PL 1.179/20
Em abril deste ano, o senador capixaba Fabiano Contarato apresentou ao senado o projeto de lei PL 1.179/20, que determinava, dentre outras coisas, que motoristas e entregadores de aplicativos sejam melhor remunerados durante a pandemia do coronavírus. Com isso, esses trabalhadores reduziriam o repasse às empresas em até 15%, mas o projeto foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro por inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público.
Para justificar o veto, a presidência da República argumentou que ao reduzir o repasse dos motoristas às empresas de serviços de aplicativo, bem como às empresas de serviço de entrega, violaria o princípio constitucional da livre iniciativa, bem como a livre concorrência do mercado.
