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Mensagens de Do Val comprovam tentativa de golpe, diz revista

O senador Marcos Do Val afirmou que foi convidado a participar de um plano para devolver a presidência a Bolsonaro após a derrota para Lula

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Marcos Do Val. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Após perder as eleições no ano passado, Jair Bolsonaro teria planejado com o senador Marcos do Val e o deputado Daniel Silveira impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em uma tentativa de golpe. Conforme informações obtidas pela revista Veja, o então senador teria revelado ao ministro Alexandre de Moraes que foi convidado por Silveira e Bolsonaro para participar de uma ação “imoral e até criminal”.

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Na madrugada desta quinta-feira, Do Val anunciou sua renúncia devido ao episódio, citando sua entrevista à Veja. Daniel Silveira foi preso pela Polícia Federal em uma ação não relacionada ao episódio mencionado pelo parlamentar. A PF agora solicitou autorização ao STF para interrogar o agora ex-senador.

De acordo com o senador, foi o deputado quem o chamou para uma conversa sobre um “assunto importante” com Jair Bolsonaro. A reunião foi descrita como “incomum” e os dois teriam combinado de usar códigos para se comunicarem. Silveira teria instruído o senador a chegar ao local sem ser visto, mandando sua localização e indicando onde ele deveria estacionar seu carro. Um carro de segurança do presidente os buscou e levou-os até o Alvorada, mas a entrada não foi registrada na portaria.

Do Val afirmou que foi convidado a participar de um plano para devolver a presidência a Bolsonaro após a derrota para Lula.

De acordo com Veja, por 40 minutos, o senador afirmou ter ouvido sobre uma ideia que poderia “salvar o Brasil”. Ele também relatou a publicação que o plano era gravar o ministro do STF e o presidente do TSE e capturar uma conversa que sugerisse uma suposta intervenção de Moraes durante a campanha eleitoral. Bolsonaro teria afirmado que o plano já estava acertado com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança presidencial e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Do Val afirmou ter os equipamentos necessários para espionar o ministro.

Sem responder, o senador teria pedido tempo para pensar e, no dia seguinte, teria recebido uma ligação de Silveira cobrando uma decisão. De acordo com o deputado, Do Val não precisaria se preocupar, pois a “missão” era segura e “nem o Flávio saberia”, referindo-se ao filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro. Marcos Do Val disse à revista que não respondeu. “Você não compreende a magnitude desta ação. Ela define literalmente o futuro de toda a nação”, teria dito Silveira, reforçando a importância de não compartilhar informações com ninguém: “Se aceitarmos a missão, salvamos o Brasil”.

Em sua reunião com Alexandre de Moraes, Do Val teria relatado os detalhes do encontro com o presidente e a proposta recebida. Em resposta, o ministro teria dito “Não acredito”. No mesmo dia, o senador teria recusado a participação com Daniel Silveira. O comportamento golpista de Bolsonaro contrasta com o discurso proferido a seus apoiadores antes da diplomacia do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 9 de dezembro do ano anterior pelo Tribunal Superior Eleitoral. Embora parecesse recluso, o ex-presidente estava ativamente inflamando seus seguidores e arquitetando um plano antidemocrático.

Os citados foram procurados pela revista Veja. Em resposta, o agora ex-deputado Daniel Silveira informou, por intermédio de seus advogados, que está impedido pela justiça de falar com jornalistas. Alexandre Moraes, também através de sua assessoria, disse que não iria comentar o caso. O senador Marcos do Val confirmou ter participado da reunião com o então presidente e admitiu ter ouvido os detalhes do plano, em que decidiu relatar a Alexandre de Moraes.