Dia a dia
Laudo revela causa da morte de bebê em clínica de Vila Velha
Declaração de óbito aponta broncoaspiração como causa da morte; pai acusa conduta médica e polícia investiga o caso

Miguel Nunes Costa Reis morreu durante uma consulta em Vila Velha. Foto: Reprodução
A morte de um bebê de 35 dias durante atendimento em uma clínica pediátrica no Centro de Vila Velha, na manhã da última segunda-feira (21), teve sua causa apontada como broncoaspiração de conteúdo gástrico. A informação consta na declaração de óbito, assinada por um médico do Samu. O caso é investigado pela Polícia Civil como possível negligência médica.
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A criança, Miguel Nunes Costa Reis, foi levada pelos pais ao consultório do médico Adoris Loureiro para uma consulta de rotina. Segundo o pai, o advogado Ronaldo dos Santos Costa, o bebê havia sido diagnosticado anteriormente com refluxo, e o profissional havia sido indicado como especialista no assunto.
Pai relata procedimento fora do padrão
No depoimento prestado à polícia, o pai afirmou que o bebê chorava no início da consulta, e o médico orientou que a mãe o amamentasse. Após o aleitamento, o médico iniciou a avaliação retirando a fralda e a roupa da criança. Ao perceber que o bebê havia evacuado, teria decidido dar um banho no consultório.
Ronaldo relatou que, em seguida, o médico “virou o bebê de cabeça para baixo” e disse: “Vou mostrar como se dá banho em criança”. Ele afirmou que o profissional colocou o recém-nascido sob a torneira com água fria, mesmo após a mamada. “Meu filho estava aos prantos. Quando o médico voltou da pia, já veio com ele roxo”, disse o pai em depoimento.
Ainda segundo o relato, ao notar a gravidade da situação, o pai abriu a porta do consultório e pediu ajuda. A atendente teria acionado o Samu, que demorou cerca de 20 a 25 minutos para chegar. A equipe médica constatou o óbito no local.
Médico nega versão da família
O médico Adoris Loureiro foi ouvido na 2ª Delegacia Regional de Vila Velha e liberado em seguida. Em nota, a defesa do profissional afirmou que ele negou ter colocado o bebê de cabeça para baixo e que esse procedimento jamais foi adotado. “Ele se colocou à disposição da polícia e forneceu todas as imagens do consultório, que estão com a investigação”, informou o advogado.
A defesa ainda sustentou que “a fatalidade surpreendeu o próprio médico” e que ele se afastou para atender outro paciente logo após a chegada do Samu, como prevê o protocolo.
Durante o depoimento, o médico declarou que a criança apresentava uma possível cardiopatia, embora esse dado ainda não tenha sido confirmado oficialmente.
CRM-ES e OAB acompanham investigações
O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) informou que pode abrir sindicância de ofício ou mediante denúncia formal. Se forem encontrados indícios de irregularidade, o caso pode resultar em Processo Ético Profissional, com trâmite sigiloso.
A Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), por sua vez, acompanha o caso de perto. Em nota, a presidente da entidade, Érica Neves, prestou solidariedade à família do bebê e garantiu apoio jurídico e emocional aos pais. “A dor deste pai advogado é a dor de todas as famílias da advocacia”, afirmou.
Imagens devem ser periciadas
As câmeras do consultório registraram todo o atendimento e o material já foi entregue às autoridades. As gravações serão periciadas para ajudar a esclarecer a sequência dos fatos. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar se houve negligência, imprudência ou imperícia na conduta médica.
