Dia a dia
Ginecologista indiciado por abuso de 15 mulheres no ES
O profissional, renomado em São Mateus, atuava na prefeitura da cidade e também em consultório particular

Superintendente de Polícia Regional Norte, delegado João Francisco Filho, delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda e titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de São Mateus, delegada Gabriela Zaché dos Santos. Foto: Polícia Civil/ Divulgação
Um ginecologista e obstetra de 46 anos foi indiciado pela Polícia Civil por ter abusado de ao menos 15 pacientes durante o exame ginecológico. Cinco delas estavam grávidas no momento do abuso e as vítimas têm entre 21 e 49 anos. O profissional, renomado em São Mateus segundo a polícia, atuava na prefeitura da cidade e também em consultório particular.
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A polícia começou a investigar o caso há um mês ao receber a primeira denúncia de uma paciente que foi encorajada pelo namorado a ir à delegacia após se sentir desconfortável com que o ocorreu durante a consulta. A partir daí, a delegacia da Mulher de São Mateus começou a investigar denúncias de outras pacientes e descobriu ainda que os crimes ocorriam desde 2019.
No início da semana, com a prisão preventiva do médico e sua divulgação, outras 12 vítimas foram até a delegacia relatar que também tinham sido abusadas pelo ginecologista.
De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, o médico foi indiciado pelo artigo 215 do Código Penal, que fala sobre crimes contra a dignidade sexual. “É um crime de violação sexual mediante fraude. Ele usa o fato do exame psicológico para praticar o crime, tanto é que muitas ficavam na dúvida se estavam ou não sendo abusadas. Já o estupro é toda relação não consentida. A diferença é que ele engana e envolve as pacientes numa fraude para que ela permita achando que é uma verdade”, explica Arruda.
Segundo a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de São Mateus, delegada Gabriela Zaché dos Santos, no caso das grávidas, muitas estava em acompanhamento pré-natal, inclusive uma delas em adiantado estado de gravidez. O relato é que o abuso ocorria no exame, depois que a assistente que normalmente acompanha o médico saía. Nesse momento, segundo os relatos, ele falava que tinha visto alguma coisa e que precisava analisar melhor e trancava a porta. A delegada relata que algumas mulheres falaram que tentaram sair e a porta estava fechada. E outras que percebiam o abuso no exame ameaçavam gritar e ele parava.
A pena para o crime é de dois a seis anos e pode ser acumulada a cada vítima. Por isso, o delegado-geral da PC destaca a importância de mais possíveis vítimas denunciarem. “Quanto mais vítimas maior será a pena. Isso é algo que nos causa perplexidade, não aceitamos e nem toleramos o comportamento de quem utiliza de sua profissão para tirar proveito de mulheres em estados de vulnerabilidade”, frisa.
À polícia, em depoimentos, ele afirmou ter feito exames nas pacientes. Depois da prisão e do surgimento de mais vítimas, ele permaneceu em silêncio, segundo relatou a delegada Gabriela.
