Dia a dia
Fumacê é eficaz no combate à dengue? Entenda os limites dessa medida
O Espírito Santo registrou 6.411 casos de dengue e 37.022 notificações até 18 de fevereiro, com uma morte confirmada
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Carro do fumacê em um bairro da Serra. Foto: Divulgação
Com a epidemia de dengue no Espírito Santo e o aumento de casos, o fumacê, tradicionalmente usado no combate ao mosquito Aedes aegypti, tem gerado discussões sobre sua real eficácia. Embora seja uma medida amplamente adotada, o Ministério da Saúde destaca que o fumacê tem um efeito limitado e não é a solução definitiva para o controle da doença.
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De acordo com o levantamento recente, o estado do Espírito Santo registrou 6.411 casos confirmados de dengue até o dia 18 de fevereiro de 2025, além de 37.022 notificações. O município da Serra lidera com 1.771 casos confirmados, seguido por Vitória, com 1.477. A taxa de incidência da doença no estado está em 621,94 por 100 mil habitantes. A confirmação de uma morte em Iconha, no sul do estado, também foi registrada, totalizando um óbito confirmado, além de outros 15 sob investigação.
Medida paliativa
O fumacê, aplicado a partir de um carro de nebulização, é uma estratégia usada para reduzir a proliferação do mosquito transmissor da dengue, mas a sua eficácia é questionada por especialistas. O produto aplicado é um inseticida que causa excitação no sistema nervoso dos mosquitos e leva à sua morte, mas o Ministério da Saúde alerta que o efeito é temporário. O fumacê tem uma duração de ação de cerca de 30 minutos e atinge apenas os mosquitos adultos que estão voando no momento da aplicação, ou seja, os criadouros do mosquito – que são os principais responsáveis pela proliferação – não são afetados.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, explicou que o fumacê é apenas uma medida adicional e paliativa. “Quando usamos o fumacê, quer dizer que a estratégia de prevenção não foi suficiente, porque estamos combatendo o mosquito adulto. O foco deve ser sempre a eliminação dos criadouros”, destacou. Ela reforçou que a ação efetiva contra a dengue deve ser a eliminação das águas paradas, onde os mosquitos se reproduzem.
Impacto limitado e necessidade de ações focais
Além disso, o fumacê depende de fatores climáticos para ser eficaz, o que limita ainda mais sua efetividade. A aplicação do inseticida é mais eficaz quando há condições favoráveis, como vento fraco e umidade controlada. No entanto, se não houver a eliminação dos criadouros dentro das casas e no entorno, o controle da proliferação do mosquito será comprometido.
O Ministério da Saúde destaca que, embora o fumacê seja recomendado em situações de surtos ou epidemias, ele deve ser usado em conjunto com outras estratégias, como o uso de larvicidas e a eliminação de focos de água parada. “É fundamental que os municípios adotem ações de controle que envolvam os moradores, com apoio dos agentes de combate a endemias, para eliminar os criadouros”, afirmou.
O que o fumacê realmente pode fazer?
A aplicação do fumacê pode ser útil para reduzir a quantidade de mosquitos adultos em uma área, mas não resolve o problema da proliferação. A estratégia é eficaz principalmente para bloquear a circulação de fêmeas adultas que possam estar transmitindo a doença. No entanto, os criadouros, como pneus, garrafas e outros recipientes que acumulam água, continuam sendo um risco, a menos que haja uma atuação direta para eliminá-los.
Diante da epidemia em curso, com o Espírito Santo já registrando mais de 25 mil casos notificados de dengue desde o final de 2023, a mensagem do Ministério da Saúde é clara: o controle eficaz da dengue depende, antes de tudo, da conscientização e do compromisso da população com a eliminação de criadouros e da adesão às medidas de prevenção dentro das residências.
Em tempos de epidemia, é fundamental que cada cidadão faça sua parte e ajude a combater a proliferação do mosquito transmissor da dengue, sem depender apenas de medidas paliativas como o fumacê.
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